No melhor resultado comercial de julho em dez anos, 15 produtos do agronegócio respondem por 40% das exportações totais
Brasília (03/08/2016) – Dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MICS) mostram que o saldo comercial de julho passado foi o maior para esse mês desde 2006. O superávit de US$ 4,58 bilhões superou o de julho de 2015 em US$ 2,19 bilhões, representando um crescimento de 91,8%. Desde o início da série histórica, em 1997, esse é o terceiro maior superávit para o mês, sendo inferior apenas aos saldos comerciais de 2005 (US$ 5,0 bilhões) e de 2006 (US$ 5,7 bilhões).
Esse superávit esconde, todavia, reduções de 11,9% nos valores de exportação e de 27,2% nos valores de importação, em relação a julho de 2015. No total, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 16,33 bilhões no último mês, enquanto as importações atingiram US$ 11,75 bilhões – o menor valor desde 2009. Essas reduções ocorreram por conta da queda no comércio tanto de produtos industriais quanto do agronegócio.
Os 15 produtos do agronegócio brasileiro mais exportados atingiram US$ 6,5 bilhões em vendas no último mês, 39,9% do total, revela a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Esse número foi 15,1% inferior ao do mesmo período de 2015. Entre as principais mercadorias do setor, cresceram as exportações de açúcar refinado (52,7%, atingindo US$ 200 milhões), açúcar em bruto (44,6%, ou US$ 863 milhões), fumo em folhas (7,3%, US$ 192 milhões), etanol (5%, US$ 105 milhões) e madeira serrada (4,9%, US$ 43 milhões). Por outro lado, as importações de alimentos e bebidas destinados à indústria e ao consumo cresceram 11,1% entre julho de 2015 e julho de 2016, mas seu valor total foi de apenas US$ 851 milhões no mês passado.
A redução nas exportações do agronegócio não significa, todavia, que o setor esteja perdendo sua vocação exportadora. No acumulado do ano (janeiro a julho), as vendas externas dos quinze principais produtos do agronegócio atingiram US$ 43,2 bilhões, 2,7% superiores às do mesmo período de 2015. Das 15 principais cadeias, oito apresentaram crescimento nas exportações e sete apresentaram retração. Dentre os setores cujas vendas retraíram, destacam-se os de café em grão e couros e peles. No caso do café em grãos, essa redução é motivada pela redução na produção de 2016. Já o setor de couros e peles ampliou a quantidade de material embarcado para o exterior, mesmo com diminuição no valor exportado. Este desempenho pode ser justificado por três fatores: variação na produção interna, fatores conjunturais e, ainda, a alteração no período de vendas de certos produtos.
A soja em grãos é um bom exemplo desse último processo. Principal produto da pauta exportadora brasileira, suas vendas externas atingiram US$ 2,43 bilhões em julho de 2016, uma queda de 24,8% em relação às exportações de julho do ano passado. Apesar disso, no acumulado do ano, produtores brasileiros de soja já arrecadaram US$ 16,32 bilhões com as vendas do produto a clientes estrangeiros, 3,5% a mais que nos primeiros sete meses de 2015. Essa situação ocorre porque, entre outubro e dezembro de 2015, um crescimento nos valores internos do produto ampliou seus contratos futuros e, assim, levou a uma antecipação nas vendas dacommodity neste ano.
No gráfico abaixo, é possível notar que as exportações dos 15 principais produtos do agronegócio estiveram superiores aos do ano passado, principalmente nos meses de março, abril, maio e junho. Ainda que essa diferença tenha se reduzido em julho, as exportações do top 15 se mantêm superiores às de 2015.
Exportações acumuladas – 2015 e 2016
Fonte: SECEX/MICS │ Elaboração: SRI/CNA
Dessa forma, apesar de uma queda nas exportações mensais, as vendas externas do agronegócio brasileiro seguem crescendo no acumulado do ano. Essa situação se deve, principalmente, à antecipação na venda de produtos importantes para o setor, como no caso da soja em grãos. De todo modo, o agronegócio segue com a principal parcela das exportações brasileiras, gerando desenvolvimento para o país e emprego a milhões de brasileiros mesmo em tempos de crise.
EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO |
||||||
PRODUTO |
2016 (US$ milhões) |
2015 (US$ milhões) |
Variação (%) |
|||
ACUMULADO |
JULHO |
ACUMULADO |
JULHO |
ACUMULADO |
JULHO |
|
Soja em grãos |
16.316,00 |
2.425,00 |
15.762,00 |
3.224,00 |
3,51 |
-24,78 |
Açúcar em bruto |
4.012,00 |
863,00 |
3.239,00 |
597,00 |
23,87 |
44,56 |
Farelo de soja |
3.413,00 |
557,00 |
3.614,00 |
639,00 |
-5,56 |
-12,83 |
Carne de frango |
3.467,00 |
511,00 |
3.652,00 |
685,00 |
-5,07 |
-25,40 |
Celulose |
3.197,00 |
452,00 |
3.113,00 |
546,00 |
2,70 |
-17,22 |
Carne bovina |
2.542,00 |
325,00 |
2.504,00 |
417,00 |
1,52 |
-22,06 |
Café em grão |
2.381,00 |
271,00 |
3.261,00 |
406,00 |
-26,99 |
-33,25 |
Açúcar refinado |
979,00 |
200,00 |
1.038,00 |
131,00 |
-5,68 |
52,67 |
Fumo em Folhas |
996,00 |
192,00 |
1.096,00 |
179,00 |
-9,12 |
7,26 |
Milho em grão |
2.215,00 |
184,00 |
1.213,00 |
218,00 |
82,61 |
-15,60 |
Couros e peles |
1.202,00 |
159,00 |
1.422,00 |
184,00 |
-15,47 |
-13,59 |
Carne suína |
685,00 |
112,00 |
648,00 |
149,00 |
5,71 |
-24,83 |
Etanol |
625,00 |
105,00 |
394,00 |
100,00 |
58,63 |
5,00 |
Suco de laranja não-congelado |
677,00 |
103,00 |
604,00 |
127,00 |
12,09 |
-18,90 |
Óleo de soja em bruto |
486,00 |
52,00 |
514,00 |
65,00 |
-5,45 |
-20,00 |
TOP 15 AGRO |
43.193,00 |
6.511,00 |
42.074,00 |
7.667,00 |
2,66 |
-15,08 |
TOTAL BRASIL |
106.583,00 |
16.331,00 |
112.862,00 |
18.533,00 |
-5,56 |
-11,88 |
Fonte: SECEX/MICS │ Elaboração: SRI/CNA |
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