Sinochem pode vender fatia de 40% no campo de Peregrino, em Campos, dizem fontes
Por Anshuman Daga e Nidhi Verma e Chen Aizhu
SINGAPURA/NOVA DÉLHI/PEQUIM (Reuters) - A petroleira chinesa Sinochem estuda a venda de sua fatia de 40 por cento no campo brasileiro de Peregrino, na Bacia de Campos, afirmaram à Reuters quatro fontes com conhecimento do assunto, em um negócio no qual o conglomerado estatal poderia deixar um ativo que já foi considerado chave no passado devido aos baixos preços do petróleo.
A empresa de petróleo e produtos químicos fechou a compra de sua atual participação junto à norueguesa Statoil por 3,07 bilhões de dólares em 2010 --vencendo uma série de rivais chinesas em busca de ativos de alta qualidade. A Statoil detém os outros 60 por cento de Peregrino, que é o maior campo de petróleo pesado operado pela companhia fora da Noruega.
Duas das fontes com conhecimento do assunto disseram que a Sinochem está se movendo para vender a maior participação em óleo e gás que detém no exterior --com capacidade para produzir 100 mil barris por dia --em meio a uma revisão de seus ativos para refletir a queda dos preços do petróleo nos últimos dois anos e meio.
Com isso em mente, disse uma das fontes, a Sinochem está lançando o processo de venda com um grande desconto em relação ao preço pago pela companhia na compra do ativo.
"Peregrino tem sido uma história de sucesso para a Statoil, não apenas tecnicamente, mas também financeiramente. O ativo oferece muito valor e tem um bom operador com a Statoil", disse Horacio Cuenca, diretor de pesquisa de upstream para a América Latina na consultoria de energia Wood Mackenzie.
As expectativas de longo prazo para os preços do petróleo e os investimentos necessários nos próximos dois a três anos para desenvolver a segunda fase de produção de Peregrino determinarão o valor de qualquer possível venda de participação no ativo, afirmou Cuenca.
O processo para vender a participação brasileira ainda está em fase inicial e uma decisão final dependerá de como as negociações progridem, disseram as fontes familiarizadas com o assunto. As fontes falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizadas a discutir o tema publicamente.
A Statoil preferiu não comentar.
Em uma resposta por e-mail, a assessoria de imprensa da Sinochem disse que a companhia "tem monitorado uma grande quantidade de oportunidades de negócios no mercado e está pronta para reajustar e otimizar sua estrutura de ativos no momento certo". A Sinochem acrescentou, no entanto, que não faz comentários sobre projetos específicos.
Duas fontes disseram que a intenção da Sinochem de vender a participação foi compartilhada com a indiana Oil & Natural Gas Corporation. A ONGC não respondeu a pedidos de comentário.
Uma fonte disse que a fatia também deve ser oferecida a outros compradores internacionais, incluindo algumas empresas japonesas e a Kuwait Foreign Petroleum Exploration Company, que comprou a participação da anglo-holandesa Shell no campo de gás tailandês Bongkot por 900 milhões dólares no mês passado.
SINOCHEM - GESTORA DE ATIVOS?
A possível venda da participação no campo de Peregrino-- localizado a 85 km da costa brasileira-- ocorre em um momento em que os preços do petróleo rondam os 50 dólares por barril, bem abaixo das máximas de anos recentes. Essa tendência também levou outros competidores da indústria a considerar a venda de ativos antes valorizados.
"A Sinochem está reajustando sua estrutura de ativos em energia", disse um veterano da indústria de Pequim familiarizado com a estratégia da empresa. "Como uma produtora de petróleo de médio a pequeno porte, a exposição a ativos de custo mais elevado, como em águas profundas, tornou-se excessivamente desafiadora".
"A empresa se vê mais como uma gestora de ativos. Isso se tornou mais claro sob a nova administração", disse o executivo da indústria, referindo-se ao presidente do conselho da Sinochem, Ning Gaoning, que assumiu o cargo no ano passado.
A potencial venda da participação em Peregrino vem também antes da segunda fase do desenvolvimento do projeto, que deve demandar aproximadamente 3,5 bilhões de dólares, com a produção dessa nova fase prevista para o fim da década.
A segunda fase deve agregar cerca de 250 milhões de barris de reservas recuperáveis a Peregrino, que atualmente contém uma reserva estimada entre 300 milhões e 600 milhões de barris de óleo recuperável.
(Reportagem de Anshuman Daga em Cingapura, Nidhi Verma em Nova Deli e Chen Aizhu em Pequim; reportagem adicional de Dmitry Zhdannikov em Londres e Gwladys Fouché em Oslo)
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