StoneX projeta queda de 3,2% na moagem de cana do centro-sul em 25/26, queimadas impactam
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil em 2025/26 (abril/março) foi estimada nesta sexta-feira em 593,2 milhões de toneladas, queda de 3,2% ante o ciclo atual, em meio a um clima seco em 2024, impacto das queimadas na área a ser colhida no ano que vem e também por produtividades menores em um canavial mais envelhecido, apontou a consultoria StoneX.
Seria a segunda queda seguida na safra da principal região produtora de cana do mundo, já que a temporada 2024/25 deverá registrar um recuo de 6,4% na comparação com o recorde de visto em 2023/24 (654,4 milhões de toneladas).
"As perspectivas iniciais para 2025/26 se encontram ainda no campo das incertezas, e as chuvas são extremamente necessárias a partir de outubro, uma vez que o centro-sul se encontra em forte déficit hídrico desde novembro de 2023", afirmou a StoneX, em relatório, citando o clima que impactou a safra atual.
A StoneX afirmou ainda que a safra de cana do centro-sul, que responde por cerca de 90% da produção no maior produtor e exportador de açúcar do mundo, deverá recuar por uma área colhida 1,2% menor, para 7,61 milhões de hectares.
"O principal fator para 2025/26 continuará sendo as queimadas, cujas estimativas de impactos na área de cana variam muito no setor", afirmou a StoneX.
A consultoria ainda citou que a região tende a conviver com um "canavial mais velho, o que por si só pode prejudicar o TCH (tonelada de cana por hectare)".
Com o açúcar demonstrando maior rentabilidade do que o etanol, centro-sul deverá direcionar 51% da cana para a produção de açúcar em 25/26, ante 48,4% no ciclo anterior, segundo o relatório.
A produção de açúcar, assim, vai aumentar 2,5%, para 40,6 milhões de toneladas, disse a StoneX, citando que em 2024/25 haverá uma queda de 6,7% ante o recorde do ciclo anterior.
"A tendência de maximização do mix açucareiro continua sendo mais rentável às usinas."
Os contratos futuros do açúcar bruto negociados na bolsa ICE estão negociados em uma máxima de sete meses, em meio a preocupações com a safra do Brasil, que domina cerca de 70% das exportações globais.
Já a produção de etanol de cana do centro-sul em 25/26 foi estimada em 24 bilhões de litros, queda de 7,6%, diante da menor disponibilidade da matéria-prima.
A fabricação de etanol de milho do centro-sul em 25/26, por sua vez, foi prevista em 9 bilhões de litros, alta de 12,5%, com a expansão da capacidade das indústrias. Esse volume de produção indica o uso de 20,9 milhões de toneladas do cereal.
A participação do etanol de milho no total do mercado do biocombustível vai subir em 2025/26 para 27,3%, ante 23,5% na temporada atual.
(Por Roberto Samora)
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