Dólar mantém queda forte e vai abaixo de R$5,50 após falas de Lula sobre fiscal
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha forte queda contra o real nas negociações desta quinta-feira, ampliando as perdas da véspera e caindo abaixo de 5,50 reais, à medida que diminui a preocupação dos investidores com as contas públicas após falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que reafirmaram o compromisso fiscal do governo.
Às 10h05, o dólar à vista caía 1,77%, a 5,4707 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 1,32%, a 5,4955 reais na venda.
"O dia começa dando continuidade ao tom positivo de ontem, em que o mercado remove os prêmios adicionados sobre os ativos financeiros ao longo dos últimos dias", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
"Essa propensão ao risco deriva de uma diluição dos riscos locais, em especial a questão fiscal na qual houve uma grande direcionamento ontem", acrescentou.
Na quarta-feira, após várias sessões marcadas por ataques de Lula à condução da política monetária pelo Banco Central e recusa à fornecer medidas concretas para controlar os gastos, o chefe do Executivo atenuou o tom, afirmando que o governo possui compromisso com a responsabilidade fiscal.
As declarações do presidente já haviam provocado uma forte queda da divisa norte-americana ao longo da última sessão. Na véspera, o dólar à vista encerrou cotado a 5,5693 reais na venda, em baixa de 1,72%, com a maior queda percentual em um único dia desde 6 de janeiro de 2023.
Após o fechamento do mercado, o alívio dos investidores ganhou novo impulso quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse, depois de reunião de Lula com a equipe econômica, que o presidente determinou que o governo cumpra o arcabouço fiscal a qualquer custo. O presidente também autorizou, conforme Haddad, o corte de gastos públicos para que se cumpra a legislação.
Em suas aparições públicas ao longo da quarta-feira, Lula não criticou a política monetária do BC ou mencionou a alta recente do dólar. Ele havia dito anteriormente que a valorização da moeda norte-americana se tratava de um "ataque especulativo".
O governo trabalha com uma meta de déficit fiscal zero em 2024 e 2025, mas o alvo é visto com desconfiança por agentes do mercado, especialmente após indicações de resistência do Congresso a aprovar novas medidas que impulsionem a arrecadação, o que tem gerado pressão pela revisão de gastos.
No cenário externo, o mercado dos Estados Unidos está fechado por conta de feriado, o que deve diminuir globalmente o volume de negociações.
Dados econômicos dos EUA na quarta-feira apontaram para uma moderação do mercado de trabalho e ampliaram o otimismo dos investidores por um corte na taxa de juros do Federal Reserve ainda neste ano, o que também ajudou na forte queda da divisa norte-americana no Brasil.
Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.
Na Europa, as atenções estarão voltadas nos próximos dias para eleições, com os britânicos indo às urnas nesta quinta-feira para, possivelmente, eleger um novo primeiro-ministro. Os franceses votam no domingo para formar o novo Parlamento.
Às 10h05, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,06%, a 105,240.
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