Bloqueios de caminhoneiros se concentram no Sul; empresas de aves e suínos retomam transporte
Apesar da sanção integral da Lei dos Caminhoneiros nesta segunda-feira, os bloqueios em rodovias federais continuam em pelo menos três Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso. Segundo boletim da Polícia Rodoviária Federal divulgado na noite desta segunda, ainda existem 18 interdições totais ou parciais nas estradas: doze no Rio Grande do Sul, quatro em Santa Catarina e dois no Mato Grosso.
Em um dia tenso nas estradas do Rio Grande do Sul, dezenove caminhoneiros foram presos por vandalismo durante as manifestações. Na cidade gaúcha de Camaquá, a Polícia Rodoviária lançou bombas de gás para dispersar os manifestantes. Os protestos pela redução no preço do óleo diesel e do tabelamento dos fretes concentram-se principalmente nas rodovias da Região Sul.
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Lei dos Caminhoneiros – Nesta segunda, para tentar pôr fim ao protesto de caminhoneiros, que já dura mais de uma semana, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou integralmente a Lei dos Caminhoneiros, atendendo a uma reivindicação da categoria. A medida atualiza as regras sobre carga de trabalho, horas de descanso e pagamento de pedágios pelos caminhoneiros.
A nova lei autoriza jornadas mais longas: agora, os caminhoneiros poderão trabalhar até doze horas por dia – o limite era de oito horas. O período máximo sem interrupção ao volante também mudou de quatro para cinco horas e meia. O projeto também flexibiliza o tempo de descanso e atribui aos contratantes as multas por excesso de peso. Além disso, caminhões vazios não precisarão pagar nos pedágios o valor equivalente aos eixos que estiverem suspensos.
A aprovação da lei faz parte do acordo firmado entre o governo e sindicatos de caminhoneiros na semana passada para tentar encerrar a greve, que no seu auge chegou a fechar rodovias em treze Estados. A medida, no entanto, não atende a uma das principais exigências da categoria – a redução do preço do diesel – e foi rejeitada pelo movimento com maior influência sobre os bloqueios. Apesar disso, os protestos sofreram uma redução significativa a partir de domingo e o Planalto confirmou que Dilma sancionaria a lei.
Bloqueios se concentram no Sul, mas empresas de aves retomam o transporte
(Reuters) - Caminhoneiros ainda protestam na tarde de segunda-feira em mais de 20 pontos de rodovias federais do país, especialmente nos Estados do Sul, no dia em que o governo sancionou uma nova lei que alivia o pagamento de pedágio, perdoa multas e promete ampliar pontos de paradas para descanso.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 13 pontos de interdições parciais no Rio Grande do Sul, sete em Santa Catarina e outros três no Paraná, de acordo com boletim divulgado na tarde desta segunda-feira, que marcou o décimo terceiro dia de protestos.
Na BR-163, principal estrada para o transporte de produtos agrícolas e insumos de Mato Grosso, três pontos de bloqueios parciais eram registrados perto dos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, mas apenas carretas com grãos eram barradas. Cargas vivas e veículos de passeio passavam, e não havia registro de congestionamento, segundo a concessionária Rota do Oeste.
De uma maneira geral, a situação aponta para um número menor de bloqueios em relação ao registrado na maior parte da semana passada, após o governo ter anunciado que multaria os caminhoneiros manifestantes em até 10 mil reais por hora.
Relatos indicaram que muitos produtores em Mato Grosso poderiam ficar sem diesel para a colheita a partir desta segunda-feira, por conta dos bloqueios no maior produtor de soja do Brasil, mas já havia notícias de alívio em algumas áreas, com menos bloqueios sendo registrados no Estado.
"Estamos hoje mais aliviados. Chegou uma remessa considerável de óleo diesel. Deverá atender a demanda para cinco dias", afirmou à Reuters Adelmo Zuanazzi, produtor rural em Sinop (MT).
Algumas indústrias de carnes, bastante prejudicadas pelos protestos, também estão retomando operações.
A BRF informou que todas as unidades estavam operacionais nesta segunda-feira, após suspender atividades em duas fábricas.
A empresa disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que conseguiu transportar matérias-primas e animais vivos para as unidades durante a noite, no final de semana e também durante todo o dia desta segunda-feira, em função da redução dos bloqueios. A companhia também usou rotas alternativas para o transporte.
A processadora JBS, que possui plantas de aves e suínos no oeste de Santa Catarina, conseguiu uma liminar na Justiça para transportar sua produção sob escolta policial até o porto de Itajaí, de onde será exportada para vários países.
O gerente na Martini Meat, uma empresa de armazéns refrigerados em Itajaí, Fabio Rosa, disse que dois comboios com proteção policial chegaram ao local entre sábado e esta segunda-feira.
Ao todo são 55 caminhões da JBS que estão aguardando trâmites burocráticos e nomeação de navio para se dirigirem aos terminais do porto.
Rosa afirmou que os contêineres da JBS se juntaram a outros 100, aproximadamente, que já estavam no local aguardando para seguir ao porto. O acesso ao terminal de Itajaí continua bloqueado por manifestantes.
As manifestações no Sul ameaçam as exportações de produtos agropecuários, uma vez que os estoques de grãos nos portos estão sendo reduzidos.
LEI DO CAMINHONEIRO
A presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos a nova lei dos caminhoneiros, informou o Palácio do Planalto nesta segunda-feira.
De acordo com o Planalto, a lei assegura perdão das multas por excesso de peso expedidas nos últimos dois anos, isenção de pagamento de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios e ampliação de pontos de parada para descanso e repouso.
O governo informou ainda que tomará as medidas necessárias junto ao Congresso Nacional para prorrogar por 12 meses as parcelas de financiamentos de caminhões adquiridos pelos programas ProCaminhoneiro e Finame do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
(Por Maria Pia Palermo, Roberto Samora, Gustavo Bonato e Marcelo Teixeira)
No Correio Brasiliense:
Impedido por esquema de segurança, buzinaço na capital perde força
Motoristas afirmam terem ficado com receio de prosseguir com ato pacífico depois de serem barrados por policiais militares e rodoviários, além de homens da Força Nacional
Depois de programar um grande buzinaço na Praça dos Três Poderes, em Brasília, as dezenas de caminhoneiros que seguiam em direção ao Plano Piloto pela BR-060 teriam sido impedidas de prosseguir com o protesto pacífico após a montagem de um forte esquema de segurança da Polícia Militar de Goiás e do DF, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional – que contesta a informação oficialmente.
"Não há nenhum tipo de orientação para que a Força Nacional pare caminhoneiros ou impeça o livre trânsito por vias públicas. As equipes da Força atuam no apoio à PRF onde for solicitada para impedir bloqueios e cumprir recentes decisões judiciais sobre a paralisação de caminhoneiros", informou, por meio de nota, a Força Nacional.
Uma conta do Twitter atribuída ao Comando Nacional do Transporte, postou uma foto de caminhoneiros que estariam no entorno do DF, a 20 kms da capital, reunidos em um posto de combustível.
Entre os poucos motoristas que ficaram no local, contudo, o caminhoneiro Tiago Aragão, 32 anos, conta que às 4h de hoje, ele deu ignição no caminhão e iniciou o buzinaço no local. No entanto, sem adesão de outros trabalhadores, ele abandonou a ideia de ir à Esplanada. O homem também afirmou ter sofrido represálias de policiais. “Chegaram a dizer que se eu não parasse de buzinar, quebrariam meu veículo. Se dependesse de mim, eu já estava lá”, lamentou.
De acordo com informações de agentes da PRF no posto localizado na rodovia, parte do grupo tentaria furar o esquema de segurança no km 30 da BR-060, acessando a DF-290, na altura do Engenho das Lajes. Em nota, no entanto, a PRF, por meio da assessoria, afirmou que não houve impedimento de caminhoneiros e que as equipes apenas acompanharam desde cedo o movimento, por conta dos rumores do protesto.
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O movimento nacional dos caminhoneiros contava com a liderança do motorista catarinense Ivar Luiz Schmidt, 44 anos, que não foi mais encontrado depois de publicar um vídeo nas redes sociais conclamando a categoria a realizar o ato durante todo o dia “contra a indiferença e a corrupção do governo”. Segundo colegas, ele teria abandonado o local de concentração dos caminhoneiros – um posto de combustíveis próximo a Luziânia.
Um helicóptero da Polícia Civil sobrevoa o local e várias viaturas da Polícia Militar fazem rondas desde a madrugada na região. Os caminhoneiros veem a situação como uma forma de coação e, por isso, decidiram não continuar com o protesto.
Revolta
Para conseguir atingir a meta no 13º dia do movimento, o próprio Schmidt percorreu vários trechos de rodovias goianas, para convencer motoristas a aderir e a chamar outros. Ele argumentou que as bandeiras do movimento, como redução do preço do diesel, melhora dos valores dos fretes e aprovação imediata da chamada Lei dos Caminhoneiros, que regula as condições de trabalho da classe, não foram atendidas. A palavra mais usada por eles é “revolta”, negando o acordo brandido pelo governo nos últimos dias. “Estamos pagando para trabalhar” foi frase recorrente.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar ainda não se pronunciou sobre o assunto.
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