Abiove indica alta de 8% na capacidade de processar soja no Brasil com aportes em 12 meses
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) -A indústria de soja do Brasil projeta aumento de cerca de 8% na capacidade de processamento do país, considerando investimentos de 5,76 bilhões de reais previstos para os próximos 12 meses, de acordo com relatório divulgado nesta segunda-feira pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Os investimentos, já divulgados ao mercado pelas empresas, segundo a Abiove, consideram cinco novas esmagadoras e expansões em cinco unidades, que têm potencial de gerar um incremento total de capacidade estimado em 19.350 toneladas/dia -- ou 6,4 milhões de toneladas/ano, considerando atividades em 330 dias.
A Abiove não nominou as empresas que estão ampliando a capacidade.
Esse aumento acontece enquanto o Brasil prevê elevar gradativamente a mistura de biodiesel no diesel nos próximos anos, uma tendência reforçada pela aprovação do projeto de lei Combustível do Futuro, neste mês. O biocombustível é feito em sua maioria a partir de óleo de soja, em percentuais em torno de 75% em 2024.
A capacidade total do país poderia superar 78,5 milhões de toneladas, com os investimentos para os próximos 12 meses.
A Abiove também projetou um aumento de 4,5% na capacidade total de processamento de oleaginosas no Brasil em 2024 em relação a 2023, para 72,3 milhões de toneladas neste ano.
Mas o aumento da capacidade de processamento de oleaginosas, formada em quase sua totalidade por soja, segundo a Abiove, também veio acompanhado de um crescimento de 13% na ociosidade do setor, em um ano em que o Brasil enfrentou uma quebra importante da safra.
Conforme a pesquisa, esse aumento da capacidade reflete crescimento no número de unidades industriais de processamento, de 129 para 132, além de maior quantidade de empresas no segmento e de usinas ativas.
Já a ociosidade passou de 21,7% em 2023 para 24,6% em 2024, considerando números de processamento estimados pela Abiove em recorde de 54,5 milhões de toneladas neste ano, com alta de 335 mil toneladas ante o ano passado.
Para o diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Abiove, Daniel Amaral, apesar do crescimento da ociosidade, ele não representa números ruins do setor, que tem visto demanda firme por farelo e óleo de soja.
"A ociosidade é quando tem muita fábrica parada, aí é ruim, mas veja que os números foram bons", disse Amaral.
A Abiove citou aumento de plantas ativas de 106 para 113 unidades (+6,6%) e redução de plantas paradas de 22 para 19 unidades (-13,6%).
"A indústria está vendo demanda por farelo, que está crescendo no mercado interno, as exportações de farelo e a demanda por óleo no mercado interno, puxada principalmente pelo biodiesel, isso gera um índice de utilização da capacidade bastante bom", acrescentou.
A pesquisa apontou ainda um aumento da capacidade de processamento no Centro-Oeste, de 92.790 t/dia em 2023 para 95.964 t/dia neste ano. A região é responsável por quase 44% do processamento total de oleaginosas no Brasil.
O Estado do Mato Grosso, maior produtor de soja do país, tem capacidade de 47.774 t/dia e responde por 22% da capacidade de processamento do país.
(Por Roberto Samora; com edição e reportagem adicional de Letícia Fucuchima)
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