Dólar fecha dia em queda sob influência externa e acumula baixa de 0,58% na semana
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista fechou a sexta-feira em baixa ante o real, alinhando-se no período da tarde ao movimento de queda da moeda norte-americana no exterior, onde os investidores seguiram consolidando as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar juros em setembro.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4308 reais na venda, em baixa de 0,20%. Na semana, a divisa dos EUA acumulou queda de 0,58%. Esta foi a segunda baixa semanal consecutiva, após uma série de seis semanas de ganhos.
Às 17h15, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,15%, a 5,4430 reais na venda.
A divisa dos EUA abriu a sessão no Brasil em baixa, acompanhando o recuo do dólar ante moedas de exportadores de commodities e emergentes no exterior. Mas ainda pela manhã o dólar passou a subir ante o real, em meio a novos comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o cenário fiscal.
Durante evento em São Paulo, Haddad defendeu que a expansão fiscal neste momento não é boa para o Brasil e afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cortará gastos primários para ajustar as contas públicas se for necessário.
"Estamos desde 2014 ou 2015 produzindo déficit pesado", disse Haddad em sua fala. "Isso melhorou a vida de alguém?", questionou durante sabatina em Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Haddad também negou ter convencido Lula a baixar a tensão com o Banco Central, mas afirmou que o presidente teve "certa razão" de ficar insatisfeito com atitudes da autarquia.
Dois profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, apesar de novamente acenar com cortes de gastos para cumprir a meta fiscal, Haddad ainda não apresentou medidas concretas -- algo que tem incomodado os investidores nas últimas semanas.
Neste cenário, após registrar uma cotação mínima de 5,4160 reais (-0,48%) às 9h20, o dólar à vista atingiu uma máxima de 5,4669 reais (+0,46%) às 10h52, em meio aos comentários de Haddad.
À tarde, porém, a moeda norte-americana voltou a ceder no Brasil.
“A gente está seguindo o exterior agora à tarde, em um dia de dólar fraco. Mas como sempre, o dólar cai menos aqui (ante o real) do que em relação aos pares”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research.
Segundo ela, embora alguns números nesta sexta-feira nos EUA não tenham sido tão favoráveis, o mercado seguiu consolidando a ideia de que o Fed começará a cortar juros em setembro – algo que empurra as cotações da moeda norte-americana para baixo.
Às 17h12, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,24%, a 104,090. O dólar também sustentava baixas ante moedas como o peso chileno, o peso mexicano e o peso colombiano.
Pela manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para a demanda final subiu 0,2% em junho, depois de ter ficado inalterado em maio. Economistas consultados pela Reuters haviam previsto alta de 0,1%. Nos 12 meses até junho, o índice subiu 2,6%, depois de avançar 2,4% em maio.
Já a Universidade de Michigan informou que a leitura preliminar de seu índice geral de sentimento do consumidor ficou em 66,0 em julho, em comparação com uma leitura final de 68,2 em junho. Economistas consultados pela Reuters previam uma leitura preliminar de 68,5.
No campo político, os desencontros entre governo e Congresso continuaram. Após Haddad afirmar pela manhã que as medidas apresentadas pelo Senado não compensam a desoneração da folha de pagamentos de setores específicos, à tarde o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acusou o ministério da Fazenda de desconsiderar as sugestões.
Também durante o evento da Abraji em São Paulo, Pacheco classificou a negociação entre Executivo e Legislativo sobre o tema como uma “novela”.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
(Edição de Alexandre Caverni)
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