Startup muda a produção de óleo de palma no Brasil
Com uma tecnologia que utiliza ressonância magnética, desenvolvida em parceria com a Embrapa Instrumentação, a startup brasileira Fine Instrument Tecnhnology (FIT) vem transformando a produção e a extração do óleo de palma no Brasil, tornando-a mais sustentável. O equipamento SpecFit desenvolvido pela startup já era utilizado por 40% das empresas extratoras de óleo de palma latino-americanas e 80% das empresas brasileiras para assegurar o controle da produção e identificar pontos de perdas, com a vantagem de possibilitar rápidos ajustes durante o processo da produção. Este ano, a tecnologia foi aprimorada para novos usos e passou a viabilizar análises dos frutos do dendezeiro, como é conhecida a palma no país.
Para os produtores de palma, a tecnologia SpecFit traz três benefícios principais. Ela possibilita identificar no fruto seu potencial de óleo, melhorando o manejo, identificando o tempo certo da colheita e evitando desperdícios, que ainda representam cerca de 2% de cada safra. Outra vantagem é que a análise com a ressonância magnética não destrói a amostra e não gera resíduos, uma vez que não utiliza produtos químicos. Finalmente, com a verificação, é possível reduzir a área de plantio, ao assegurar o aumento da produtividade na área disponível, resultando em uma diminuição do impacto ambiental.
De acordo com o Gerente de Operações da FIT, Lucas Topp, o potencial de redução médio de perdas na produção é de 0,1 a 0,5%. Isso equivale a um impacto global de 200 milhões a 1 milhão de dólares ou ainda produção de uma área plantada de 9500 a 50000 hectares /ano. Atualmente, a área destinada ao cultivo de dendê no Brasil é de aproximadamente 300 mil hectares, o que possibilitaria uma redução de até 1.500 hectares/ano da área cultivada, o equivalente a 2.150 campos de futebol.
O óleo de palma abastece grande parte dos mercados de óleos comestíveis e de cosméticos e ainda pode ser usado na fabricação de biodiesel. O Brasil é o décimo maior produtor global e o quarto das Américas.
Daniel Consalter, CEO da FIT, destaca que a ressonância magnética se apresenta como substituto sustentável de métodos de análises potencialmente impactantes para o meio ambiente, como titulações com substâncias ácidas ou básicas, reações que utilizam catalisadores como o mercúrio, a cromatografia gasosa entre outras. “A ressonância magnética se tornou ainda mais relevante para a indústria de óleos vegetais a partir do momento em que a ‘agenda verde’ ganhou grande valor no Brasil e no mundo.
O CEO diz ainda que o objetivo da empresa é levar o conceito de sustentabilidade para os produtores de dendê, para que possam utilizar uma tecnologia limpa e reduzir a necessidade de expansão de terra para produzir a mesma quantidade de frutos. “Ter uma ferramenta sustentável, hoje em dia, amplia a competitividade. O agricultor ou o industrial pode até não querer utilizar, mas corre o risco de ser visto como não sustentável pelo mercado no futuro”, avalia.
Segundo ele, um equipamento convencional para essa finalidade custa cerca de R$ 300 mil. Para os produtores e cooperativas que já possuem o equipamento na versão anterior, a empresa oferece um upgrade do hardware para poder realizar as novas análises.
“Queremos oferecer soluções para toda a cadeia de produção do óleo de palma e isso significa incluir os produtores. Uma das ideias é desenvolver um sistema móvel para que o equipamento possa ser levado facilmente para as fazendas e onde for necessário. Sabemos que é importante levar a inovação onde ela ainda não chegou”, diz Consalter
Em relação ao mercado de palma, no Brasil a FIT concentra sua atuação no estado do Pará onde estão as principais usinas de processamento de cachos de dendê para extração de óleo de palma. A startup tem ainda 40% do seu mercado da América Latina, com clientes na Colômbia, Peru, Equador, Costa Rica e Guatemala. A tecnologia atende às normas ISO, AOCS, entre outras diretrizes de precisão, respondendo, assim, às exigências de compradores internacionais mais criteriosos.
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