Governo vê a questão cambial como superada
A preocupação do governo com a sobrevalorização do real está praticamente superada. A taxação do investimento externo com uma alíquota de 2% do IOF - combinada com a tendência de valorização do dólar no mercado internacional e o aumento do déficit em conta corrente do país em 2010 - "vai levar a taxa de câmbio para um patamar satisfatório", disse ao Valor o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"Estabilizamos o câmbio há cinquenta dias, quando a cotação do dólar estava a R$ 1,70". O ministro estima que sem a taxação com o IOF o dólar já estaria na casa do R$ 1,50. "Evitamos uma bolha no mercado de ações e no câmbio".
Outro fator que vai ajudar a depreciar o real, além da expectativa de aumento dos juros nos EUA, é, segundo Mantega, a elevação do déficit em transações correntes do país em 2010. A economia global não se recuperou e o Brasil cresce mais rapidamente que o resto do mundo. "Nesse quadro, as nossas importações crescerão mais que as exportações, o que levará ao aumento do déficit em transações correntes", disse o ministro. Segundo estimativas do Banco Central, o déficit deve chegar a US$ 22,7 bilhões neste ano e subir para US$ 33,5 bilhões em 2010. Extraoficialmente admite-se, no governo, que possa ir muito além dessa cifra, chegando a 3% ou 3,5% do PIB.
Mantega acredita que não chegará a tanto e vê a piora das contas externas como passageira. "Até os mais empedernidos ortodoxos dizem que não há problema em ter déficit em conta corrente. Ele é bom se for canalizado para o investimento". O desempenho externo voltaria a melhorar "lá para 2012", com a recuperação da economia mundial.
Mas o problema da valorização do real continua preocupante para os exportadores, que lançam mão de diferentes estratégias para sobreviver: aumento de preços, uso de instrumentos financeiros, reforço de vendas no mercado interno e busca de novos mercados. Muitas empresas trocaram o fornecedor interno pela importação para reduzir custos. Um caso emblemático é o da Tecumseh, fabricante de compressores. Antes da valorização do real, ela praticamente não importava aço. Hoje, importa 15% de suas necessidades e, se o dólar continuar depreciado, importará 40% em 2010, prevê o diretor Domingos Darezzo.
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