Pesquisa da UFRGS aponta que produtor de tabaco tem renda bem acima da média brasileira

Publicado em 29/11/2016 11:07
O bom padrão socioeconômico dos produtores de tabaco ficou evidenciado no estudo. Enquanto 80,4% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes A e B, a média geral brasileira não chega a 22%.

Novembro 2016 - A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por meio do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração, conduziu um recente estudo com objetivo de investigar o Perfil Socioeconômico do Produtor de Tabaco da Região Sul do Brasil. Encomendada pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), a pesquisa foi realizada entre 29 de agosto e 16 de setembro de 2016, em 15 das 21 microregiões produtoras de tabaco que compõem a Região Sul do Brasil - o que corresponde a 94,3%  do total produzido na região. Os resultados foram apresentados nesta terça-feira, 29 de novembro, em Porto Alegre, durante coletiva de imprensa.

Coordenada pelo Prof. Luiz Antonio Slongo, a pesquisa contou com o apoio da pesquisadora Lourdes Odete dos Santos e do doutorando Rafael Laitano Lionello. A coleta de dados foi feita com base em entrevistas pessoais, realizadas na residência dos produtores que constituíram a amostra. A população considerada para o estudo foi composta por 91.330 produtores de tabaco da Região Sul e, para efeitos de amostra, considerou-se um total de 1.145 casos, com erro amostral máximo de 2,9%. A equipe de entrevistadores foi composta por profissionais do CEPA/UFRGS e por entrevistadores recrutados nas próprias regiões de abrangência de pesquisa, todos devidamente treinados. 

O critério utilizado para estratificar a população de produtores de tabaco da Região Sul do Brasil seguiu o que recomendam Kamakura & Mazzon (2013). "Este critério é o mais completo, atualizado e fidedigno atualmente disponível no País", ressalta Slongo. Segundo ele, os resultados da pesquisa apontam para uma boa condição socioeconômica dos produtores de tabaco da região sul do Brasil. 

"Verificamos um bom acesso a itens relacionados às condições de conforto, higiene e saúde, respaldado por um bom nível de renda. Os produtores de tabaco têm bom acesso às informações e também a condições satisfatórias para atualização e desenvolvimento da sua atividade. Eles também fazem uma boa avaliação de suas próprias condições de vida, ou seja, em geral mostram-se satisfeitos e realizados. Mas o que realmente impressiona é que as rendas familiar e per capita dos produtores de tabaco são superiores às médias nacionais e o nível socioeconômico, que constituía o foco central deste trabalho, se mostrou muito acima ao do brasileiro", avalia o coordenador. 

A pesquisa também considerou a autoavaliação feita pelos produtores. "O que vimos é que os produtores de tabaco da região expressam, de maneira geral, sentimentos de realização e de satisfação, que nada tem a ver com a falsa imagem de sofrimento, ou de abandono, que muitas vezes se quer a eles incutir", conclui Slongo.

Segundo o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, os resultados comprovam a importância econômica e social do tabaco no meio rural. "A cadeia produtiva do tabaco sistematicamente tem sido alvo de inverdades nos mais diversos fóruns. Neste contexto, mitos são atribuídos aos produtores de tabaco: o produtor ganha pouco; não tem qualidade de vida; não tem acesso à tecnologia; só tem renda com tabaco; não recebe orientação, etc. Encomendamos a pesquisa com uma instituição idônea e reconhecida para que pudéssemos combater tais mitos com fatos. Os resultados não surpreenderão quem conhece o setor do tabaco, mas eles vão impressionar quem ainda recebe informações de fontes antitabagistas", afirma Schünke.

SAIBA MAIS
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Multimídia: doutorando da UFRGS avalia a pesquisa

Renda familiar
• Considerando-se todas as fontes de renda, os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil atingem uma renda mensal total média de R$ 6.608,70;
• A renda per capita mensal média na população de produtores de tabaco da Região Sul é de R$ 1.926,73, enquanto a renda per capita no Brasil é de R$ 1.113,00 (IBGE, 2015);
• 62% dos produtores de tabaco dispõem de outras rendas, além daquela proveniente do cultivo do tabaco;
• Essas outras rendas provêm do cultivo de outros produtos agrícolas (quase 50% dos produtores) e de outras fontes de renda (quase 39% dos produtores);
• As outras fontes de renda, não relacionadas à atividade agrícola, são principalmente: aposentadorias, empregos fixos ou temporários, atividades autônomas, aluguéis, arrendamentos, ou rendimentos de aplicações financeiras.

Nível socioeconômico dos produtores de tabaco
• Os produtores de tabaco da Região Sul do Brasil enquadram-se, principalmente, nos estratos "A", "B1" e "B2";
• O percentual de produtores de tabaco no estrato "A" é de 6%, o que equivale ao dobro do que é verificado em termos gerais no Brasil. Apenas 2,8% da população brasileira enquadram-se neste estrato;
• Comportamento semelhante é verificado no estrato "B1". Enquanto no Brasil o contingente de pessoas enquadradas neste estrato é de 3,6%, junto aos produtores de tabaco esse contingente é de 7,1%;
• A grande parcela dos produtores de tabaco enquadra-se no estrato "B2", com 67,3%. Este percentual corresponde a mais de quatro vezes o que se verifica em termos nacionais, onde, neste estrato, enquadram-se somente 15,1%;
• O bom padrão socioeconômico dos produtores de tabaco é também ratificado ao se analisar o outro extremo da escala, ou seja, o que corresponde aos níveis mais baixos. Enquanto no Brasil os estratos "C1", "C2", "C3" e "D", abrangem 80% da população, junto aos produtores de tabaco esses mesmos estratos correspondem a apenas 19,6%.

Pesquisa da UFRGS aponta que produtor de tabaco tem renda bem acima da média brasileira

Quanto às condições dos domicílios
• Quase 65% têm a alvenaria como material predominante na construção;
• Quase 90% têm três ou mais dormitórios;
• Todos os domicílios têm acesso à energia elétrica, via rede geral de distribuição;
• Quase 99% têm água aquecida, pelo menos para banho, utilizando, para tanto, a energia elétrica.

Quanto à posse de bens
• Quase 89% dos produtores de tabaco têm automóvel, sendo que cerca de 61% têm motocicleta;
• 85% dos produtores possuem trator ou micro-trator;
• Quase 10% dos produtores de tabaco têm outro imóvel, além daquele utilizado para morar;
• Mais de 96% dos domicílios têm máquina de lavar roupa e 65% secadora de roupa;
• 84% têm forno elétrico e 51% têm forno de micro-ondas;
• 47% dos domicílios têm aspirador de pó;
• Quase 21% têm ar-condicionado e 75% ventilador.

Aspectos relacionados a meios de comunicação e entretenimento
• Praticamente 100% têm televisor a cores;
• 94,3% têm telefone celular e 14,8% têm telefone fixo residencial;
• 85,5% dos domicílios têm antena parabólica;
• Quase 66% têm aparelho de DVD;
• Quase metade dos domicílios (48,9%) dispõe de computador;
• 47,5% têm acesso à internet, sendo que 44% no próprio domicílio.

Preparo do produtor de tabaco
• Quase 45% dos produtores de tabaco da Região Sul têm mais de 8 anos de estudo, o que corresponde ao  primeiro grau completo, ou mais; dentre esses, 14% têm mais de 11 anos de estudo, o que corresponde ao segundo grau completo e até cursos superiores, completos ou incompletos;
• 85% deles já fizeram cursos sobre manuseio seguro de agrotóxicos;
• 45% já fizeram cursos de manejo correto do solo;
• Quase 50% já fizeram algum curso sobre organização ou gestão de propriedades rurais;
• Quase 98% se dizem bem informados sobre as técnicas de colheita segura do tabaco; 
• 98% desses produtores recebem assistência técnica de empresas.

MUNICÍPIOS ABRANGIDOS NAS ENTREVISTAS

Rio Grande do Sul: Arroio do Tigre, Boqueirão do Leão, Camaquã, Canguçu, Chuvisca, Crissiumal, Ibarama, Nova Palma, Pinhal Grande, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, São Lourenço do Sul, Três Passos e Venâncio Aires.

Santa Catarina: Caibi, Grão Pará, Içara, Monte Castelo, Orleans, Palmitos, Rio do Campo, Riqueza, Santa Terezinha, Sombrio, Urussanga e Vitor Meireles.

Paraná: Agudos do Sul, Capanema, Irati, Mallet, Piên, Quitandinha, Rebouças, Rio Azul, Rio Negro, São Mateus do Sul, São Miguel do Iguaçu e Serranópolis do Iguaçu.


Iro Schünke, presidente do SindiTabaco, e o professor e pesquisador Luiz Antonio Slongo.

Tabaco garante boa qualidade de vida no campo, aponta pesquisa da UFRGS. (Divulgação)

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Fonte:
Sinditabaco

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