Integrantes do MST que invadiram fazenda em Ribeirão Preto podem retomar possa das terras caso projeto de lei seja aprovado

Publicado em 18/07/2016 17:40
De acordo com pesquisadores científicos do Polo Regional Centro-Leste, integrantes se apossaram da sede da unidade, laboratórios, alojamentos, oficinas e bloquearam as entradas da fazenda durante sete horas no sábado. Liminar expedida no próprio sábado garantiu a reintegração de posse. MST afirma que voltará a ocupar as fazendas caso o Governo Alckmin (PSDB) insista na alienação das terras.

Os mais de mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que invadiram a fazenda da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) em Ribeirão Preto (SP) no último sábado, foram retirados da propriedade 7 horas depois da ocupação, depois que uma liminar foi expedida pela Procuradoria. Segundo pesquisadores científicos que estavam no local, líderes do MST afirmaram que as ocupações deverão voltar a acontecer caso o Governo Estadual insista em aprovar o projeto de lei 328/2016, que pretende alienar 79 imóveis do Estado de São Paulo, dos quais 16 estão sob a responsabilidade da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e são utilizados para fins da pesquisa científica. Não houve confrontos.

Segundo o projeto de lei 328/2016, que está no momento suspenso por liminar expedida pelo Tribunal de Justiça no mês de junho, devem ser vendidas para a iniciativa privada fazendas inteiras - ou parte delas - que alojam diversas linhas de pesquisa. Com a premissa de que os imóveis citados foram avaliados pelo Secretário da Agricultura, Saulo de Castro Abreu Filho, como "inservíveis ou de pouca serventia", o Governo tenta barrar a liminar e retomar o PL em caráter de urgência. Ainda segundo líderes do MST que estiveram em Ribeirão Preto neste sábado, caso o PL seja aprovado, o movimento se intensificará e as propriedades deverão ser tomadas para a Reforma Agrária.

De acordo com a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, a decisão para aprovação do PL não teve consentimento da comunidade científica e o texto não deixa claro que, caso sejam vendidos, o valor referente aos imóveis deve retornar como investimento em pesquisas. 

Relembre o caso das "vacas roubadas" nesta mesma fazenda de Ribeirão Preto, que foram transferidas para Nova Odessa.

Em março deste ano, um caso incomum ganhou a atenção da imprensa e se tornou motivo de grande preocupação por parte dos pesquisadores científicos. Vacas usadas em estudos científicos do Polo Regional Centro Leste, em Ribeirão Preto, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) começaram a ser transferidas da fazenda experimental do Estado de São Paulo, em Ribeirão Preto (SP), para uma estação em Nova Odessa (SP). Na época, a Apta justificou o remanejamento dos animais como uma medida emergencial para barrar uma série de furtos registrados no local nos últimos três anos. "Estas terras que eram ocupadas pela comunidade científica para a realização de importantes estudos, como o do chamado "leite vitaminado", enriquecido com vitaminas que podem aumentar a resistência das pessoas e prevenir contra doenças, agora é colocada a venda.Sem a ferramenta de trabalho alguns, pesquisadores pediram a  transferência para outras unidades, outros aguardavam uma promessa de continuar na unidade, com a permanência do uso de laboratórios, agora isso não será mais possível  ", esclarece o presidente da APqC. "Na época, já havia  desconfianças que haviam outros interesses na transferência dos animais. Hoje, isto ficou claro. Quem perde não somos somente nós, pesquisadores, mas todo o País que depende de nosso trabalho para progredir nas áreas da Agricultura, Meio Ambiente e da Saúde ", explica o presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Joaquim Adelino Azevedo Filho.

 

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Fonte:
APqC

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