Cientista americano apela para as hidrovias
O cientista norte-americano, que estuda a região há quatro décadas e ficou famoso também por criar o termo "biodiversidade", conclamou o governo brasileiro a esquecer as estradas na floresta e investir em hidrovias, aproveitando o potencial ímpar de volume de água e fácil acesso para navegação da região. Lovejoy mostrou na tela imagens da Transamazônica - ainda incompleta - que considera um fracasso, e alertou que abrir estradas ali pode destruir a floresta amazônica em 20 anos.
- Os fragmentos de florestas são áreas verdes cercadas por áreas sem cobertura vegetal e uma porção de 100 hectares, por exemplo, inicialmente perde todas as grandes árvores e depois 30% da biomassa geral e é eliminada do mapa em apenas 15 anos - argumentou Lovejoy.
Segundo o especialista, além da derrubada de milhares ou milhões de árvores para abrir uma estrada na região, na esteira vem a ocupação, criando vilas e até cidades no decorrer das décadas.
A tese incomodou o governador do Amazonas, Eduardo Braga, que defendeu depois as estradas, mas com obras sem grande impacto.
Sem elas, disse o governador e a diretora da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Sufama), Flávia Grosso, não haverá progresso na região.
- A ligação das cidades amazônicas por estradas garante que não fiquemos isolados aqui no meio da floresta. Na última grande seca, ocorrida em 2005, a população do interior do Amazonas quase ficou completamente sem ligação com a capital - lembrou Braga, que defendeu as rodovias.
Thomas Lovejoy hoje é presidente do Centro Heinz de Ciência, Economia e Ambiente, em Washington (EUA). Ele acredita, em sua tese, que já possibilidade de crescimento e desenvolvimento sustentável da região apenas com hidrovias e ferrovias - poucas.
Hoje, o estado, que detém a grande parte da floresta amazônica, possui 62 municípios espalhados em 6,9 milhões de quilômetros quadrados. Apenas três hidrovias ligam as cidades, só duas com condições de navegações. (L.M.)
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