Dólar oscila pouco com mercados à espera de dados de inflação dos EUA
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista oscilava pouco nesta quarta-feira, com investidores demonstrando cautela antes da divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos que podem moldar a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve este ano.
Às 9h52, o dólar à vista subia 0,25%, a 6,0617 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,34%, a 6,062 reais na venda.
Nas primeiras sessões deste ano, o foco dos investidores tem se voltado para o cenário externo, à medida que se posicionam para o início do governo de Donald Trump nos Estados Unidos e buscam projetar a trajetória da política monetária do Fed.
Nesse último ponto, a avaliação de dados sobre a economia norte-americana tem sido fundamental, principalmente em relação ao mercado de trabalho e à inflação, uma vez que o Fed almeja trazer o nível dos preços de volta para a meta de 2% e manter a taxa de desemprego em patamar baixo.
Com isso, o destaque deste pregão será a divulgação de dados de inflação ao consumidor, às 10h30, que podem moldar as próximas decisões do banco central dos EUA. Economistas consultados pela Reuters esperam um ganho de 0,3% para os preços na base mensal em dezembro, mesmo número do mês anterior.
Na base anual, o índíce deve acelerar para 2,9%, de 2,7% em novembro.
Um dado acima do esperado, no entanto, pode consolidar ainda mais as expectativas de que o Fed manterá os juros inalterados na reunião deste mês e fará apenas um corte de 25 pontos-base nos juros até o fim do ano, uma visão sustentada por dados fortes de emprego divulgados na semana passada.
"A agenda segue quente sem que o mercado opere com uma tendência clara, principalmente antes de dados de inflação nos Estados Unidos, que aí sim devem balizar uma direção mais clara", disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Novas declarações do presidente eleito dos EUA também podem influenciar o sentimento dos investidores, que ponderam sobre com qual agressividade e rapidez Trump pretende implementar seus planos de imposição de tarifas de importação.
Uma reportagem da Bloomberg na véspera sugeriu que assessores de Trump estariam explorando a possibilidade de impor aumentos graduais nas tarifas, a fim de evitar um surto inflacionário, o que trouxe um pouco de alívio nos mercados e fez o dólar acumular algumas perdas.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,02%, a 109,180.
Na cena doméstica, o início do ano tem sido marcado por poucas notícias e dados relevantes, após o enorme receio fiscal demonstrado no ano passado que fez o dólar disparar nas últimas sessões de 2024.
O mercado também se prepara para um esperado aperto na taxa de juros nos primeiros meses do ano, com o Banco Central tendo sinalizado que realizará dois aumentos de 1 ponto percentual na Selic, agora em 12,25% ao ano, nas duas primeiras reuniões de 2025.
Analistas apontam que as preocupações com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas devem continuar sendo o principal tema no cenário doméstico neste ano.
"O problema do Brasil é fiscal e enquanto o governo não apresentar medidas materiais que possam construir uma ponte para 2026, o mercado vai ter episódios com tom de pessimismo", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Na frente de dados desta quarta, o volume de serviços teve em novembro queda de 0,9% em relação ao mês anterior, em resultado pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,3%. Essa foi a retração mais intensa até então no ano e a mais forte para meses de novembro desde 2015.
(Edição de Camila Moreira e Eduardo Simões)
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