Crise na Líbia: Rebeldes cercam ditador líbio em Trípoli

Publicado em 24/02/2011 09:19
Forças anti-Muammar Gaddafi reivindicam o controle de toda região leste da Líbia e da fronteira com a Tunísia (na Folha de S. Paulo)

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Opositores entoam cânticos anti-Gaddafi em uma praça de Benghazi

O cerco contra Muammar Gaddafi apertou ontem, quando rebeldes tomaram cidades próximas de Trípoli, capital e um dos últimos bastiões do ditador líbio.
Deserções continuaram, uma delas de forma espetacular: dois pilotos de um caça desobedeceram ordens de bombardear manifestantes em Benghazi, ejetaram-se e deixaram a aeronave se espatifar no solo.
Governos europeus passaram a temer a fuga em massa de jovens árabes para o continente. O preço do barril de petróleo subiu novamente, para US$ 111.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que Gaddafi sofrerá as "consequências" da onda repressora, que pode ter matado mil pessoas. Um navio partiu da Grécia para resgatar trabalhadores de empresas brasileiras que operam na Líbia. Cinco funcionários da Andrade Gutierrez chegaram a Portugal.

Pilotos recusam ordem de ataque aos rebeldes e se ejetam de caça

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças antigoverno fecharam o cerco ontem ao ditador da Líbia, Muammar Gaddafi.
Após uma semana de choques, opositores reivindicam controle do leste do país e da fronteira com a Tunísia, cercando o governo em Trípoli.
Segundo relatos, milhares de mercenários de países vizinhos contratados por Gaddafi dirigiam-se para a capital a fim de garantir o controle sobre o aparentemente último reduto da ditadura líbia.
Em novo sinal de implosão do regime, dois pilotos da Força Aérea líbia ejetaram-se de um caça Sukhoi no deserto após rejeitarem ordens para atacar a cidade de Benghazi, a segunda maior da Líbia e sob controle opositor.
Um deles, pertence à mesma tribo de Gaddafi, indício de deserção numa das principais bases do seu regime.
Após controlarem toda a região leste a partir de Benghazi, opositores disseram ontem ter dominado Misratah, a terceira maior do país, e outras duas cidades no golfo de Sirt -terra do ditador.
A oeste de Trípoli, rebeldes anunciaram o controle de cidades a 50 km da capital.
Mesmo na capital, no entanto, onde há registro de tiros e violência nas principais vias, opositores se organizavam para estabelecer pauta de reivindicações ao regime.
Embora não seja clara a composição das forças opositoras, estas têm atraído desde intelectuais, juízes, médicos e jornalistas -uma classe média líbia- a dissidentes de tribos que compõem a intrincada base do regime.
Entre as reivindicações da oposição tornadas públicas estão uma assembleia nacional com representantes das regiões do país para estabelecer governo interino e o estabelecimento de uma Constituição -que o país não tem.
Mas Gaddafi não dá sinais de que pretenda deixar o cargo que ocupa desde 1969, quando assumiu o poder mediante um golpe de Estado.
Anteontem, em discurso à TV estatal de mais de uma hora, o ditador afirmou que só sai como mártir, qualificou os opositores de "drogados" e "bêbados" e exortou partidários a perseguir os rebeldes "nas suas casas".
Ontem, o vice-chanceler líbio, Khaled Kaim, tentou angariar apoio externo afirmando que o leste do país tomado pela oposição já abriga um emirado da rede terrorista Al Qaeda governado por ex-detento de Guantánamo -prisão dos EUA em Cuba.

MIL MORTOS
Os protestos opositores na Líbia tiveram início há cerca de uma semana, na esteira da onda de revolta popular que varreu do mapa os ditadores da Tunísia e do Egito.
Desde o fim de semana, a versão líbia da onda tem se caracterizado pelo grau de violência da repressão pelo governo. O chanceler italiano, Franco Frattini, disse ontem achar que estimativas de até mil mortos são "críveis".
A deterioração da situação no país já leva a especulações sobre cenários pós-Gaddafi, cujo regime se caracterizou por centralização e bloqueio à ascensão de nomes.
Um dos citados para sucedê-lo, porém, é o chefe da empresa estatal de petróleo, o ex-premiê Shukri Ghanem.
Já um dos filhos do ditador, Saadi, afirmou ao "Financial Times" que um novo governo poderia ter Gaddafi no papel de "grande pai".

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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