Dólar recupera perdas pós-Copom e sobe mais de 1% em meio à falta de liquidez interna e cenário externo
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar subia frente ao real nesta quinta-feira, recuperando-se das perdas da manhã, uma vez que investidores deixavam de lado a euforia pós-Copom e observavam a desvalorização da bolsa brasileira, a força da moeda norte-americana no cenário externo e o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Às 14h07, o dólar à vista subia 1,23%, a 6,0320 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,75%, a 6,010 reais na venda.
No início da sessão desta quinta, o dólar chegou a recuar de forma acentuada com a reação positiva do mercado à decisão do Copom na véspera de elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e sinalizar mais duas altas de mesmo tamanho no próximo ano.
A sinalização para as duas próximas reuniões pegou os investidores de surpresa. Além do fato de o BC vir evitando o fornecimento de um "guidance" para seus encontros futuros, os analistas não previam duas altas da mesma magnitude no próximo ano.
A elevação da Selic aumenta o diferencial de juros do Brasil com as taxas de países com moedas fortes, como o caso dos Estados Unidos, o que torna o real bastante atrativo para operações de "carry trade".
Com isso, o dólar atingiu a mínima da sessão às 9h06, a 5,8696 reais (-1,50%).
Por volta das 12h15, no entanto, o dólar mudou de direção e passou a subir ante o real.
Segundo analistas ouvidos pela Reuters, o movimento ocorreu na esteira, primeiramente, das perdas na bolsa brasileira, que ocorriam justamente pela perspectiva de uma Selic mais alta do que o esperado para o início do próximo ano.
"Acho que a performance da bolsa está refletindo no câmbio. Então, está saindo dinheiro da bolsa e grande parte retornando para exterior e isso está impactando a liquidez", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
No exterior, o dólar também operava com força, subindo frente a maioria das divisas de países emergentes, como peso mexicano e rand sul-africano, o que também extraía recursos do mercado brasileiro.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,05%, a 106,600.
Alguns analistas também chamaram atenção para as notícias sobre o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na visão deles, o recuo da moeda norte-americana já tinha se dado em parte na véspera por conta da informação de que Lula seria submetido a um procedimento complementar da cirurgia de emergência que realizou antes para drenar um hematoma no crânio.
O argumento é que a perspectiva de que a saúde do presidente possa impedi-lo de buscar a reeleição em 2026 abre espaço para um nome mais alinhado ao mercado. Os médicos disseram que Lula deve deixar a terapia intensiva na sexta-feira.
"Houve uma reação inicial positiva à possibilidade de que Lula não tivesse condições de saúde para concorrer em 2026", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Mais cedo, o Banco Central vendeu um total de 4 bilhões de dólares em dois leilões com compromisso de recompra, mas as vendas não tiveram influência nas cotações.
(Edição de Alexandre Caverni)
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