SÃO PAULO (Reuters) - Quase metade das lavouras de soja de Mato Grosso, principal Estado produtor da oleaginosa no país, estão em condições ruins ou péssimas devido às irregularidades de chuvas registradas desde o início da temporada, mostrou um estudo do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), ligado aos produtores rurais.
O levantamento feito em caráter emergencial apontou que 20 por cento da área plantada está em condição "péssima" e 23 por cento está "ruim".
Outros 25 por cento estão em condições "regulares" e apenas 32 por cento ganharam avaliação "boa" ou "excelente".
"A gente sentiu a necessidade de fazer esse levantamento porque alteramos a previsão de safra no início da semana (passada) e desde então as condições não tiveram melhora", disse à Reuters o gestor do Imea Daniel Latorraca, neste domingo.
No última segunda-feira, o Imea reduziu sua estimativa para a safra de Mato Grosso para 28 milhões de toneladas, uma queda de 1 milhão de toneladas ante a estimativa de agosto.
Durante três dias, quase 400 agentes da cadeia da soja responderam a um questionário digital elaborado pelo Imea.
"Os dados levantados apontaram para a grande uma heterogeneidade com relação às condições das lavouras de soja da nova safra entre as regiões produtoras", disse o instituto.
O Imea destacou que as chuvas não aumentaram em volume ao longo de novembro, como geralmente ocorre naquele mês.
"Devido aos baixos volumes de chuvas e às altas temperaturas, a produtividade das lavouras da nova safra de soja estão em xeque", analisou a entidade em seu relatório.
As regiões em situação mais complicada são o nordeste e o médio-norte de Mato Grosso, onde 70 por cento e 53 por cento das lavouras, respectivamente, estão em situação "ruim" ou "péssima".
As duas regiões, somadas, correspondem à metade da área plantada no Estado.
"Este dados apontam que mais da metade das lavouras semeadas nestas regiões poderão colher soja com produtividade abaixo de 50 sacas por hectare", disse o Imea.
* Veja o relatório completo: https://www.imea.com.br/upload/pdf/arquivos/Condicoes_das_lavouras_de_soja_15-16_MT_-_AO_-FINAL.pdf
1º LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES DE LAVOURAS DE SOJA - SAFRA 2015/16 EM MATO GROSSO
INSTITUTO MATOGROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA IMEA
Dezembro de 2015
Mato Grosso deverá ser comprometido em reflexo a este cenário.
Conclusão: De acordo com os dados levantados entre os 16 e 18 de dezembro, a falta de chuvas deve apresentar impactos hetereogeneos entre as regiões de Mato Grosso.
A situação mais delicada encontra-se nas regiões nordeste e médio-norte, em que o potencial produtivo desta regiões podem ficar abaixo de 50 sc/ha.
Mesmo com o número considerável de lavouras em boas e excelentes condições nas regiões mais ao sul e oeste do Estado a produtividade de Mato Grosso poderá ser a menor das últimas safras.
Tabela 1:
Condições das lavouras de soja por região em Mato Grosso (safra 2015/16)
Condições das lavouras de soja em Mato Grosso - Safra 15/16 (%)
Regiões Área Total (Imea)
Excelente Bom Regular Ruim Péssimo
Centro-sul 12 25 33 18 12
Médio-norte 7 17 23 25 28
Nordeste 5 9 16 35 35
Noroeste 10 23 42 20 5
Oeste 16 28 32 15 9
Sudeste 22 28 26 17 8
Norte 17 8 27 29 19
MT 12 20 25 23 20
Resultados Durante três dias 384 agentes da cadeia da soja responderam ao questionário virtual realizado pelo Imea. Os dados levantados apontaram para uma grande heterogeneidade com relação as condições das lavouras de soja da nova safra entre as regiões produtoras. De acordo com a tabela 1, em anexo, podemos observar que na média ponderada de Mato Grosso cerca de 43% das lavouras de soja encontram-se em estado ruim e péssimo.
As regiões em situação mais delicada são a nordeste e o médio-norte, em que 70% e 53%, respectivamente, das lavouras encontram-se, neste momento, em estado ruim e péssimo. Este dados apontam que mais da metade das lavouras semeadas nestas regiões poderão colher soja com produtividade abaixo de 50 sacas por hectare. Mesmo assim, podemos observar que o potencial produtivo superior à 60 sacas por hectare, que corresponde a lavouras em excelente estado, foi considerável no Estado, apresentando média ponderada de Mato Grosso em 12%.
As regiões que apresentaram os maiores percentuais de lavouras em excelente condições foram a sudeste, oeste e norte. Nestas regiões, mesmo as chuvas estando abaixo da média dos últimos anos, deverão sentir o impacto em menor escala.
As regiões que mais vem sofrendo, devido aos baixos volumes de chuvas, nordeste e médio-norte, representam juntos pouco mais da metade da produção estadual de soja e por isso o potencial produtivo de 1º LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES DE LAVOURAS DE SOJA - SAFRA 2015/16 EM MATO GROSSO INSTITUTO MATOGROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA IMEA Dezembro de 2015 Mato Grosso deverá ser comprometido em reflexo a este cenário.
Fonte: Imea.
(Por Gustavo Bonato)
Lavoura de soja em Gaúcha do Norte (MT), do produtor Leandro Rosalem
Lavoura de soja no município de Gaúcha do Norte (MT). Imagens enviadas pelo produtor Leandro Rosalem
Lavoura de soja em Jaborandi (BA)
Lavoura de milho na região Oeste da Bahia. Envio do engenheiro agrônomo Armando Ayres de Araújo
Medição de temperatura no solo em Uruçuí (PI). Envio de Altair Fianco
Estragos causados pela chuva de granizo na lavoura de soja em Gaúcha do Norte (MT)
Angelo Miquelão Filho Apucarana - PR
Nós somos verdadeiramente a classe mais susceptível a todos os maus tempos, sejam eles climáticos, políticos ou financeiros! Para aqueles poucos que tem a agricultura como um complemento, uma segunda ou terceira opção de renda, a situação é ruim..., já para a grande parte que vive exclusivamente dela, a situação é gravíssima.... Existem compromissos financeiros derivados não somente da implantação das lavouras, mas também da aquisição de máquinas e ainda restos de contas herdadas principalmente do trigo! É fácil dizer; "ah, mas é preciso gerenciar melhor, ser técnico nas decisões, tomar iniciativas e se antecipar aos possíveis contratempos, produzir e produzir cada vez mais e mais" Até concordo com alguns pontos. Senão vejamos, a consultoria Empíricos muito antes da reeleição já alertava sobre a escalada do dólar, da disparada dos juros e na situação caótica na que estaríamos (estamos) imergidos até o fim do ano, dizia "o fim do Brasil". Pois bem, entre outras medidas eles aconselhavam a quem tinha dinheiro a investir em outros campos, campos que não são os de soja, café ou cana, campos rentáveis e seguros, inclusive na compra de moeda americana... E quantos fizeram isso? A maioria nem se quer leu a matéria ou ouviu o áudio! Eu gravei o áudio e mostrei a muitos, e sabe o que ouvi; isso é armação, é intriga da oposição! De início até vacilei e pensei; de fato pode ser da esquerda que era direita e que hoje não é nada... Resultado, hoje estamos no olho do furacão, e mesmo que ele passe logo ainda assim continuaremos sem rumo por mais bom tempo, tanto foram as reviravoltas, capotadas e rodopiadas que demos de lá para cá! Outra situação é o comportamento ou a falta de formação e informação da grande parte de nós agricultores, não fomos preparados para comprar papeis, ouro, dólar etc. Nós, a maioria gosta de comprar um pedacinho de terra, um trator novo, maquinas melhores e investir na própria propriedade, pois é de muito tempo o costume, o dizer dos antigos "terra é terra, ninguém toma, é seguro, é para sempre" de fato é para sempre, mas daí a ninguém tomar já é questionável! Em resumo, agricultor gosta da terra, de terra, de plantar e colher, a maioria não tem hábito de comprar ações, de investir em outros setores que fujam a sua capacidade de confiar, que não sejam palpáveis, visíveis. Agricultor não é um simples investidor, um fabricante qualquer de um produto especifico e certo, ele é muito mais que isso, é um criador, inventor, sonhador, crente e realizador! A agricultura e agricultor só tem valor em países inteligentes, de gente instruída, de pessoas que sabem que não sobreviverão se o roceiro quebrar e sumir do mapa. O Brasil ainda é ignorante, atrasado, de cabeças pequenas, ainda se põe o agricultor na mesma medida de transgressores, ainda somos os principais culpados por tudo de ruim que vem do clima, as mentes burras e hipócritas idiotizam em massa a grande massa alienada, e assim seguimos juntos rodando, rolando, capotando em um imenso furacão previsível e previsto antes! Dizer ou falar o que a esta altura? Que Deus tenha compaixão, mas que nós também aprendamos a ler e ouvir mais!
Parabéns pelo seu comentário, no país em que vivemos a impressão que fica é de que o ¨errado¨ está ficando cada vez mais certo e quem ainda persiste em fazer a coisa certa está ficando cada vez mais errado infelizmente esta é a nossa realidade. O agricultor brasileiro é um herói todos os dias.
Vilson Ambrozi Chapadinha - MA
E para completar um vórtice ciclonico que costuma ficar por mais de 15 dias.