Momento de insegurança exige reajustes, mas não coloca credibilidade do agronegócio em xeque , diz Markestrat

Publicado em 11/10/2024 10:25 e atualizado em 11/10/2024 13:05

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O ano de 2024 fica marcado pela turbulência no mercado de capitais, que está em alerta para a disponibilidade de recursos financeiros após um ciclo intenso de recuperações judiciais ocorrerem no agronegócio. O principal temor é que a quantidade de processos para renegociação de dívidas cause um efeito dominó e coloque em xeque a credibilidade do setor. O receio se agrava ao ver que empresas de grande porte, a exemplo da Agrogalaxy, estão com dificuldade em fechar as contas no positivo.

Para Rodrigo Alvim, sócio da Markestrat, o atual cenário do agronegócio merece atenção, mas ressalta que o setor possui uma resiliência histórica e que desafios anteriores foram superados a partir de uma readequação dos negócios. “O agro sempre passou por momentos de grande crescimento, seguidos de crises e instabilidades pontuais”, comenta. 

Ele cita como exemplo o impacto da ferrugem asiática em 2004 e 2005, que comprometeu parte das lavouras e deixou muitos produtores sem condições de pagar suas dívidas nas revendas e cooperativas, levando de dois a três anos para o mercado se reorganizar. Foi nesse mesmo período que surgiu a lei nº 11.101, a primeira lei a regular a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência de empresas e empresários. Outro ciclo ocorreu entre 2014 e 2016, com uma onda de RJs no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Agora, em 2023 e 2024, o setor vive mais um período de instabilidade, causado por frustrações climáticas e a queda nos preços da soja, após a compra de insumos a preços elevados em 2022.

 

Apesar do cenário preocupante, Alvim ressalta que o agronegócio é um setor com ciclos longos, o que significa que os produtores só conseguem ter retorno financeiro na safra seguinte. Ele prevê que, em um a dois anos, o setor poderá retomar o crescimento. “De forma geral, vivenciamos um cenário diferente das crises anteriores, com mais players envolvidos no mercado financeiro para a agricultura. Temos uma cesta de opções maior, com a abertura de IPOs, a participação de mercado de capitais e até de pessoas físicas comprando ações de empresas do setor, isso traz maior complexidade para o setor, principalmente em momentos complicados como o atual”, explica.

Para Alvim, momentos de crise servem como ponto de atenção para que empresas e instituições façam ajuste, principalmente após períodos positivos, como foi o caso entre 2018 e 2022. “É comum que as empresas afrouxem sua eficiência operacional e a concessão de crédito em momentos de bonança. Agora a realidade é outra, com a lucratividade do agricultor de soja variando entre R$ 1.400 e R$ 1.900 por hectare, longe dos valores entre R$ 3.500 e R$ 5.000 vistos entre 2021 e 2022. Quem souber se adaptar a essa nova realidade conseguirá se manter, mas aqueles que estão desorganizados enfrentarão dificuldades”, complementa.

Por esse aumento de investidores, o  recente crescimento dos pedidos de Recuperações Judiciais preocupa, pois a insegurança se alastra entre bancos, fornecedores e outros players, dificultando o acesso ao crédito, mesmo para as boas empresas. No entanto, Alvim acredita que a situação é pontual, que inicialmente retrai o crédito, mas que, uma vez entendido que o problema não é sistêmico, o mercado volta a se normalizar.

“É preciso entender que as fontes alternativas de financiamento, como CRA, FIDCs e FIAGROS trazem mais competitividade, especialmente num cenário em que os recursos governamentais e subsidiados já não são suficientes para bancar todas as operações do agronegócio”, argumenta. 

Ele conclui afirmando que o agricultor que conseguir demonstrar uma boa gestão e perspectivas promissoras para suas próximas safras terá mais facilidade em acessar essas novas formas de financiamento, inclusive relacionadas à sustentabilidade, como iniciativas ligadas à pegada de carbono. Dessa forma, mesmo que seja desafiador, o agro continua com potencial para se ajustar e crescer nos próximos anos, desde que os produtores saibam se adaptar às novas realidades do mercado.

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Por:
Ericson Cunha
Fonte:
Notícias Agrícolas

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