Produtores de ração sentem impacto de custos maiores do milho e revisam previsões
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A demanda por ração animal no segundo trimestre deverá registrar queda na comparação com os primeiros meses do ano, com a indústria de aves e suínos do Brasil sofrendo as consequências de uma alta nos custos de matérias-primas como milho e farelo de soja, afirmou nesta terça-feira um dirigente do Sindirações.
Dessa forma, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal está revendo sua expectativa inicial de crescimento de cerca de 3 por cento na produção de ração e sal mineral em 2016.
"Se finalizar o ano estável, já será motivo de celebração", afirmou o vice-presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani, em entrevista à Reuters nesta terça-feira.
No ano passado, o Brasil produziu 68,7 milhões de toneladas de ração e sal mineral.
Afetada por problemas climáticos no país, a safra de milho, principal insumo da ração, foi reduzida fortemente, elevando os preços para patamares recordes. Enquanto a produção de soja também sofreu alguns efeitos do tempo seco.
"Além da crise de custos, tem a crise de oferta (de matéria-prima)... No segundo trimestre, a expectativa é de que a produção de frangos tenha caído", disse Zani, justificando a expectativa de uma demanda menor neste trimestre.
A produção de frangos e suínos consome cerca de 80 por cento da produção brasileira de ração.
No segundo trimestre, os preços das matérias-primas subiram fortemente no Brasil --os do milho mais que dobraram em relação a maio do ano passado--, segundo dados do Sindirações, levando indústrias de carnes a cortarem turnos de trabalho ou reduzirem as criações, abatendo matrizes.
A queda ocorreu após a indústria de carnes ter operado com forte produção no primeiro trimestre, acreditando que o custo do milho poderia cair com a expectativa de uma grande safra, que se frustrou, e com esperança de melhores preços pagos pelos seus produtos.
Dessa forma, lembrou Zani, a demanda por ração curiosamente deve ter subido no primeiro trimestre --ele não dispõe de dados consolidados--, o que significa dizer que a produção, no semestre, pode ter ficado praticamente estável, diante do recuo na produção no segundo trimestre.
(Edição de Marta Nogueira)
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