Clima seco no Brasil promove alta generalizada nas commodities; soja e derivado têm bons ganhos na CBOT
A semana começa com uma alta generalizada para as commodities agrícolas nas bolsas de Chicago e Nova York, com destaque para os futuros da soja em grão e derivados. Perto de 10h50 (horário de Brasília), as cotações da oleaginosa subiam entre 24 e 27,50 pontos nos principais vencimentos, com o novembro valendo US$ 10,39 e o maio - referência para a safra brasileira - US$ 10,81 por bushel. O mercado vem intensificando seus ganhos desde o começo do dia e refletindo as preocupações com o clima adverso no Brasil, como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
"Vemos chuvas muito concentradas no Rio Grande do Sul até Santa Catarina, um pedacinho do sul do Paraná e, dali pra cima um banho de tempo quente, as temperaturas passando todos os dias de 40ºC, Paraguai também, Bolívia, e pouquíssimas condições de avançar com o plantio, pelo menos por enquanto", disse, em entrevista à edição desta segunda-feira (23) do Bom Dia Agronegócio, no Notícias Agrícolas.
A tebdência é de que, neste ambiente e com o plantio finalizando a primeira semana de outubro com uma área menor do que no mesmo período do ano passado e da média dos últimos anos, alguns impactos são aguardados pelo mercado, entre eles uma certa fraqueza para os prêmios de fevereiro em diante; janela de vendas mais extensa para os americanos e o comportamento da demanda da China neste período, esperada pelo analista em cerca de 39 milhões de toneladas ainda a serem compradas.
"Conversando com alguns nesta manhã lá na China, o discurso é sincronizado de que há ainda muita soja por lá, muito farelo. Vai começar a cair, mas ainda não há uma falta de soja por lá. Os estoques nesta semana perto de 7,5 milhões de toneladas de soja - grandes - e os de farelo em 1,5 milhão, também grande. E a grande dúvida é se o consumidor final de farelo, de ração, vai começar a alongar suas compras para o final do ano, que é o que não está acontecendo. O consumidor final, na China, querendo comprar da mão para a boca", detalha Vanin.
SUSTENTAÇÃO EM CHICAGO
Além da questão climática no Brasil, há também outros pontos que têm chamado a atenção do mercado, ainda segundo explica o analista, incluindo uma incerteza ainda sobre o número do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para as exportações norte-americanas de 50,35 milhões de toneladas.
"Havia um medo de que poderia ser menor, bem menor, mas com o Brasil plantando devagar, esse medo vai passando e aí vai para a segunda questão de quanto a China vai comprar. E não sabemos isso ainda. Vamos ter que viver esses próximos dois meses para ter uma ideia real de quanto será o tamanho da exportação americana", diz Vanin. "E existe um ponto mais técnico. A curva do preço para o americano no interior, Chicago mais o basis, indica para que ele não venda. E o custo de carregar diminuiu, porque os juros estão caindo. Então, não há uma pressão muito grande de venda neste momento. Há também o Brasil com pouca soja, o argentino vendendo menos do que se esperava e, de forma geral, a oferta de soja neste momento está reduzida. Não quer dizer que ela não vai vir, é bem parecido com o ano passado".
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