Já escrevi aqui que tenho simpatia pela luta contra o câncer de José Alencar (PRB), vice-presidente da República. Um esforço que realmente o dignifica. Por isso mesmo, o horário político de seu partido que foi ao ar há pouco esteve muito abaixo da grandeza que ele atingiu. Optou-se pela exploração descarada da doença, com um apelo em que se justaram dois messianismos: aquele propriamente dito e o lulismo.
Alencar foi apresentado como aquele que “enfrenta um câncer há 12 anos, que já fez 15 cirurgias e que esteve sempre ao lado de Lula”. Não dá, vice-presidente! Isso diminui a sua figura e a sua luta.
Mas ainda era pouco: ouve-se a voz de Lula dizendo que Alencar vai vencer a luta. Premonitório!
O locutor diz que Alencar “chegou a ser desenganado”. E ele próprio surge para anunciar que seu tratamento foi bem-sucedido. Não se fala em cura do câncer no partido de Edir Macedo, mas a sugestão é essa. E isso, evidentemente, é uma mentira!
Alencar repetiu lá aquela variante de silogismo que já havia dito na Câmara: “Se Deus quer me levar, não precisa do câncer; mas, se não quer, não há câncer que me leve. E eu estou desconfiado que ele não quer me levar”. Então tá bom…
O programa cantou as glórias de Lula etc e tal, mas foi pensado para Minas. Eu realmente lamento que seja assim. A luta serena contra qualquer doença dignifica. Fazer da doença uma alavanca política rebaixa.