Dólar sobe ante o real mesmo com leilão de US$4 bi do BC
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar voltou a subir ante o real nesta quarta-feira, mesmo com o Banco Central despejando 4 bilhões de dólares no mercado, em leilão no início da tarde, com as cotações no Brasil acompanhando o avanço firme da moeda norte-americana no exterior, em mais um dia de “Trump trade”.
Comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim da tarde ajudaram a aliviar as cotações.
O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,32%, cotado a 5,7917 reais. Em novembro, a divisa acumula elevação de 0,18%.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,92%, a 5,8100 reais na venda.
Pela manhã a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa firme, com o mercado à espera dos dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) anunciados pelo Banco Central anunciados na véspera. A queda ocorria na expectativa da injeção de 4 bilhões de dólares no mercado pela manhã, para atender demanda.
Tradicionalmente o BC realiza operações de linha nos últimos meses do ano para suprir a demanda de empresas e fundos, entre outros, que precisam enviar lucros e dividendos ao exterior.
Pouco depois do horário marcado para as operações, no entanto, o BC anunciou o cancelamento em função de “problemas operacionais”. Ao mesmo tempo, informou que os leilões ainda seriam realizados, mas em outro horário.
O cancelamento gerou mal-estar no mercado, ainda que o BC tenha deixado claro que as operações seriam realizadas.
Assim, após marcar a cotação mínima de 5,7222 reais (-0,89%) às 10h38, o dólar à vista migrou para o território positivo.
No início da tarde, o BC finalmente realizou os leilões, vendendo o total de 4 bilhões de dólares ofertados -- 2 bilhões de dólares com data de recompra em 2 de abril de 2025 e 2 bilhões com recompra para 2 de julho de 2025.
Mesmo com a colocação, o dólar seguiu no território positivo.
“Não fazia sentido (a alta do dólar com o cancelamento do leilão pelo BC), porque anunciaram que ainda seria feito. A alta do dólar tem mais de exterior do que de leilão”, ponderou durante a tarde Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.
Lá fora, o avanço da moeda norte-americana ocorria ainda em função da vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA na semana passada. Isso tem gerado expectativas de tarifas de importação potencialmente inflacionárias e outras medidas que favorecem o dólar.
A demora do governo Lula em anunciar seu pacote na área fiscal também sustentava o dólar no Brasil. Às 15h48 a moeda norte-americana à vista marcou a cotação máxima de 5,8167 reais (+0,75%).
Pouco depois deste horário, no entanto, Haddad deu declarações sobre o pacote fiscal, o que serviu para desinflar as cotações do dólar e o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
O ministro da Fazenda afirmou que o impacto fiscal do pacote será "expressivo", argumentando que a ideia é fazer rubricas do Orçamento se enquadrarem na regra de crescimento de despesa do arcabouço fiscal.
"Mais do que o número, que é expressivo, mais do que o número, que na opinião da Fazenda reforça o nosso compromisso de manter as regras fiscais estabelecidas desde o ano passado, mais do que isso é o conceito que nós utilizamos para fazer prevalecer essa ideia de que as rubricas devem todas elas, na medida do possível, ir sendo incorporadas a essa visão geral do arcabouço para que ele seja sustentável no tempo", disse.
Após os comentários de Haddad, o dólar à vista retornou para abaixo dos 5,80 reais.
No exterior, às 17h18, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,47%, a 106,490.
(Edição de Isabel Versiani)
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