CAFÉ e AÇÚCAR: Análises da Archer e Escr. Carvalhaes

Publicado em 11/03/2016 17:50 e atualizado em 13/03/2016 07:09
por Rodrigo Costa, Arnaldo Luiz Correa e Eduardo Carvalhaes

MERCADO DE CAFÉ - ANÁLISE DA ARCHER - POR  RODRIGO COSTA:

SINAIS MISTOS DEIXAM O CURTO-PRAZO VULNERÁVEL

O comportamento agitado dos mercados nos dois primeiros meses do ano demonstra o quão dependente as economias continuam de adicionais expansões monetárias (com volumes sem precedentes na história), por ora ajudando a retomada de risco, mas incitando dúvidas desconfortáveis para o longo-prazo quando então houver uma reversão do baixo custo do dinheiro e do excesso de liquidez atual.

Esta semana foi a vez do Banco Central Europeu disparar a sua “bazuca” cortando juros para a região e como última cartada expandindo a compra de títulos para os papéis corporativos. O presidente Mario Draghi sinalizou o fim do ciclo de redução de juros, aliviando a tensão dos investidores dado que a medida machucaria ainda mais as instituições financeiras e beneficiando a acentuada subida do Euro na quinta-feira. Só falta agora combinar com os empresários europeus para tomar dinheiro e investir na produção ao invés de recomprar as suas ações negociadas no mercado aberto.

Ativos de risco voltaram a subir dando a impressão que a quedas das bolsas presenciadas até meados de fevereiro foram apenas pesadelos. O petróleo WTI voltou a tocar os US$ 40.00 dólares o barril e os três principais índices de commodities negociam nos níveis de dezembro último. O Real Brasileiro continua surfando a onda das notícias que preveem um encerramento breve do governo Dilma com o fechamento da cotação a 3.5856 – o mais baixo desde 31 de agosto de 2015.

O café em Nova Iorque aproveitou o momento e teve altas consecutivas e ordenadas, finalmente atraindo mais cobertura de posições vendidas dos fundos. Os comerciais aproveitam para adicionar vendas nos livros, ajudando as origens a fixarem compras de físico feitas em patamares mais baixos e proporcionando um maior fluxo de negócios dos produtores de cafés suaves. No Brasil os preços da saca de café não apreciaram pela firmeza da moeda local mas, segundo diversos agentes, os cafés de qualidades menos nobres cederam.

O mercado Londrino teve uma recuperação mais tímida, reflexo dos grandes estoques represados no Vietnã que devem potencialmente limitar ganhos significativos naquele terminal.

A Organização Internacional do Café (OIC) informou que os estoques nos países importadores em Dezembro totalizavam 23 milhões de sacas, 1 milhão a menos do volume do ano anterior – número positivo dadas as exportações recordes de Brasil e Colômbia. A entidade também estima o consumo em 2015 em 152.1 milhões de sacas, indicando um crescimento da demanda em 0.8% na Europa (média desde 2012), 3.2% nos Estados Unidos, 2.4% no Japão e 2.3% nos países produtores. Os dados corroboram com o desaparecimento notado pelos participantes.

As exportações acumuladas da Colômbia apontam para uma produção no país que pode chegar a 14.5 milhões de sacas no ciclo atual, expressiva recuperação que dependendo do clima pode não causar uma redução tão significativa para a safra 16/17. Já os embarques brasileiros em fevereiro foram praticamente iguais a janeiro, mesmo com os feriados de carnaval e o mês dois dias mais curto. O total exportado ficou em 2.785 mln de sacas, cafés que chegam aos portos do destino entre meados de março e começo de abril e deixam a janela de “aperto” muito estreita.

A perspectiva de preço da bolsa tem sinais mistos no curto-prazo, positivos no caso exclusivo da moeda brasileira, assim como a contínua queda dos certificados e o fechamento tecnicamente positivo do contrato “C”. Tem também a conversa sobre as chuvas excessivas nas regiões do arábica, gerando comentários de alguns analistas sobre problemas com doenças para algumas plantações e uma prematura preocupação com a qualidade caso o tempo úmido persista até a colheita. Outro ponto positivo (para os preços) é a chuva escassa no norte do Espírito Santo, mas este contrapõe com o volume de certificados da bolsa de Londres e a disponibilidade no Vietnã – mas uma vez olhando o curto-prazo.

Negativamente há a posição reduzida vendida dos fundos, principal munição das altas recentes do arábica, o adiantamento da safra em função da florada no ano passado ter sido mais cedo, e as exportações mundiais que mesmo no pico da entressafra não arrefecem.

Por ora não parece que os fundos vão se animar para ficar comprados no café, não apenas pelo carrego que nunca desaparece, mas também em função da recuperação dos preços terem sido muito inclinadas dos ativos de risco, o que em breve deve trazer uma realização de lucros – ou estancar a alta se tudo se resumiu a cobertura de vendidos. Nova Iorque precisa consolidar acima de US$ 124.60 centavos por libra e evitar romper US$ 119.70 centavos para mostrar solidez do movimento. Um rali que busque os US$ 128.90 centavos pode acelerar os ganhos, mas pelo demonstrado no relatório do COT devemos esperar um volume de vendas grande de agora em diante, portanto quem precisa fazer caixa deve aproveitar o momento.

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Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

 

MERCADO DE CAFÉ - ESCRITÓRIO CARVALHAES - por EDUARDO CARVALHAES

Queda do dólar dificulta os negócios no mercado físico brasileiro, mas fundamentos seguem sólidos

Mais uma semana com os negócios de café no Brasil colocados em segundo plano pela severa crise econômica e política, que culminou ontem com o Ministério Público de São Paulo pedindo a prisão preventiva do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciado em ação penal por ocultação de patrimônio, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. 

O conturbado cenário político derrubou a cotação do dólar frente ao real. A percepção de que subiram as chances de impeachment ou de cassação da presidente Dilma Rousseff fez a moeda americana ter fortes perdas ante ao Real no decorrer da semana. Ontem o dólar fechou a R$ 3,6187, em baixa de 2,17%, no menor patamar desde 28 de agosto de 2015. Hoje recuou mais um pouco. 

A crise dificulta os negócios no mercado físico brasileiro de café, mas os fundamentos continuam sólidos e apontando para preços sustentados no decorrer de 2016. Apesar de estarmos em plena entressafra, as exportações brasileiras continuam apresentando bons volumes. Fevereiro fechou com 2 785 166 sacas embarcadas e ainda teremos de usar os estoques atuais para cobrir o consumo interno e nossas exportações de março, abril, maio e junho. É provável que a colheita da nova safra 2016 se adiante devido ao calor e às boas chuvas de verão, mas só teremos bons volumes de arábicas de qualidade a partir de meados de junho. A experiência mostra que até os embarques de julho e agosto, início do novo ano safra, precisam ser completados por cafés da safra anterior. 

Mesmo na hipótese das exportações dos quatro meses restantes desta entressafra caírem para uma média mensal de 2,5 milhões de sacas, precisaremos até julho de 14 a 15 milhões de sacas da safra atual para cumprir nossos compromissos de exportação e consumo interno. Isto considerando que parte do consumo interno desse período será atendido pelos primeiros lotes de conilon da nova safra 2016. 

Existe muita especulação sobre o tamanho da próxima safra brasileira de café 2016/2017. Se os números mais altos que circulam não se mostrarem reais (é pouco provável que sejam), o Brasil terá dificuldade para cumprir seus compromissos de exportação e consumo no ano safra 2016/2017 (julho de 2016 a junho de 2017). Precisaremos de 56 a 57 milhões de sacas (35 a 36 milhões para a exportação e 20 a 21 milhões para o consumo interno) e praticamente não contaremos com remanescentes de safras anteriores. 

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de fevereiro foram embarcadas 2.785.166 sacas de 60 kg de café aproximadamente 2 % (41.173 sacas) a mais que no mesmo mês de 2015 e 1%(22.174 sacas) a mais que no último mês de janeiro. Foram 2.434.577 sacas de café arábica e 67.592 sacas de café conillon, totalizando 2.502.169 sacas de café verde, que somadas a 281.205 sacas de solúvel e 1.792 sacas de torrado, totalizaram 2.785.166 sacas de café embarcadas. O preço médio de venda foi de US$ 147,72 por saca aproximadamente 24% menos que o preço médio de fevereiro de 2015, de US$ 195,04 por saca. 

Até dia 10, os embarques de março estavam em 373.289 sacas de café arábica, 10.561 sacas de café conillon, mais 36.170 sacas de café solúvel, totalizando 420.020 sacas embarcadas, contra 329.830 sacas no mesmo dia fevereiro. Até o mesmo dia 10, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.149.357 sacas, contra 999.449 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 4, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 11, subiu nos contratos para entrega em maio próximo 475 pontos ou US$ 6,28 (R$ 22.68) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 4 a R$ 599,83 por saca, e hoje dia 11, a R$ 600,90 por saca.

 

MERCADO DE AÇÚCAR - ARCHER CONSULTING - ARNALDO LUIS CORREA

 CICLO DE ALTA ADIANTE?

O mercado futuro de açúcar em NY teve um fechamento auspicioso nesta sexta-feira. O vencimento maio/2016 encerrou a terceira semana de alta consecutiva cotado a 15.18 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de 35 pontos na semana, ou quase oito dólares por tonelada. Os altistas estão em polvorosa, bastante animados com a recuperação do mercado. Como dissemos aqui, esse fortalecimento, no entanto, precisa ser validado pelo mercado físico cuja demanda sofreu uma paralização após a entrega de açúcar da bolsa na expiração do contrato com vencimento março. Os prêmios para embarque imediato ainda não demonstraram a robustez necessária para a consolidação desse movimento de alta.

A possibilidade de mais chuvas no início do período de moagem no Centro-Sul deverá fortalecer os spreads uma vez que o atraso faz com que as tradings recomprem suas posições com vencimento mais longo trazendo-as para vencimentos mais curtos, quando o açúcar será mais demandado. Fique atento a essas movimentações.

Alguns dos fatores exógenos que contribuíram para que o mercado futuro de açúcar alcançasse o fundo do poço a 12,45 centavos de dólar por libra-peso, foram o preço do petróleo no mercado internacional derretendo e o real despencando em relação ao dólar. Ora, isso mudou. O real valorizou-se em relação ao dólar em função do aumento considerável da probabilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff e da prisão do seu criador, o ex-presidente Lula e o petróleo subiu 15% no acumulado do mês.

Segundo o economista Sérgio Vale, da MB Associados, “com as novas descobertas e delações da operação Lava-jato e o declínio político do ex-presidente Lula, a presidente Dilma se encontra isolada”. “A ideia de que a mudança política virá já traz os esperados impactos positivos em câmbio e bolsa”, e segundo ele, “haveria espaço para queda adicional de 10% da taxa de câmbio, o que significa que ela pode chegar a R$ 3.2500 se todo o risco político diminuir. Assim, ainda há gordura política para queimar na taxa de câmbio”.

Caso venha a se concretizar a linha de raciocínio exposta pelo economista, assumindo que o valor mais baixo que vimos recentemente do açúcar em NY convertido pela taxa do Banco Central foi de R$ 1.140 por tonelada, então com o dólar a R$ 3.2500 o chão do mercado de açúcar em NY seria de 15.29 centavos de dólar por libra-peso. Esse pensamento corrobora a percepção que os fundos têm sobre ficarem comprados no açúcar quando a commodity visitou recentemente a área de 13 centavos de dólar por libra-peso. O risco era muito pequeno.

Acredito que lentamente vamos começar a ver um ciclo de alta no preço mundial da commodity. Além do mais, simulações feitas pela Archer para produção e consumo mundiais nos próximos 2-3 anos apontam com razoável possibilidade que continuemos a ter déficits. O consumo de açúcar no mundo cresce a uma velocidade maior do que os países produtores são capazes de aumentar sua oferta. O Brasil, como um dos principais produtores, vê sua oferta de ATR diminuindo pelo quarto ano consecutivo além de ínfima perspectiva de expansão. Não é surpresa, portanto, que tenhamos constantes déficits (ainda que pequenos) nos próximos anos.

Outro fator relevante é o custo de produção do Brasil e de seus concorrentes. Hoje, a estimativa da Archer para os custos de produção da Tailândia é de 15.10 centavos de dólar por libra-peso e da Índia é 24.47 centavos de dólar por libra-peso. Austrália tem um custo de 11.90 centavos de dólar por libra-peso e o Brasil 11.25 centavos de dólar por libra-peso.

Mudando de assunto, verificamos que existe uma alta correlação entre os preços médios de açúcar negociados em NY no trimestre outubro/novembro/dezembro e aqueles negociados no trimestre seguinte, ou seja, janeiro/fevereiro/março. A aderência resultante analisando os últimos 15 anos é de 0.9731. Desta forma, baseando-se no preço médio ocorrido no último trimestre de 2015, de 14.58 centavos de dólar por libra-peso, o preço médio para o primeiro trimestre de 2016 seria de 14.70. Como a média de janeiro e fevereiro, meses já encerrados, foi de 13.80, março teria que encerrar na média em 16.48 centavos de dólar por libra-peso para atender à correlação demonstrada.

A sétima estimativa do volume de açúcar para a safra 2016/2017 fixado pelas usinas na bolsa de NY, apurada pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting, é de 19,036 milhões de toneladas de açúcar ao preço médio de 13,62 centavos de dólar por libra-peso, ou seu equivalente em R$ 1.206,25 por tonelada FOB. A estimativa considera as fixações efetuadas até o dia 29 de fevereiro de 2016.

O volume representa aproximadamente uma fixação de 75.78% da safra, considerando a estimativa da Archer de um volume de exportação brasileira de açúcar de 25,12 milhões de toneladas. O dólar médio obtido pelas usinas é de 3,8594 reais. O modelo admite um erro para mais ou para menos de 1.39% do volume e do preço apurados. Comparativamente às últimas quatro safras, o percentual acumulado de fixação de 75.78% para a 2016/2017 é o mais alto já visto. O ano passado, por exemplo, o acumulado nesse mesmo período era de apenas 34.30%.

Neste domingo o Brasil vai às ruas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O governo dela já acabou há muito tempo. Só falta mesmo a esse defunto insepulto vagando sem rumo tal qual um zumbi de Walking Dead, renunciar ou aguardar sua queda. A quadrilha de bandoleiros que tomou conta do país destruiu valores éticos, destruiu a Petrobrás e colocou uma pecha nos brasileiros de bem, aos olhos do mundo, como se todos fôssemos corruptos ou apoiássemos essa camarilha descontrolada.

O que os treze anos de PT prejudicaram o setor sucroalcooleiro, por exemplo, merece um cálculo em separado. Uma dívida que ultrapassa os R$ 100 bilhões sem contar a perda de receita com a interrupção de um ciclo expansionista que permitiu que chegássemos a produzir, em dezembro de 2009,  quase 55% de todo o combustível consumido pela frota de veículos nacional, que multiplicaria empregos diretos e indiretos. São verdadeiros cancros que precisam ser extirpados da vida pública nacional.

As inscrições para o XXV Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos em Commodities Agrícolas estão COM VAGAS LIMITADAS. O curso ocorre nos dias 29, 30 e 31 de março em São Paulo, das 09 às 17 horas. Para mais informações mande uma mensagem para [email protected]

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Boa manifestação a todos no dia 13 de março.

Arnaldo Luiz Corrêa

 

 

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Fonte:
Archer + Escritório Carvalhes

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