VLI planeja investir R$10,5 bi no Corredor Sudeste e indica alta de 80% no volume em 30 anos
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de ferrovias e de terminais portuários VLI planeja investir cerca de 10,5 bilhões de reais no Corredor Sudeste, onde a companhia projeta aumento na movimentação de 80% em 30 anos, disse o CEO da companhia, Fábio Marchiori, à Reuters.
Os investimentos integram um pacote de 24 bilhões de reais que deverão ser investidos pela VLI como parte das obrigações pela renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).
A FCA conecta sete Estados e integra as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, permitindo acesso a portos como o de Santos (SP) e Tubarão (Espírito Santo).
A concessão da FCA vence em agosto de 2026, mas a companhia que tem a gestora canadense Brookfield como maior acionista considera importante a antecipação da renovação para que os investimentos no incremento da capacidade também possam ser antecipados.
Assim, as ferrovias poderiam receber mais cargas diante da demanda crescente por produtos do Brasil, o maior exportador global de soja e açúcar, e um dos principais fornecedores de farelo de soja e milho, entre outros.
"Estamos tentando antecipar o máximo possível (a renovação). Na pior das hipóteses, o prazo mais longo que a gente vê é março de 2026. Mas estamos trabalhando junto com o Ministério (dos Transportes) e com a ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) para antecipar isso, inclusive para tentar terminar isso já no ano que vem", disse Marchiori.
"Quanto antes melhor, até para a gente antecipar os investimentos", disse o executivo.
Os aportes específicos do Corredor Sudeste, que responde por cerca de 25% da carga transportada pela VLI, ainda não tinham sido divulgados, assim como a previsão de aumento de carga no período da concessão a ser renovada.
A outra parte do investimento negociado com o governo para a renovação da FCA, em um montante de cerca de 10 bilhões de reais, será feito no Corredor Leste, que responde por aproximadamente 50% da movimentação total da VLI, disse Marchiori.
Para completar os 24 bilhões de reais, os corredores Minas-Rio e Minas-Bahia, também da FCA, receberão no mesmo período 3,5 bilhões de reais.
No ano passado, movimentação total em todas as ferrovias operadas pela VLI pulou para 61,3 milhões de toneladas, versus 58 milhões de toneladas em 2022.
A soja, o milho e o farelo de soja responderam em 2023 por cerca de 43% da receita líquida da empresa, que tem como clientes as principais tradings do setor, como ADM, Cargill, Bunge. O faturamento considera também os ganhos com as "elevações" nos terminais portuários da empresa, que atingiram 43 milhões de toneladas.
A companhia tem terminais próprios, como o Tiplam, na região de Santos, um dos maiores para exportação de açúcar, produto que responde por cerca de 10% da receita da companhia.
No leque de mercadorias transportadas também estão minérios, fertilizantes, combustíveis e produtos para a siderurgia -- embora a Vale seja uma das principais acionistas da VLI, a empresa não transporta minério de ferro da mineradora.
A VLI projeta também que o transporte pelo Corredor Leste cresça 50% em 30 anos, o que indica um aumento da participação do Sudeste na fatia total da companhia, já que neste a perspectiva é um aumento de 80%, admitiu o CEO.
FINANCIAMENTO
A VLI terá que arcar com outros 5 bilhões de reais no processo de renovação da FCA, que serão pagos em sua maioria a título de indenizações, por conta de devolução de trechos não operacionais.
"Nós temos trechos que não têm mais operação, as cargas que existiram historicamente lá não existem mais... um cliente só, e o cliente não existe mais", explicou Marchiori. "Esse dinheiro também é destinado para investimentos em ferrovias, só que aí a gente depende de uma decisão de poder público."
Com relação aos investimentos de 24 bilhões de reais, eles vão se espalhar pelos 30 anos da concessão, mas a maior parte estará concentrada na primeira metade da concessão, revelou Marchiori.
"Para nós interessa acelerar esse investimento", disse ele, ressaltando que isso significa também mais cargas e receitas.
Questionado sobre a origem dos recursos, o executivo afirmou que uma parte deve vir da geração de caixa da própria empresa, que gera mais de 5 bilhões de reais de caixa operacional. Ele lembrou também que a VLI tem capacidade de elevar sua taxa de endividamento.
"E, eventualmente, havendo novos projetos, e devem haver, a gente ainda tem a capacidade de fazer o IPO, a companhia ainda não é listada, está nos planos dela, quando houver uma janela de oportunidade...", disse.
(Por Roberto Samora)
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