Dólar avança com temores de recessão após tarifas dos EUA
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista voltava a subir ante o real nesta segunda-feira, acompanhando os ganhos da divisa norte-americana no exterior, à medida que os investidores continuavam ponderando sobre os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fomentavam temores de uma recessão global.
Às 9h46, o dólar à vista subia 0,56%, a R$5,8711 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,47%, a R$5,911 na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 3,72%, a R$5,8382.
A política comercial dos EUA era novamente o principal foco dos mercados globais, uma vez que as tarifas anunciadas por Trump na semana passada geravam temores de uma guerra comercial ampla, o que poderia elevar a inflação global e provocar uma recessão em diversos países.
Trump apresentou na quarta-feira um plano para implementar uma tarifa de 10% sobre todas as importações norte-americanas, com taxas "recíprocas" mais altas para os países que apresentarem um desequilíbrio comercial com a maior economia do mundo.
As taxas apresentadas pelo presidente dos EUA foram mais altas do que o esperado e não têm estimulado negociações bilaterais, como era a expectativa de agentes financeiros, com China, União Europeia e outros países optando pelo caminho da retaliação por enquanto.
Trump disse no domingo que não pretende negociar qualquer acordo com a China sem resolver o déficit comercial dos EUA e minimizou a reação dos mercados a suas ações.
Em meio às preocupações com a atividade econômica global, investidores optavam por buscar ativos seguros, como títulos governamentais, metais preciosos e moedas fortes, o que prejudicava ativos de países emergentes, como o Brasil.
"Não apenas as tarifas de Trump foram muito mais severas do que o esperado, mas a maneira arbitrária e caótica com que os números reais foram produzidos assustou ainda mais os investidores", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
"Estamos no início de uma nova novela, e uma coisa é certa: sendo uma moeda emergente, altamente exposta às commodities e aos principais atores desse confronto (EUA e China), o real enfrentará dias, talvez meses, de grandes oscilações", completou.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,27%, a 102,880.
A moeda dos EUA também avançava sobre pares do real, como peso mexicano, rand sul-africano e peso chileno.
Na cena doméstica, analistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus mantiveram suas projeções para a inflação e o crescimento do Brasil neste ano e no próximo, com as expectativas em relação ao patamar da taxa de juros em 2025 e 2026 também inalteradas.
0 comentário

Ibovespa fecha em queda pressionado por bancos; Suzano sobe após joint-venture

Dólar fecha abaixo de R$5,60 pela 1ª vez no ano com impulso do exterior

Telefonema entre Trump e Xi Jinping faz dólar cair e mercado segue atento aos dados da economia americana

Superávit comercial do Brasil fica abaixo do esperado em maio com maior importação, venda de aves recua com gripe aviária

Trump diz que acordo comercial com Pequim está em "boa forma" e que visitará a China

Wall Street cai com perdas da Tesla e os investidores e foco em dados sobre empregos