Empreendedorismo rural na Bahia ainda esbarra em licenças para poder vender produtos em outros estados

Publicado em 11/11/2024 10:35 e atualizado em 11/11/2024 15:56
Diretor técnico do Sebrae detalha que é preciso articular políticas públicas para melhorar os sistemas e fazer com que pequenos produtores que processem seus produtos atinjam mais mercados

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A Bahia tem a maior população rural do Brasil, e não dá para falar sobre empreendedorismo, pequenos negócios, sem falar no agronegócio, do pequeno ao grande produtor. Franklin Santos, diretor técnico do Sebrae Bahia, explica que, no Estado, a maioria que compõe o setor produtivo baiano é de micro e pequenos produtores.

"Basicamente o nosso trabalho tem se fixado ao longo do tempo em entender estas cadeias produtivas, saber quais são os gargalos e dificuldades que os produtores têm, sempre que possível associá-los, trabalhar em conjunto, já que cooperar é uma excelente solução para o pequeno produtor, e a partir disso, buscar junto com outras entidades a capacitação para ganho de produtividade, prover ganho tecnológico na produção, para que ele tenha melhor lucratividade, melhor controle gerencial sobre o próprio negócio e, principalmente, melhor renda". 

Santos destaca que há um forte trabalho em promover a verticalização da produção, principalmente para os pequenos produtores. Este trabalho de verticalização, conforme explica o diretor técnico do Sebrae Bahia, precisa considerar que, em quase todos esses casos, estas propriedades não vão ter escala nem capacidade para competir com as médias e grandes empresas. 

"Temos procurado, neste trabalho de verticalização, criar produtos que atendam bem a nichos, produtos focados em linhas mais gourmetizadas, que possam adicionar valor significativo para estes produtores. Esse evento do E-Agro, em Salvador (BA) e outros vêm para coroar o resultado final de um trabalho de meses de preparação da propriedade, de melhoria da capacidade de gestão por parte do empresário, inserção tecnológica para que ele tenha melhor produtividade e capacidade, suporte na questão da segurança alimentar, capacita o produtor para acessar mercados, produzindo a marca, embalagens, e no final, em eventos como esse, ele pode vender direto ao consumidor final", explica Santos. 

Neste sentido, o especialista complementa, dizendo que, ao final deste ciclo completo, o produtor está preparado para comercializar seus produtos tanto para o consumidor (B2C) ou para outros comércios (B2B). "São muitos setores envolvidos, como cafés, leite e derivados, frutas, chocolates, bebidas...", afirmou.

Há também a preparação de grupos de produtores em determinadas áreas que têm em comum o mesmo perfil de produção e produto para a aplicação para obter o Certificado de Origem. Normalmente, de acordo com Santos, este processo leva de dois a três anos, entre entender o potencial de uma região, os potenciais e obter o certificado. A gente já fez isso em alguns locais no Estado, como, por exemplo, o café da Chapada, o biscoito sequilho de Vitória da Conquista. A gente tem feito esse trabalho porque entendemos que é importante e relevante para o pequeno produtor porque ele precisa buscar se diferenciar, uma vez que as chances de competir com grandes empresas e indústrias são pequenas".

De acordo com o especialista, um dos maiores gargalos hoje é o licenciamento. Para ele, é claro que produtos com maior valor agregado seriam mais bem aceitos ou teriam maior público com poder aquisitivo e compreensão do valor que aquele produto carrega, em outros centros urbanos. "A grande questão é que, para romper a barreira do Estado é necessário que haja licenciamento para produtos com selo artesanal, ou outros itens que não tenham um tratamento diferenciado. Se estas barreiras já tivessem sido resolvidas, seria muito mais fácil levar os nossos produtos para outras regiões do Brasil com público que possa comprar em maior quantidade. Acaba ficando restrito ao mercado baiano".

Santos afirma que este é um problema de políticas públicas, que Estados, Municípios e Governo Federal poderiam auxiliar para que as empresas possam levar para mais longe os seus produtos, trazendo ao agro baiano não só mais renda, mas também extrapolar barreiras culturais, fazendo com que mais pessoas conheçam itens característicos de regiões do Estado e entendam os processos de tecnificação do setor produtivo. 

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Por:
Letícia Guiamrães @letguimaraes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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