Cafeicultores buscam adiar regra da UE contra desmatamento
Por Gustavo Palencia
TEGUCIGALPA (Reuters) - O principal órgão mundial do setor de café deve pedir que a União Europeia adie a exigência de que os grãos importados pelo bloco sejam provenientes de áreas não ligadas ao desmatamento, disse a chefe do grupo nesta quarta-feira.
A regra, prevista para entrar em vigor no final do ano, proibiria as vendas de café -- bem como de cacau, soja, óleo de palma, madeira, borracha e gado -- se as empresas não conseguirem provar que o produto é proveniente de uma área onde as florestas não foram desmatadas nos últimos anos.
"Não podemos cumprir essa data, não é possível", disse Vanusia Nogueira, diretora da Organização Internacional do Café (OIC), em uma entrevista.
A OIC, um grupo intergovernamental ligado às Nações Unidas, representa mais de 90% da produção de café e mais de 60% do consumo mundial. Os principais produtores de café, como Brasil, Vietnã e Colômbia, são países-membros.
"É um prazo muito ambicioso", disse Nogueira. "Acreditamos que, trabalhando com (os líderes da UE), eles poderão estar mais abertos a adiar essa data."
Ela não especificou por quanto tempo a OIC estava buscando adiar o prazo.
Questionada sobre possíveis repercussões se os produtores de café não cumprirem o prazo, Nogueira disse que a UE "encontrará alguma solução".
"O povo europeu gosta muito de café... eles não ficarão sem café", acrescentou.
Nogueira falou em uma cúpula do café organizada pela Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) em Tegucigalpa.
A expectativa é que as quase três dúzias de países-membros da CELAC encerrem a cúpula com uma declaração solicitando que a UE adie a data de exigência contra desmatamento, disse o vice-ministro hondurenho de Cultivo de Café, Carlos Murillo.
(Reportagem de Gustavo Palencia; texto de Kylie Madry)
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