Final de safra de soja pode ter perdas de R$ 1,82 bilhão
“O cenário é realmente preocupante porque o câmbio irá corroer parte da renda dos produtores”, alerta o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro. Segundo ele, dólar desvalorizado dificulta a situação do setor agrícola no Estado, que amargou nesta safra perdas significativas com o milho, em função da estiagem. Ele manifestou receio de que a volatilidade do câmbio possa reduzir a rentabilidade das culturas de exportação.
“A economia brasileira e todo setor que depende de exportação está sofrendo. A verdade é que hoje os preços da soja em dólar estão acima da média, o que está suavizando os efeitos da crise. Mas o quadro é bastante preocupante”. Ele informou que 90% da safra mato-grossense já foram comercializados.
“Dólar baixo significa perda de rentabilidade do produtor, devido ao descasamento entre receita e despesa. Este prejuízo inviabiliza totalmente o setor, principalmente das commodities, como é o caso da soja”, afirmam os analistas, admitindo que o produtor terá de assumir os prejuízos decorrentes da queda de renda provocada pela desvalorização cambial.
O movimento de alta ou baixa na cotação do dólar – como o que está ocorrendo nas últimas semanas - tem impacto direto nos custos do frete e na formação dos preços da soja. Segundo Marcelo Monteiro, o produtor é o que mais tem sofrido nas últimas safras com a volatilidade do dólar. “O resultado deste descompasso entre custos e dólar é a queda, ano a ano, da renda agrícola. A soja é a commodity mais prejudicada com estas variações”.
De acordo com o diretor da Aprosoja/MT, dólar baixo afeta, principalmente, aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento, como Mato Grosso. "O real é a moeda que forma o valor do transporte no Brasil. Quando este custo é convertido para dólar nas baixas cotações, precisamos de mais reais para pagar o frete”, explica.
Ele cita o exemplo dos produtores de Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), que pagam atualmente R$ 216 por tonelada para transportar a soja até ao porto de Paranaguá (PR). “Se o dólar estivesse cotado a R$ 2, o valor do frete seria de US$ 108 por tonelada. Como está cotado a R$ 1,58, o custo sobe para US$ 137/t. A diferença significa dois dólares a mais de custo para o produtor por saca. É muito impactante para a renda. O real mais valorizado gera uma inflação de custo em dólar”.
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