Melhoria da renda do produtor é tema de debate promovido pelo Governo de Mato Grosso e Santander Brasil
“Como melhorar a renda do produtor rural em um país onde não há estabilidade econômica? Como ter lucratividade em um Brasil onde as dificuldades dos nossos parceiros comerciais, sejam bancos, sejam revendas, são enormes e os custos são repassados para o produtor rural?”. Os questionamentos foram feitos pelo 2º vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e presidente da Aprosoja Brasil Marcos da Rosa, que foi um dos palestrantes do seminário “A Força do Campo”, promovido quinta-feira (25/05), em Cuiabá, em uma parceria entre o Governo de Mato Grosso e o Santander Brasil.
Marcos da Rosa abriu o painel “A Evolução da Lavoura – Como potencializar as cadeias de grãos e fibras?” e falou sobre os gargalos enfrentados pelos produtores brasileiros e mato-grossenses para produzir de forma sustentável e melhorar a rentabilidade no campo. O debate contou com a participação do pesquisador da Embrapa Soja, Décio Gazzoni, do diretor financeiro do Grupo Scheffer, Guilherme Scheffer, e teve a mediação do sócio-analista da Agroconsult, Marco Rubin.
Em sua apresentação, Marcos da Rosa disse que a delação do Grupo JBS revelada na semana passada trouxe grande instabilidade no mercado cambial do dólar em relação ao real. “No mercado da soja, por exemplo, os contratos de julho de 2017 estão em forte queda. Mas na madrugada dos acontecimentos, os contratos de julho chegaram a aumentar cinco vezes em relação à movimentação normal do mercado. Isto aconteceu porque os operadores acreditavam que o dólar iria se valorizar fortemente perante o real depois da divulgação dos áudios da JBS. Para compensar a perda de competitividade, baixaram o preço da soja na Bolsa de Chicago e reduziram os ganhos dos produtores de grãos brasileiros”, exemplificou o líder.
Durante o debate, ele ressaltou também a importância da aprovação da Medida Provisória do Funrural e disse que, se houver uma cobrança imediata, haverá muita inadimplência, o que pode dificultar o acesso ao crédito ao produtor e influenciar negativamente o desempenho do agronegócio na próxima safra.
O dirigente ainda lembrou que em Mato Grosso os produtores continuam enfrentando sérios problemas com o escoamento dos produtos agropecuários. “A maior parte da nossa produção é escoada pela BR-163, uma rodovia que começou a ser duplicada, mas que está com as obras paradas, por contas dos problemas da Odebrecht. Com tudo isso, o nosso custo de produção está quase no mesmo patamar que a nossa renda”, salientou.
Apesar de todos esses problemas, Da Rosa ressaltou a eficiência do produtor aliada à pesquisa e tecnologia. “Nós usamos a metade da área necessária para ter nossa produção, poupamos milhares de hectares. Dos 9% do território destinados ao plantio de grãos, nós utilizamos apenas 3,5% para produzir soja no país. Como a demanda por alimentos tende a aumentar, podemos facilmente dobrar nossa produção”, destacou.
Marcos da Rosa fez um apelo para que instituições financeiras parem de repassar ao setor produtivo e aos consumidores seus custos operacionais com recuperações judiciais e processos trabalhistas. Segundo ele, é preciso que bancos, revendedores, fornecedores e outros elos que fazem parte do setor sejam verdadeiros parceiros do produtor, buscando, juntos, uma melhor produtividade com menores custos e juros mais baixos.
“Nós sabemos produzir e estamos prontos. Por isso precisamos, a partir de agora, ser vistos como companheiros pelos nossos parceiros comerciais. Se todos formos parceiros, baixando os custos para toda a cadeia, em pouco tempo dobraremos nossa produção de alimentos e todos saem ganhando”, finalizou.
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