Rio Grande do Sul: quais setores estão se recuperando melhor e quais têm contratações mais aquecidas?
Passados mais de cinco meses da tragédia vivida pelo Rio Grande do Sul, os gaúchos começam a olhar para quais setores da economia se recuperaram e quais devem iniciar 2025 mais estruturados. Ao longo dos últimos meses, governos e iniciativa privada se uniram para auxiliar o RS: foram concedidas linhas de crédito emergencial, auxílio a agricultores, infraestrutura emergencial, entre outras iniciativas. Com esta força-tarefa, muitos empregos também foram recuperados. A seguir, Priscila Schapke, Diretora e Sócia da FESA Group, mais completo ecossistema de soluções integradas de RH da América Latina, traz um panorama dos mercados em recuperação mais rápida, os mais lentos e como andam as contratações em alguns setores.
“É o momento do estado trabalhar para reter talentos e executivos qualificados. Isso só é possível desenvolvendo e preparando pessoas aqui no Rio Grande do Sul. Isso evitará um êxodo para outros estados que pode ser danoso à região no futuro ", diz Priscila, Diretora da FESA Group.
Quem está se recuperando primeiro
Dentre os setores que estão liderando a retomada, estão: o agrícola, pois, embora as enchentes tenham destruído parte significativa das plantações, principalmente nas regiões produtoras de arroz e hortifrutigranjeiros, a maior parte da colheita da safra já havia sido colhida; infraestrutura e logística, uma vez que a reabertura de estradas importantes e a recuperação de pontes e ferrovias têm sido fundamentais para a retomada do escoamento de produtos; e a indústria de infraestrutura, pelo alto volume de investimentos a nível nacional.
Outros setores se destacando são: tecnologia e serviços, já que, em regiões urbanas, empresas da área foram menos afetadas diretamente pelas enchentes, permitindo que esse setor mantivesse sua trajetória de crescimento. Empresas do setor de TI continuam a contratar e expandir suas operações, contribuindo para a geração de empregos; o Setor de Embalagens, no qual tem-se observado crescimento de dois dígitos, tanto para vendas internas como internacionais.
“O setor de alimentos é um que está crescendo muito e enxergamos com otimismo, pois as vendas estão aumentando”, diz Priscila. “Além disso, vale pontuar que há no momento um olhar voltado à tecnologia, no sentido de se pensar como usá-la para evitar crises futuras”, comenta.
Dentre as regiões, destacam-se: Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha, pois, de maneira geral, as indústrias da Serra Gaúcha tiveram um impacto muito pequeno nas enchentes, tendo sido principalmente por questões logísticas, com dificuldades de enviar ou receber matérias primas ou produtos acabados; e a região Norte de Passo Fundo, Erechim e Carazinho, que têm configurado aumento no PIB, especialmente devido ao desempenho do agronegócio, mas também pela presença de cooperativas que agregam valor à produção local, o setor industrial da região (agroindústria, metalurgia e a produção de alimentos) e o forte investimentos em energia renovável.
Quem está tendo dificuldade
Alguns setores ainda enfrentam desafios, tais como: o comércio local, já que pequenas empresas, especialmente em cidades mais atingidas pelas enchentes, estão lutando para se reerguer. Muitos comerciantes perderam estoques inteiros e, mesmo com linhas de crédito, encontram dificuldade para restabelecer suas atividades; o turismo, principalmente nas áreas de ecoturismo e turismo rural, que viram infraestrutura e atrativos naturais danificados. A retomada deste setor depende da recuperação completa das áreas afetadas e do restabelecimento de serviços.
Indústria têxtil e calçadista: já fragilizada antes das enchentes, ela agora enfrenta um cenário ainda mais desafiador. A perda de maquinário e infraestrutura em algumas fábricas agravou os problemas estruturais do setor. Máquinas Agrícolas: Empresas deste setor estão com uma perspectiva negativa para estes próximos meses, com fortes ações de redução de custos e de pessoal.
Recrutamento e seleção atualmente
Com a recuperação econômica em andamento, o mercado de trabalho no Rio Grande do Sul está em fase de reestruturação. As empresas em setores menos afetados, como tecnologia e serviços, continuam a contratar, mas o ritmo de recrutamento em setores como comércio e turismo ainda é lento. No entanto, o Estado tem promovido programas de qualificação profissional para ajudar os trabalhadores deslocados pelas enchentes a se reintegrar ao mercado em novas funções, especialmente nas áreas de construção e reconstrução.
A FESA Group, por exemplo, em colaboração com a Recrut.AI e Trillio - duas HR Techs do ecossistema FESA - , lançou o chamado "RH RS: Todos pelo RS", que visa apoiar a reconstrução do Rio Grande do Sul conectando empresas com oportunidades de emprego em aberto a profissionais gaúchos ou residentes do estado impactado. Foram criados dois espaços focados em empregabilidade: um para empresas que desejem compartilhar suas vagas e outro para os candidatos que busquem se cadastrar para as oportunidades. Em apenas uma semana mais de 300 vagas já estavam disponíveis, sendo cerca de 150 presenciais ou híbridas no RS, mostrando-se uma iniciativa importante para a recuperação econômica da região.
E 2025?
Para 2025, as expectativas de recuperação econômica do Rio Grande do Sul são de crescimento gradual, com foco em investimentos de longo prazo. A recuperação das áreas agrícolas e a reconstrução da infraestrutura danificada devem criar novas oportunidades de desenvolvimento, especialmente em setores como energia renovável, com projetos de energia solar e eólica ganhando força. A integração regional com outros estados será fundamental para atrair novos investimentos e expandir as cadeias produtivas.
“A governança corporativa tem um papel crucial na retomada do Rio Grande do Sul. Empresas que adotam práticas robustas de governança são mais resilientes em momentos de crise, conseguindo captar investimentos e manter a confiança dos stakeholders”, diz Priscila. “Empresas com conselhos de administração bem estruturados e protocolos de governança claros conseguem tomar decisões rápidas. Um conselho com membros independentes, experientes e diversificados facilita a implementação de medidas corretivas em tempo hábil. Em momentos de crise, as decisões precisam ser tomadas com agilidade e precisão, e um comitê com membros qualificados e preparados garante uma gestão proativa, ao invés de reativa, diante de eventos inesperados”, pontua.
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