Archer Consulting - Café: Dólar fraco atrai compras; Açúcar: Em trinta dias, 30% de alta

Publicado em 21/03/2016 09:24

 

Mercado de café:

DÓLAR FRACO ATRAI COMPRA DE COMMODITIES

O Banco Central Americano divulgou em seu comunicado que os juros devem sofrer no máximo dois incrementos durante o ano 2016, menos do que os quatro ajustes previamente programados e em linha alinhado do que parecia ter sido precificado pelos mercados. Digo parecia, pois a reação do índice do dólar foi negativa levando o indicador para o mais baixo nível desde outubro de 2015 estimulando assim a compra de ativos de risco.

A classe mais beneficiada foi a das commodities com os três principais índices subindo acentuadamente para os patamares de dezembro último. Dentre os componentes do CRB os destaques da alta foram o café em Nova Iorque +6.93%, seguido pelo ganho de 6.08% do petróleo WTI, o gás natural +4.84% e o açúcar demerara +3.57%.

O movimento do arábica foi impulsionado pelo surpreso animo dos fundos de não apenas cobrir suas posições vendidas mas também adicionar compras novas fazendo com que os não-comerciais aparecessem no relatório do CFTC com um volume líquido comprado de 5,690 contratos – o que não acontecia desde agosto de 2015.

Chama atenção o volume total comprado pelos fundos de 19,401 lotes entre os dias 9 e 15 de março,                                                                                     resultando em uma alta no terminal de apenas US$ 4.00 centavos por libra. Ao mesmo tempo é verdade que nos últimos três dias os ganhos foram de outros US$ 9 centavos adicionais, provavelmente colocando os especuladores em uma posição líquida comprada de no mínimo 15 mil contratos.

As origens aproveitaram para vender café com uma movimentação bem grande no Brasil aonde o volume que fluiu para os exportadores volta a levantar dúvidas sobre o tamanho da safra atual ou do estoque de passagem trazido para o atual ciclo. As fixações em Nova Iorque se estendem até o contrato de dezembro de 2017, notadas pelo aumento do Open Interest (contratos em aberto) de cada vencimento da tela. Os produtores brasileiros tem ao seu favor a curva dos juros no país permitindo garantir preços em reais elevados para as próximas duas safras – a reversão da posição dos fundos vem em bom momento.

Fundamentalmente o quadro positivo é demasiadamente influenciado pela renovação do apetite de compra de investidores em função principalmente de a moeda americana ter enfraquecido. Na minha leitura este é o motivo da alta da semana, e creio que uma vez ajustada a posição dos agentes precisaremos de algum evento indicando escassez ou receio de perda de produções de café para evitar uma queda do terminal para novas mínimas.

O tom mais cauteloso se deve ao teimoso volume exportado pelas duas principais origens do arábica que abasteceram os países consumidores no pico da entressafra, potencialmente o período aonde os diferenciais deveriam ter encarecido e o fluxo diminuído. Com o Brasil não dando sinais de quedas significativas nos embarques, pelo contrário, a conversa sobre os teóricos estoques baixos a serem carregados para o próximo ano-safra perde a importância diante da chegada da safra.

No encontro em San Diego da National Coffee Association (NCA) as conversas e sentimentos foram mistos, com alguns tendo certeza da grande oportunidade de venda que o contrato “C” está proporcionando e outros crendo em uma continuação da alta. A primeira turma tem a seu favor o que comentei nos parágrafos anteriores sobre as vendas contínuas das origens, a posição dos fundos a também figura técnica do gráfico. Já o time dos altistas comenta muito sobre uma queda mais rápida dos certificados nos próximos meses. Fofocas nos corredores dizem que 400 mil sacas dos certificados já estão vendidas para entrega até o meio do ano – basicamente o volume de café colombiano e hondurenho mantido em portos Europeus nos armazéns cadastrados pela ICE. O papo serviu para acelerar a rolagem de posições e apostas nos spreads, prematuro n a minha leitura – a não ser, claro, que a descertificação seja um jogo para causar um squeeze – arriscadíssimo de acontecer à beira da entrada de uma safra de arábica brasileira grande com potencial de levar um bom volume de cafés semi-lavados para serem certificados pela bolsa americana.

Os fundos precisam manter o apetite de compra para o mercado segurar acima das médias rompidas recentemente, tarefa árdua dado o interesse de venda das origens, mas que pode ser facilitada se a moeda americana enfraquecer. No curto-prazo eventualmente até poderíamos ver o dólar escorregar mais, inclusive contra o Real, mas o movimento não deve se sustentar, pois os Estados Unidos fundamentalmente estão com indicadores econômicos muito mais sólidos e positivos do que o resto do mundo, portanto os produtores estão de parabéns em aproveitar e vender o que tenham ainda de estoque e as suas próximas duas safras.

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Mercado de Açúcar: EM TRINTA DIAS 30% DE ALTA

O mercado futuro de açúcar em NY fechou mais uma semana com expressiva alta. O vencimento maio/2016 encerrou a sexta-feira negociado a 15.97 centavos de dólar por libra-peso após ter visitado a região dos 16 centavos, acumulando uma variação positiva de 84 pontos na semana, ou pouco mais de 18 dólares por tonelada.

Pode-se atribui a firmeza do mercado à Tailândia, cuja safra encolheu, à China que deverá demandar (importar) mais açúcar branco e ao Brasil cuja fixação de preços está em compasso de espera uma vez que os reais obtidos nas fixações da 2016/2017 e da 2017/2018 são menores agora pois o real se valorizou em relação ao dólar. De 22 de fevereiro, quando atingiu 12.45 centavos de dólar por libra-peso até a sexta-feira o mercado subiu 365 pontos, ou seja, quase 30%.

O fechamento da sexta convertido pela taxa de câmbio do Banco Central foi de R$ 1,325 por tonelada FOB. Os meses de negociação com vencimento mais longo diminuíram seus valores em reais por tonelada. Essas chances perdidas, seja por falta de crédito para poder operar derivativos, seja por falta de coragem de fixar e correr o risco de o mercado continuar subindo, confirmam a máxima de que “ninguém quebra com lucro no bolso”.

O desempenho das commodities agrícolas no acumulado do ano melhorou bastante, mas ainda tem chance de subir mais. Óleo de soja subiu 7.8%, o petróleo subiu 7.5%, o açúcar subiu 4.5%, enquanto trigo, algodão e suco de laranja continuam no vermelho.

Os fundos continuam posicionados no açúcar e a trajetória de preços os estimula a pelo menos manterem suas posições. Deixe os lucros crescerem, nos ensinam os mestres. Uma eventual mudança de governo no Brasil via impeachment da presidente Dilma pode elevar os valores de NY para 16.75 centavos de dólar por libra-peso (tomando como base um preço mínimo de R$ 1.250 por tonelada)

Temos afirmado aqui que o açúcar deverá entrar num ciclo de alta (veja relatório da semana passada). Algumas simulações de produção e consumo feitas para as próximas duas safras, dão indicações que nosso sentimento se solidifica. Pela análise de consumo dos países da Ásia, Oriente Médio e Norte da África, e considerando a limitação de aumento na capacidade de produção de alguns países (Brasil, por exemplo, cuja produção de cana está basicamente estancada há alguns anos) estimamos que tanto a safra 2016/2017 como a 2017/2018 podem apresentar déficit. O consumo mundial cresce a taxas de 1.9% (nosso número) até 2.2% (número da ISO) enquanto a produção se arrasta nos 1.6-1.7%, qualquer oscilação causada pelo tempo pode abrir um buraco entre produção e consumo.

Um respeitado analista europeu rebate meu comentário de que os altos estoques mundiais se constituem em um fator baixista para o mercado. Ele discorda argumentando que “a China mantém 6.5 milhões de toneladas, mas esse açúcar não vai para o mercado”. Nem “a Tailândia mantém estoques hoje (ao contrário de há dois anos) ”. E arremata com uma daquelas verdades que costumamos não querer enxergar: “eu acho que os estoques são um subproduto de estatísticos preguiçosos que tomam o estoque anterior (totalmente desconhecido), somam a produção (precisa), deduzem o consumo (desconhecido) e pronto”. Verdade.

Enquanto isso, o consumo de combustíveis no país continua caindo em termos de gasolina equivalente. Nos últimos doze meses a queda já é de 1.5% com tendência a piorar. No entanto, o estoque de passagem de etanol vai ser bastante curto. O início da safra pode atrasar e vai certamente diminuir no maio a disponibilidade de açúcar.

O Sindicato do Crime continua envergonhando todo o país lá fora. O Brasil tem sido manchete em quase todos os jornais do mundo em função da crise política e moral que estamos atravessando. Com o ato de nomear Lula para seu ministério para que ele adquirisse foro privilegiado faz de Dilma a presidente que mais envergonhou o Brasil em toda sua história republicana. Não há limites para a falta de vergonha na cara e o cinismo dessa camarilha. O nefasto ex-presidente Lula é verdadeiramente um profeta quando disse há alguns anos que “no Brasil o pobre que rouba vai para a cadeia e o rico que rouba vira ministro”. A Suprema Corte há de julgar esses criminosos infames com o devido rigor da Lei.

Faltam pouquíssimas vagas para o encerramento das inscrições para o XXV Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos em Commodities Agrícolas que ocorre nos dias 29, 30 e 31 de março em São Paulo, das 09 às 17 horas. Para mais informações mande uma mensagem para[email protected]

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Bom final de semana a todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Archer Consulting

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