Produtores de soja convencional recebem prêmio
A valorização acontece, segundo ele, porque se trata de um produto com custo operacional maior. O grão precisa ser separado, passa por testes de avaliação e necessita de armazenagem e transporte diferenciado. Tudo isso onera o processo. "Então, quem quer o grão convencional precisa pagar por isso", afirma Mafioletti, acrescentando que a oleaginosa convencional se tornou um nicho de mercado. Ele ainda lembra que entre 65% e 70% da soja produzida no Paraná segue para exportação.
Sem dados precisos - a Ocepar avalia que 65% da área plantada de soja no Estado seja transgênica - a tendência é que o volume de produção do grão convencional seja reduzido a cada período. Mafioletti acredita que, por conta disso, nos próximos anos, o pagamento do prêmio para o produtor que investir nas variedades não modificadas geneticamente deverá ser maior. E destaca que algumas cooperativas do Estado tem feito a segregação desse material para colocar nesse mercado mais exigente.
É o caso da Coamo, com sede em Campo Mourão, na região centro-oeste do Paraná. Lá, os produtores têm recebido um prêmio em torno de R$ 1,60 por cada saca de soja convencional. Isso se deve, principalmente, à exigência de clientes da França e da Alemanha, adeptos do produto não modificado geneticamente. Essa valorização, entretanto, acontece nessa temporada porque os contratos com esses clientes foram firmados em meados do segundo semestre do ano passado. "Mas para o ano que vem está tudo indefinido ainda", frisa José Aroldo Galassini, diretor-presidente da Coamo.
Segundo ele, a cooperativa pretende firmar acordos para venda da soja convencional da temporada 2010/11 já no início do segundo semestre deste ano. Dessa forma, o produtor poderá definir com antecedência qual soja vai cultivar. Galassini corrobora a opinião de Mafioletti de que está ficando cada vez mais difícil produzir o grão convencional. ""O processo de segregação e logística é complicado e oneroso, e a cada ano as variedades transgênicas colocadas no mercado são mais produtivas"", observa.
O que vai ditar o futuro dessa produção, contudo, é mesmo a exigência do mercado, acredita o representante da Coamo. Conforme Galassini, o volume de soja geneticamente modificada na região da cooperativa chegou a 68%. No último ciclo, a porcentagem era de 55% de materiais transgênicos e 45% de convencionais. A previsão da indústria é receber mais de 3 milhões de toneladas de soja nesta safra.
Produção do Paraná
Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) dão conta de que 96% da soja produzida no Paraná já foi colhida até essa semana. Segundo Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Deral, o órgão não realizou ainda um levantamento para apurar qual o volume de transgênicos cultivado. Estima-se, de acordo com dados da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas, que na safra 2008/09 dos materiais disponibilizados para plantio, cerca de 47% era geneticamente modificado. Este ano, o órgão ainda está levantando os números.
Em relação aos preços praticados atualmente, como um todo, Hubner aponta que os valores caíram cerca de 30%. Em abril de 2009, por exemplo, o produtor recebia até R$ 44 por saca. Este mês, conforme cálculo do Deral, a média tem sido de R$ 30. "O consumo do mercado internacional caiu, além disso esta safra tem sido recorde e a oferta está alta", justifica. O último levantamento do Deral apontou para uma colheita de 13,9 milhões de toneladas da soja na safra 2009/10. Na temporada anterior, o volume foi de 11,7 milhões de toneladas.
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