Especialistas afirmam que alimentos orgânicos não são sinônimos de segurança alimentar
Durante o painel "Alimentos Seguros - Verdades e Mitos", realizado no seminário De Onde Virão os Alimentos: O Desafio do Futuro, que aconteceu no dia 17 de junho em Gramado (RS), com realização da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), especialistas alertam que os alimentos orgânicos não necessariamente são mais seguros.
De acordo com o mestre em fitotecnia Claud Ivan Goellner, um dos palestrantes do painel, “a produção orgânica contém mais bactérias, mais micotoxinas e toxinas naturais. Não há nenhuma evidência científica de que orgânicos são mais seguros”, explicou, apresentando dados de pesquisas científicas.
Segundo ele muitos argumentos contra a utilização de alta tecnologia e de defensivos agricolas, é fruto de interesses comerciais. “A agricultura europeia, por exemplo, é altamente poluidora. Qualquer país de lá usa no mínimo duas vezes mais defensivos do que o Brasil. No entanto, eles tentam impedir que usemos de forma responsável”, afirmou.
Para o advogado Reginaldo Minaré, consultor da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), boa parte do preconceito em torno do uso de defensivos está na própria denominação da lei, que determina esses produtos como ‘agrotóxicos’. Segundo ele, “na Europa, se fala em fitofarmacêuticos. Em outros países da Amércia Latina, fitossanitários. No Brasil, a lei usa o termo agrotóxico, que não é nada favorável”.
O advogado também criticou o sistema brasileiro de registro no que diz respeito a aprovação do uso de insumos, e defendeu o alteração do sistema atual, que apresenta inúmeras divergências entre o Ministério da Agricultura, Ibama e Anvisa. “Na Anvisa, vemos uma visão ideológica permeando decisões que deveriam ser técnicas “, declarou.
Já o palestrante Marcos Botton, pesquisador da área de entomologia da Embrapa, lembrou “é possível produzir sem agrotóxicos, mas obtendo menor produção, usando mais mão de obra e tendo mais perdas. Por isso, o sistema orgânico cobra mais do consumidor”, afirma. Ele lembra ainda, que a presença de resíduos de defensivos em alimentos não significa necessariamente riscos. “No Brasil, o arroz e feijão que consumimos todo dia tem resíduos. No mundo todo, se consome produtos com resíduos de forma segura”, explica Botton.
O mestre em fitotecnia pela UFRGS, Dirceu Gassen lembrou os benefícios que a tecnologia trouxe para a agricultura, e criticou as carências da pesquisa agropecuária no Brasil, o que dificulta análise de amostras de insetos, de resistência de plantas, bem como de protocolos precisos para combate a pragas.
Ele ainda criticou as ameaças de proibição do herbicida glifosato. “Não temos alternativa para esse produto”, lembrou. “A humanidade precisa de mais alimentos, e nós não conseguiremos produzir mais sem glifosato”, complementou.
O painel compoê a 66ª etapa do Fórum Permanente do Agronegócio, com realização do Farsul e apoio de Senar - RS, e Casa Rural - Centro do Agronegócio.
Confira as palestras completas do painel "Alimentos Seguros - Verdades e Mitos":
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