Produtores atentos a norma de classificação do citros de mesa podem melhorar sua rentabilidade

Publicado em 21/09/2011 07:35 e atualizado em 21/09/2011 16:59
No final dos anos 60, quando a citricultura começou a tomar força no interior paulista, os produtores priorizavam o excelente aspecto do fruto para ganhar o mercado internacional. Em Bebedouro, SP, na famosa Festa da Laranja eram realizados concursos para escolher os frutos mais bonitos e bem embalados. Porém, não havia nenhuma regulamentação quanto à qualidade dos frutos para o mercado interno brasileiro. E assim persistiu por vários anos.

Para mudar esta realidade e estimular o agricultor a fazer o controle de qualidade de seus frutos, a CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) lançou com o apoio da Coopercitrus e da Nufarm, o “Guia de Normas de Classificação para Citros de Mesa”, no dia 09 de setembro, na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB). O evento contou com a presença de aproximadamente 70 pessoas, entre produtores rurais, técnicos agrícolas e representantes da Cooperativa.

A cerimônia foi aberta pelo diretor vice-presidente da Coopercitrus, João Pedro Matta, que acredita que o agricultor que não seguir as novas normas de padronização do citros perderá mercado. “O controle era muito rigoroso quanto a aparência da fruta, porque era o que exigia o mercado internacional, enquanto que para o mercado interno era completamente livre. Eu vi o folheto e pensei: agora estão pagando a dívida com o público interno, embora seja um programa de adesão livre eu acredito que em pouco tempo a laranja que não estiver enquadrada não vai ter comercialização. Isso chegou em um momento muito oportuno porque o mercado interno vai ser a grande saída para a citricultura. Hoje nós temos uma classe média forte que compra, que tem poder aquisitivo, agora sem qualidade nós não vamos para lado nenhum e isso é um fenômeno no mundo inteiro. Eu acho que esse trabalho feito pela CEAGESP, com o apoio de firmas que entendem dessa necessidade, vai ter uma repercussão muito grande”.

Em sua apresentação, Agostinho Mário Boggio, gerente do DTA (depto. técnico agropecuário) da Coopercitrus, apontou números expressivos na citricultura. Segundo ele, a safra paulista de citros 2010/11, teve um ganho de 17% em relação à safra anterior, com 377,1 milhões de caixas, sendo destas 324 milhões para o setor industrial e 54 milhões para o consumo in natura. O mercado mundial de suco de laranja de 2003 a 2010 apresentou redução de 5,3% no consumo do fruto, perdendo 127 mil toneladas. Os países que apresentaram maior redução no consumo foram: Alemanha (-22,8%), Estados Unidos (-19%), Japão (-18%) e Reino Unido (-2,5%), enquanto que outros países aumentaram seu consumo: Argentina (358%), Indonésia (212,6%), China (99%) e Rússia (63,8%).

Segundo a chefe do Centro de Qualidade em Horticultura da CEAGESP de São Paulo, Anita de Souza Dias Gutierrez, a companhia realiza o trabalho de qualidade com diversas frutas e hortaliças desde 1997, com o intuito de desenvolver uma ferramenta de caracterização dos produtos mais transparente para a comercialização. Com os estudos foi constatado que o produtor que se preocupa com o aspecto do fruto, acaba ganhando em lucratividade. “Se tem uma grande diferença de valor tanto por tamanho, quanto por qualidade, podendo chegar ao dobro ou triplo do preço no mesmo dia, diferente dos outros setores da agricultura. A soja e o milho, por exemplo, a diferença de valor tem a ver com a distância que elas estão do Porto. No caso de frutas e hortaliças, apresenta no mesmo dia uma diferença de valor por qualidade e por tamanho, se o produtor está atento a esses fatores ele pode alcançar essa diferença de valor. No setor de citros precisa tomar cuidado para não virar uma commodity, um produto sem diferenciação de preço, por isso é necessário investir na qualidade para garantir essa diferença de valor. O produto com bom aspecto acaba sendo vendido mais rápido”.  

Sobre o programa

            O desenvolvimento de normas de classificação como linguagem de caracterização do produto para uma comercialização transparente e mais justa, é o principal objetivo deste programa de adesão voluntária e auto-regulamentação setorial. O Programa Brasileiro para Modernização da Horticultura surgiu em 1997 por decisão das Câmaras Setoriais de Frutas e de Hortaliças da Secretaria da Agricultura de Abastecimento do Estado de São Paulo. A CEAGESP já disponibilizou normas de classificação para 16 frutas e 13 hortaliças.    

A classificação do citros garante a transparência na comercialização do produto, onde é separado em lotes visualmente homogêneos. Os lotes são caracterizados por seu grupo varietal, subgrupo (presença de sementes), classe (tamanho), subclasse (coloração da casca) e categoria (qualidade).

 
Em conversa com o pesquisador científico em fruticultura da APTA Colina, José Antonio Alberto da Silva, ele garante que as frutas selecionadas, classificadas e com qualidade remuneram melhor o produtor e agradam os consumidores. Desta maneira, pode-se esperar o aumento do consumo da fruta no mercado interno. Confira abaixo a entrevista com o pesquisador.

Informativo Agropecuário Coopercitrus: Dentre várias outras empresas, porque a escolha da Coopercitrus para ser uma das patrocinadoras deste evento?

José Antonio: Sempre que pensamos em um representante da Citricultura a Coopercitrus é lembrada. É através da Coopercitrus que as informações do setor chegam aos produtores de forma rápida e com confiabilidade. Esta reedição do manual com as Normas de Classificação de Citros de Mesa foi definida como meta do projeto Produção Integrada de Citros PIC, e a Coopercitrus participa desde 2001 do programa fazendo parte do Comitê que criou as Normas da PIC no Brasil.

Informativo: Como se deu esta parceria?

José Antonio: Sempre vemos a Coopercitrus envolvida e apoiando ações em prol dos produtores. Quando apresentamos o esboço da manual para o Dr. João Pedro Matta, a aprovação foi imediata e esta era uma oportunidade para despertar e implementarmos o mercado brasileiro para frutas cítricas frescas. Temos um grande mercado consumidor que busca por produtos de qualidade, paga por isso e necessitamos estimular a produção e preparar o comercio para atender esta demanda. A Coopercitrus cresceu com a citricultura paulista, atravessou períodos de crise e abundância no setor, diversificou as áreas de atuação, apoiando a pesquisa e o desenvolvimento agrícola. Neste momento investir e melhorar a qualidade de frutas de mesa no Brasil se mostra como um excelente negócio.

Informativo: Como foi estruturado este Guia, qual o processo adotado?

José Antonio: Havia a necessidade de atualização dos antigos folders com as normas de classificação de laranja, tangerina e lima ácida do CEAGESP, pois novas variedades, embalagens, índices para classificação e caracterização de defeitos e doenças precisavam ser divulgados de forma simples e clara aos produtores, mercadistas e consumidores. Para cumprir a meta do projeto PIC junto ao Ministério da Agricultura e CNPq, foi proposto ao CEAGESP a atualização num Manual para Citros. Para efetivar outros parceiros foram contatados entre eles podemos citar o Centro de Citricultura Sylvio Moreira/APTA-IAC que cedeu fotos de variedades, e outras empresas envolvidas com a citricultura. Um modelo foi proposto e discutido tecnicamente com base na legislação e aplicabilidade, buscando facilitar o entendimento e implementação nas práticas de pós colheita e comercialização de citros no Brasil.

Informativo: Quais os benefícios que o citricultor terá se seguir as normas indicadas pelo Guia?

José Antonio: Estas são as normas oficiais brasileiras para a classificação de citros de mesa. O produtor atendendo as normas cumpre a legislação brasileira, melhora e padroniza a classificação, a qualidade, apresentação e tempo de vida da fruta da colheita até a mesa do consumidor. Frutas selecionadas, classificadas e com qualidade remuneram melhor o produtor e agradam os consumidores. Desta maneira se espera aumentar o consumo de fruta fresca no mercado interno e oferecer uma maior diversidade de variedades para os consumidores.

Informativo: Onde o guia estará disponível?

José Antonio: Na Coopercitrus, no CEAGESP SP, na Apta Colina, no Centro de Citricultura em Cordeirópolis e na EECB.

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Fonte:
Coopercitrus

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