Apesar da recuperação dos últimos dias, café deve seguir abaixo dos picos do ano
Desde que atingiu a menor cotação em seis meses, no último dia 8, a commodity negociada em Nova York subiu quase 13%. Ontem, apesar do pessimismo nos mercados globais, os contratos de segunda posição de entrega (dezembro) fecharam a US$ 2,6840 por libra-peso, com valorização de 160 pontos. Segundo analistas, o mercado vem reagindo à retomada das compras por parte das torrefadoras, que devem começar a recompor estoques para o próximo inverno no Hemisfério Norte, quando o consumo cresce. A queda do dólar também influencia o movimento desde o dia 8, mas ontem houve ganhos mesmo com a valorização da moeda americana.
No entanto, é forte o sentimento de que as máximas do ano ficaram definitivamente para trás. Em relatório publicado esta semana, analistas do banco de investimento Barclays Capital apontaram que os preços médios da commodity devem ficar próximos de US$ 2,25 por libra-peso no terceiro trimestre e de US$ 1,95 no quarto, depois de alcançarem US$ 2,71 entre abril e junho deste ano.
O Barclays sustenta que a produção global de café, que bateu recorde na safra 2010/11, deverá atingir um novo pico em 2011/12, embora com crescimento inferior aos 6% observados na temporada passada. A expectativa é de uma colheita de 138 milhões de sacas, 1,5% maior que a do ano passado - a Organização Internacional do Café (OIC) prevê uma queda de 2%, para 130 milhões de sacas.
O banco atribui o menor incremento ao Brasil, que está colhendo uma safra 9,5% menor devido ao ano de baixa produtividade no ciclo bianual da lavouras. "De todo modo, será uma produção recorde para um ano de baixa", pondera. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país deve colher 43,5 milhões de sacas este ano. A estatal está fazendo um novo levantamento, que deverá ser divulgado em breve.
Segundo o banco de investimento, a safra 2011/12 deverá registrar um excedente "modesto" de 1 milhão de sacas, que deverá pesar sobre as cotações no segundo semestre e, sobretudo, em 2012, com a expectativa de uma nova produção recorde e um excedente maior. O Barclays pondera, no entanto, que os preços "seguem vulneráveis a revisões nas estimativas de oferta, uma vez que os estoques continuam em patamares relativamente baixos".
A decisão recém-anunciada pela rede americana Smucker's, de reduzir em 6% o preço de suas linhas de café nos EUA, parece corroborar a expectativa de menor pressão de alta sobre os preços do café verde. Ao longo do último ano, a companhia aumentou em mais de 23% seus preços devido ao rápido crescimento dos custos de produção.
A maior cautela dos especuladores no mercado também chama a atenção. A posição líquida de compra dos fundos - que representa a aposta desses agentes na alta dos preços - vem diminuindo ao longo do ano: de 42,4 mil contratos, em janeiro, para 6,1 mil no começo de agosto. Este é o menor patamar desde abril de 2010, embora ainda sinalize um sentimento positivo em relação à commodity.
Apesar disso, Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, não vê espaço para preços sensivelmente mais baixos antes de 2013. "Os estoques mundiais nunca foram tão pequenos, e o equilíbrio entre oferta e demanda deve se manter precário mesmo que tenhamos um safra cheia em 2012, o que nada garante", afirma. Segundo ele, apenas uma queda no consumo provocada por uma forte recessão global poderia abrir espaço para um recuo. "É bom lembrar que o consumo não caiu com a crise de 2008".
Carvalhaes chama a atenção, ainda, para os problemas de produção na Colômbia. O maior produtor mundial de arábica de alta qualidade há anos enfrenta adversidades relacionadas ao clima e a pragas. Os últimos dados da Federação dos produtores de Café da Colômbia mostram que as exportações recuaram 25% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto a produção caiu 33%. A expectativa da Fedecafé é que a produção de 2011 seja 5,3% menor do que a de 2010.
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