Dólar avança mais de 1% com temores de recessão após nova ameaça de Trump à China
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia mais de 1% ante o real nesta segunda-feira, acompanhando os ganhos da divisa norte-americana no exterior, conforme investidores reagiam a uma nova escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China após declaração do presidente Donald Trump.
Às 12h41, o dólar à vista subia 1,37%, a R$5,9182 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,93%, a R$5,938 na venda.
Trump apresentou na quarta-feira um plano para implementar uma tarifa de 10% sobre todas as importações norte-americanas, com taxas "recíprocas" mais altas para os países que apresentarem um desequilíbrio comercial com a maior economia do mundo, com destaque para a taxa de 34% sobre a China.
As taxas apresentadas pelo presidente dos EUA foram mais altas do que o esperado e não têm estimulado negociações bilaterais, como era a expectativa de agentes financeiros, com China, União Europeia e outros países optando pelo caminho da retaliação por enquanto.
Em sua mais recente declaração sobre o tema, Trump disse nesta segunda-feira que os EUA imporão uma taxa adicional de 50% sobre os produtos chinesas caso Pequim não retire até terça-feira sua medida retaliatória -- uma sobretaxa de 34% contra as tarifas norte-americanas.
Trump ainda acrescentou que todas as conversas entre EUA e China sobre reuniões solicitadas por Pequim serão encerradas.
A notícia acirrava ainda mais os temores de que as medidas de Trump possam causar uma forte desaceleração econômica ao redor do mundo.
Em meio às preocupações com a atividade econômica global, investidores optavam por buscar ativos seguros, como títulos governamentais, metais preciosos e moedas fortes, o que prejudicava ativos de países emergentes, como o Brasil.
"Não apenas as tarifas de Trump foram muito mais severas do que o esperado, mas a maneira arbitrária e caótica com que os números reais foram produzidos assustou ainda mais os investidores", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
"Estamos no início de uma nova novela, e uma coisa é certa: sendo uma moeda emergente, altamente exposta às commodities e aos principais atores desse confronto (EUA e China), o real enfrentará dias, talvez meses, de grandes oscilações", completou.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,85%, a 103,470.
A moeda dos EUA também avançava sobre pares do real, como peso mexicano, rand sul-africano e peso chileno.
Mais cedo, o dólar chegou a devolver todos os ganhos da sessão frente ao real após a circulação de uma suposta fala do assessor econômico da Casa Branca Kevin Hassett sobre a possibilidade de Trump adiar a implementação das tarifas sobre os parceiros comerciais, com exceção da China, por 90 dias.
Nesse cenário, o dólar atingiu a cotação mínima do dia, R$5,8163 (-0,38%), às 11h16.
Minutos depois, no entanto, a Casa Branca negou a informação, chamando-a de "notícia falsa", o que provocou uma retomada da força do dólar no Brasil e nos mercados globais.
A máxima da sessão, a R$5,9301 (+1,57%), foi alcançada após as falas de Trump nesta segunda, às 12h31.
0 comentário

Trump ameaça cortar contratos de Musk enquanto explode disputa sobre lei de redução de impostos

Ibovespa fecha em queda pressionado por bancos; Suzano sobe após joint-venture

Dólar fecha abaixo de R$5,60 pela 1ª vez no ano com impulso do exterior

Telefonema entre Trump e Xi Jinping faz dólar cair e mercado segue atento aos dados da economia americana

Superávit comercial do Brasil fica abaixo do esperado em maio com maior importação, venda de aves recua com gripe aviária

Trump diz que acordo comercial com Pequim está em "boa forma" e que visitará a China