Aprosoja Brasil e Abrass querem qualificar sementes para aumentar rentabilidade ao produtor
A qualidade das sementes que chegam às mãos dos sojicultores reflete diretamente na produtividade no campo. Pensando em melhorar o grau de eficiência das lavouras e os ganhos na rentabilidade dos agricultores e sementeiros, a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) e a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass) vão desenvolver de forma conjunta uma série de medidas para identificar as cultivares quanto à sua qualidade e garantir maiores ganhos a ambos os setores. O tema foi discutido por representantes das duas entidades nesta quinta-feira (30/3), em Brasília.
Uma das propostas é fazer uma análise preliminar da qualidade das sementes que chegam às propriedades e identificar as condições em que elas foram produzidas e transportadas. As entidades querem combater também a atuação dos atravessadores, que revendem no mercado cultivares de baixa qualidade e até fazem negociações sem o conhecimento dos multiplicadores, prejudicando a imagem do setor e causando danos financeiros e fitossanitários também aos produtores.
O presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, diz que é grande o número de reclamações de produtores com relação a sementes devido à baixa germinação e vigor. Segundo ele, se o produto usado no solo é razoável ou de má qualidade, a produtividade será menor, mesmo que o produtor utilize todas as tecnologias necessárias da produção.
“Queremos saber por que sementes que não têm um vigor adequado acabam chegando às propriedades. Isto fere a imagem dos produtores de sementes. E é isso que nós não queremos. Queremos começar a mostrar quem trabalha com ética e sem ética. Vamos fazer as análises das sementes entregues na próxima safra para que tenhamos um diagnóstico técnico e isento da qualidade dos produtos entregues pelo mercado e, assim, nós avançarmos”, afirma.
Marcos da Rosa defende uma aproximação entre produtores de soja e os sementeiros para solução dos principais gargalos. “Queremos daqui para frente estar juntos com os produtores de sementes resolvendo todos os gargalos que tivemos no passado, para que tenhamos um alinhamento de qual qualidade de semente esperamos serem ofertadas aos produtores”, pondera.
Apesar de reconhecer parte das reclamações dos sojicultores, o presidente da Abrass, Marco Alexandre, destaca que há muitas sementeiras que não têm problemas com a qualidade das sementes. Ele lamenta que grande parte das sementes que acabam sobrando no mercado são as de boa ou ótima qualidade. “As mais baratas são justamente as de má qualidade e que são vendidas primeiro. Às vezes não conseguimos entender como uma sementeira descarta para grão um produto não comercializado acima de 90% de vigor”, observa.
Segundo o presidente da Abrass, a ideia é fazer uma aproximação com os produtores de soja, de modo a aprimorar informações sobre a produção das sementes e atender melhor ao setor, não somente com relação à qualidade, mas tendo em vista o aprimoramento de outros itens do processo de comercialização, como a tecnologia utilizada, o carregamento, a expedição, o bom posicionamento da propriedade e o pós-venda. “Qualidade é um dos fatores. A maioria dos sementeiros tem qualidade boa. Essa qualidade tem de ser valorizada pelo produtor”, finaliza Marco Alexandre.
Outro tema abordado na reunião e acordado entre as duas entidades será trabalhar a utilização de um contrato de venda antecipada de sementes de soja. Este contrato visa a garantia de segurança para compradores e sementeiros dentro do teto de uma comercialização de sementes. Essa medida vai permitir que o produtor de semente efetive essa negociação antecipada e o produtor rural receba a cultivar negociada. Segundo a Abrass, é recorrente a prática de cancelamento dos pedidos antes da entrega, o que tem causado prejuízos aos fornecedores.
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