Setor de máquinas e equipamentos vai reforçar pedido ao governo por repactuação de dívidas
SÃO PAULO (Reuters) - Os fabricantes de máquinas e equipamentos do Brasil devem iniciar a partir do próximo mês nova rodada de peregrinação entre membros do governo federal sobre um pedido de repactuação de dívidas que permita o setor responsável por cerca 5 por cento do PIB da indústria do país voltar crescer.
As empresas fabricantes de equipamentos e máquinas devem ter em 2016 a maior queda de faturamento dos últimos quatro anos e vislumbra para 2017 um cenário de recuperação muito lenta, que pode acabar despencando para uma nova queda a depender do ritmo da economia e do programa de concessões e privativações do governo federal.
"Ou se dá tempo ao tempo e demoraremos cinco anos para recuperar a indústria (em geral do país) ou podemos fazer um Proer para a indústria para acelerar a desalavancagem das empresas. Por que houve isso para o setor financeiro e não para a indústria", disse o diretor de competitividade da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini, em entrevista a jornalistas.
Ele fez referência a pesquisa recente da entidade junto às 7.500 empresas filiadas que afirma que 50 por cento delas não possuem certidão negativa de débitos e 20 por cento estão com algum problema junto à Receita Federal.
O Proer foi um programa criado em meados da década de 1990 pelo governo federal como um mecanismo para permitir o saneamento do sistema financeiro nacional após a quebra do Banco Econômico.
"As multas e os juros atuais inviabilizam as empresas (...) Tem que haver uma nova repactuação para que as empresas possam voltar a se tornar solventes", disse o presidente do conselho de administração da Abimaq, João Marquesan.
Desde um pico atingido em 2013, a indústria de máquinas e equipamentos acumula 74.100 demissões, encerrando agosto com 306,2 mil pessoas ocupadas e um nível de ociosidade de capacidade instalada de 33,5 por cento. Em 2013, a ociosidade era de 24,9 por cento.
Em agosto, os fabricantes de máquinas e equipamentos do país, registraram queda de 17,4 por cento no faturamento sobre um ano antes, a 5,7 bilhões de reais. No acumulado dos oito primeiros meses, as vendas somam 45 bilhões de reais, queda de 27,3 por cento sobre o mesmo período de 2015.
Segundo Bernardini, a expectativa da Abimaq para o faturamento em todo 2016 é de baixa de cerca de 20 por cento. A entidade chegou a trabalhar no início do ano com uma expectativa de queda de um dígito nas vendas este ano, quando a cotação do dólar estava mais próxima de 4 reais.
Para 2017, o diretor afirmou que pode haver um crescimento de 2 por cento.
"A recuperação vai ser muito lenta, muito modesta (...) toda a indústria precisa antes crescer para reduzir sua capacidade ociosa antes de pensar em voltar a investir e comprar máquinas conosco", disse Bernardini.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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