DA REDAÇÃO:Homenageado pelo dia do agricultor, Fernando Penteado aproveita para falar sobre plantio sustentável
O sistema entrou no país na década de 70, mas só se difundiu nos anos 80. Hoje, 95% das lavouras de soja utilizam o plantio direto. Trata-se de uma técnica altamente sustentável, que protege a terra contra a erosão, mantém a sua fertilidade, recompõe o húmus e melhora as propriedades químicas e físicas do solo.
O engenheiro explica que o plantio direto nada mais é que uma repetição do que acontece na floresta, onde o solo fica protegido por uma camada de detritos orgânicos. A palha e restos sobre a terra nas plantações representam esses detritos em decomposição.
Não há necessidade de preparo do solo, o agricultor apenas faz sulcos para que as plantas fiquem mais encobertas. Assim, o sistema custa menos que as outras práticas e não perde em produtividade.
Além disso, o plantio direto oferece as vantagens de melhorar a permeabilidade do solo, já que uma quantidade maior de água da chuva consegue penetrá-lo. Essa água ainda alimenta o lençol freático. Quando há chuvas abundantes, que saturam o solo, o excedente de água escorre em meio aos detritos, chegando limpa no fim do declive.
Panorama histórico
Em 1936, época em que Fernando ingressou na universidade, Esalq (Piracicaba), a agricultura era baseada no café em decadência, com a terra cansada, erodida, em plena luta pela restauração da fertilidade.
Quando o engenheiro assumiu a fazenda da família, a fertilidade do solo baixa fez com que ele buscasse fertilizantes. Porém, como eram anos de guerra, não era possível importar o insumo. Com seu conhecimento, Fernando resolveu comprar as cinzas provenientes das 80 milhões de sacas de café e algodão, queimados por produtores que apenas queriam se ver livres dos produtos. As cinzas foram usadas, com sucesso, como fertilizante. Assim, o engenheiro partiu para um novo negócio, a comercialização de cinzas como fertilizantes.
Hoje, Fernando luta para que a humanidade tenha consciência de que vai depender de mais alimentos para sobreviver com o crescimento da população mundial. Alimentar o mundo, ter uma mesa farta e exportar alimentos para outras nações que necessitem. “Temos que preservar isso”, defende.
Norman Borlaug
Prêmio Nobel da Paz, conhecido como introdutor da agricultura verde, Norman Borlaug, ajudou a Índia a ampliar o uso de fertilizantes e sementes, ajudando, assim, a reduzir a fome no país. Lá, Borlaug estabeleceu lavouras de variedades de trigo, trazidas do México, com sucesso.
Norman Burlok era muito persuasivo e convenceu o governo indiano a adotar medidas que facilitassem o uso dessas culturas, como importação de sementes sem burocracia, retirada do gravame para subsidiar fertilizantes e preços adequados aos produtos agrícolas. Com isso, a Índia progrediu muito.
Em visitas ao Brasil, Borlaug buscou novas variedades de trigo a fim de levar para o México. Certa vez, durante uma conferência em Nova Orleans, Borlaug escreveu sobre o cerrado brasileiro, defendendo a possibilidade de transformar a sua terra fraca em fértil.
Em 1995, Fernando teve a idéia de convidar Borlaug a vir ao Brasil e percorrer a região central do país. Ao se deparar com a conversão das terras fracas em férteis, Borlaug exclamou: “o que vocês estão fazendo no cerrado é o maior acontecimento agrícola do século XX!”.
Fundação Agrisus
Completando 10 anos, a Fundação Agrisus foi recentemente homenageada pelo Instituto Agronômico de Campinas por ser uma das únicas entidades particulares do Brasil a ensinar agricultura com recursos próprios.
A Agrisus fornece dinheiro a fundo perdido tanto para a educação individual (bolsas e viagens) e educação coletiva (eventos, bibliotecas e publicação de livros), quanto para embasamento da educação (pesquisa agrícola em tecnologias, métodos e sistemas).
Desde quando era diretor da Manah, empresa de fertilizantes, na década de 50, Fernando se preocupava com o financiamento de pesquisas para o melhor aproveitamento desse insumo na agricultura. A criação da Agrisus foi uma forma de dar continuidade a essas pesquisas e, de certa forma, retribuir a satisfação que o engenheiro sente pelo setor agrícola. “A vida de agrônomo foi muito gratificante e queria ter a oportunidade de devolver um pouco à agricultura o muito que ela deu à minha carreira”, diz.
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