Produção de alimentos precisa crescer 40% em 20 anos
Para o cientista John Beddington, chefe do Conselho Científico do Governo e líder do programa Foresight, a população mundial chegará a aproximadamente 8 bilhões de pessoas em 20 anos, o que gerará um aumento da demanda não apenas por comida, como também por água potável (30%) e energia (50%).
"O estudo mostra que o sistema alimentar já está falhando em pelo menos duas maneiras: em primeiro lugar, é insustentável, com recursos que estão sendo utilizados mais depressa do que pode ser naturalmente reposto; em segundo lugar, um bilhão de pessoas passam fome, e outro bilhão consome menos do que o necessário”, enfatiza Beddington.
Desafios para o futuro
O documento ressalta que, para transformar esse cenário, não há uma solução única. Segundo o material, será necessário um conjunto de ações que proporcione importantes mudanças nos sistemas de produção, gerando aumento da oferta de alimentos em linha com práticas sustentáveis e preservação do meio ambiente.
Para tanto, os pesquisadores recomendam que não sejam descartadas as novas tecnologias, a exemplo da modificação genética de organismos vivos, a clonagem na pecuária e a nanotecnologia, uma vez que cresce consistentemente a necessidade de desenvolver variedades mais produtivas, que reduzam a maior resistência a doenças e que possam crescer em solos salinos, regiões secas ou que sofram inundações decorrentes das mudanças climáticas.
O documento ressalta ainda a importância da pesquisa científica para a solução de problemas no longo prazo. O novo conhecimento é também necessário para que o sistema alimentar se torne mais sustentável, para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas e para atender as necessidades dos mais pobres do mundo. Esses desafios exigirão soluções nos limites da engenhosidade humana e na vanguarda do conhecimento científico. Nenhuma tecnologia ou uma intervenção é um panacéia, mas há ganhos sustentáveis reais pela combinação da biotecnologia, agronomia e abordagens agroecológicas.
Os investimentos devem ser realizados não apenas na importante área de pesquisa biotecnológica, mas em todos os campos das ciências naturais e sociais envolvidos no sistema alimentar.
O relatório, que levou dois anos para ser concluído, consistiu da revisão de mais de 100 estudos científicos e envolveu 400 especialistas de 35 países.
No Brasil
O estudo cita o Brasil e enaltece a adoção de políticas sociais adotadas para combater a fome e a pobreza. A experiência brasileira da última década, segundo o documento, mostra que, com as ferramentas certas e com vontade política, a pobreza e a fome podem ser reduzidas.
1 comentário
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Flavio Schirmann Formigueiro - RS
FOME SE COMBATE COM AGROPECUÁRIA FORTE, só falta vontade poítica dos mandantes do mundo.Sobram alimentos para quem tem dinheiro e não tem necessidade de consumo, penaliza-se os agricultores obrigando-os a manter altos estoques de produtos alimentícios. Por que países ricos não doam, pelo menos arroz e leite em pó para os miseráveis do mundo que estão a morrer de fome???