FAEMG critica pacote de ajuste
O presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões, criticou o pacote de ajuste fiscal anunciado ontem pelo Governo Federal. Segundo ele, é um grande desequilíbrio que se proponha R$ 26 bi em cortes e arrecadação de R$ 39 bi, quando a medida deveria ser, no mínimo, inversa: “Tributar a população em lugar de reduzir gastos demonstra má vontade do Governo em cortar na própria carne. Há aí a transferência para a sociedade de um ônus sem que haja a respectiva contrapartida dos políticos”. Ele lembrou ainda que a carga tributária brasileira já é uma das mais altas do mundo, próxima a de países nórdicos, enquanto a qualidade de serviços oferecidos é muito baixa.
Outro ponto destacado por Roberto Simões é que, ao onerar mais a sociedade do que o próprio governo, as propostas impactam diretamente a renda da população e investimentos em atividades que contribuem para a economia, aprofundando a crise ao invés de solucioná-la: “É muito difícil nos recuperarmos de uma situação de crise com ainda mais recessão, contenção de desenvolvimento”. Para ele, o agronegócio seria, neste momento, ferramenta útil para ajudar na recuperação brasileira: “Somos um setor que, comparativamente, responde a investimentos com maior intensidade e velocidade do que os demais. Em cinco meses uma safra retorna com margem o que foi investido. A agropecuária deveria receber estímulos para alavancar o país para fora da crise. E o pacote trouxe exatamente mais insegurança aos produtores”.
O presidente da FAEMG avaliou também alguns outros pontos do pacote anunciado que impactariam o setor do agronegócio:
- Redução da estimativa de gasto com subvenção agrícola em R$ 1,1 bilhão:
“Hoje o crédito rural é uma preocupação do setor, por ser escasso e estar submetido à exigências cada vez maiores por parte dos bancos. Um corte no programa de preço mínimo de garantia neste momento abala de vez a segurança dos produtores rurais, que pensarão muito antes de plantar a nova safra. Ao invés de estimular, irá retrair quem produz. Somados aos juros mais altos impostos pelo Plano Agrícola Pecuário em junho, esses fatores demonstram o desprezo do Governo pelo setor que poderia ser trunfo na recuperação da economia”
- Redução de recursos do Sistema S e do Sebrae:
“Em tempos de crise o Sistema S é fundamental apoio ao empresariado, buscando inovação, eficiência e redução de custos. Levam tecnologia, gestão, formação profissional e promoção social mesmo nos pontos mais remotos do país. Em minha opinião, são o que de melhor aconteceu ao Brasil e deveriam ser nossas entidades mais respeitáveis. Em Minas Gerais, por exemplo, o Senar Minas capacita, gratuitamente, mais de 200 mil pessoas por ano. Retirar recursos é diminuir a capacidade de atendimento dessas entidades e, consequentemente, tira a possibilidade de apoio em momento de grave retração econômica”.
- Redução de custeio do Ministério da Agricultura:
“Não temos a informação de como se dará o corte, mas nos preocupa a possibilidade de serem atingidas áreas essenciais como a defesa sanitária. Não podemos arrefecer a vigilância e o controle de fronteiras, portos e aeroportos, e o monitoramento de áreas de produção. Outra preocupação é o campo da pesquisa, da Embrapa, que sempre teve orçamento reduzido. Qualquer corte nesse sentido certamente representará perda de tempo e de competitividade”.
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