Fundamentos do açúcar apontam tendência de preços no patamar atual no curto prazo
O cenário atual de fundamentos do açúcar apontam que o mercado seguirá nos patamares atuais, de acordo com o que afirmou Ana Zancaner, gerente de Análise e Advisory da Czarnikow, empresa global de supply chain, e analista do Czapp, plataforma de conteúdo da companhia.
Segundo ela, no começo deste ano havia uma preocupação para uma safra recorde de açúcar no Centro-Sul no Brasil e uma atenção em relação à logística. Entretanto, o oposto disso aconteceu. “A logística tem performado muito bem, mas a safra Brasileira decepcionou. Já não esperávamos que a moagem fosse ficar perto do ano passado, o clima não foi ideal para o desenvolvimento dos canaviais”, apontou Zancaner.
Além disso, por conta dos investimento dos investimentos em capacidade de cristalização nos últimos anos, havia uma expectativa, em abril, de um mix de 52,5% para o açúcar. Contudo, a qualidade da cana não permitiu o uso das fábricas em sua total capacidade, condição ampliada pelos incêndios no Brasil. “Esperamos que o mix da safra fique até abaixo da safra passada, fechando em 48,7%. Isso dá uma produção de açúcar por volta de 39mi toneladas – quase 10% a menos do que imaginávamos em abril”, frisou a analista.
Assim, ela explica que com essa queda na produção, não deve haver açúcar suficiente para atender a demanda até a primeira metade de 2025. Porém, ela destaca que não foi apenas isso que mexeu no mercado e disse que um grande player mudou a visão baixista e recebeu açúcar na bolsa com a expiração do contrato de outubro.
Com isso, sobre perspectiva de preços, ela frisou que os movimentos acontecem para equilibrar o mercado. “Os spreads de 2025 incentivam que a demanda seja jogada para frente – preços mais baixos nas telas mais longe. O prêmio do branco mais fraco dá um sinal para as refinarias reduzirem o passo. Além disso, o preço subiu acima da paridade de exportação indiana – ainda que o governo não deva permitir exportações nos próximos seis meses”, detalhou.
Dessa forma, ela afirma que “no curto prazo, vemos fundamentos para o mercado continuar nesse patamar. O risco aumenta se considerarmos que os especuladores permanecem em cima do muro, ou seja, muito fora do mercado só esperando uma história para ver de qual lado vão cair”.
Considerando a perspectiva de longo prazo, Zancaner espera que com a recuperação das safras de cana-de-açúcar no Hemisfério Norte e, possivelmente, uma produção maior de açúcar do Brasil, a oferta de 2025 será maior. Assim, com uma recomposição dos estoques, consequentemente os preços podem cair.
Movimentação no mercado internacional nesta terça-feira (08)
Em Nova York, o contrato março/25 fechou com baixa de 0,06 cents (0,27%) e passou a valer 22,49 cents/lbp. O maio/25 subiu 0,01 cents (0,05%) e foi a 20,94 cents/lbp. O julho/25 ganhou 0,04 cents (0,20%) e foi a 19,99 cents/lbp. O outubro/25 teve valorização de 0,05 cents (0,25%) e terminou o dia cotado em 19,76 cents/lbp.
Na Bolsa de Londres, o contrato dezembro/24 do açúcar branco teve de US$ 4,90 (0,86%) e fechou negociado em US$ 575,10/tonelada. O março/25 subiu US$ 1,90 (0,33%), negociado em US$ 580,40/tonelada. O maio/25 encerrou a sessão com preço de US$ 575,90/tonelada, avanço de US$ 2,20 (0,38%). O agosto/25 ganhou US$ 2,00 (0,36%) e passou a valer US$ 560,10/tonelada.
Mercado interno
O açúcar cristal branco, em São Paulo, está cotado em R$ 146,86/saca, com baixa de 0,07%, como mostra o Indicador Cepea Esalq. O açúcar cristal em Santos (FOB) tem valor de R$ 156,36/saca, redução de 2,02%. O cristal empacotado, em São Paulo, segue com valor de R$ 16,1145/5kg, o refinado amorfo continua cotado em R$ 3,5631/kg e o VHP permanece com preço de R$ 112,81/saca.
Em Alagoas, o preço do açúcar está em R$ 154,44/saca, com base no indicador Cepea Esalq. Na Paraíba, a cotação é de R$ 148,00/saca. Em Pernambuco, o valor é de R$ 155,47/saca.
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