Como ficam os balanços americanos com as novas áreas de soja e milho? Confira análise da Hedgepoint

Publicado em 02/07/2024 11:51

• Em um movimento "não tão surpreendente”, dado o histórico recente, o relatório de área do USDA mostrou que os agricultores dos EUA aumentarão sua área de milho frente a estimativa de Março.
 

• Depois de um relatório altista de perspectiva de plantio em março, o relatório de área cultivada de junho se inclinou mais para o lado baixista, já que a área total – soja, milho, trigo e algodão somados - cresceu 0,7M ha, quase meio milhão de hectares acima da estimativa média do mercado.
 

• O aumento da área reduz o suporte aos preços do milho que o mercado climático americano pode trazer. Com a nova estimativa de área, um aumento marginal dos rendimentos frente a safra passada ainda pode levar a estoques finais mais folgados.
 

• Olhando para o balanço da soja americana, a redução na área plantada traz pouca mudança para o cenário de estoques finais mais confortáveis na temporada 24/25, dado que a área plantada ainda é maior do que a da safra passada e as condições de safra seguem melhores do que as do ano passado e da média dos últimos 5 anos.

Em um movimento "não tão surpreendente”, dado o histórico recente, o relatório de área do USDA mostrou que os agricultores dos EUA aumentarão sua área de milho frente a estimativa de Março. A Hedgepoint Global Markets aborda, em análise, as tendências para as áreas de plantio do milho e soja norte-americanos.

De acordo com Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da Hedgepoint, embora o mercado já estivesse esperando essa mudança, o aumento na área plantada de milho (+0,6M ha) em relação às estimativas de março foi muito maior do que a estimativa média do mercado (+0,2 ha).

“O aumento ocorreu às custas de uma redução na área de soja. A área cultivada com trigo de inverno também foi reduzida, levando a uma área total menor do grão. Depois de um relatório altista de perspectiva de plantio em março, o relatório de área cultivada de junho se inclinou mais para o lado baixista, já que a área total – soja, milho, trigo e algodão somados - cresceu 0,7M ha, quase meio milhão de hectares acima da estimativa média do mercado”, explica.

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Consequentemente, todos os produtos tiveram uma sessão negativa após o relatório, com maior peso nos contratos de milho. Foi a primeira vez que os futuros de dezembro do milho tiveram uma sessão negativa após o relatório, com os fundos especuladores mantendo uma posição líquida vendida.

Uma surpresa “esperada” no milho

“O USDA estimou o plantio de milho nos EUA em 2024 em 37M ha, acima do intervalo das estimativas do mercado e 1,6% maior do que na pesquisa de março. Essa é a quarta vez em seis anos que a área de milho do USDA em junho ficou fora da faixa das estimativas”, aponta.

Se a expectativa era estoques mais confortáveis para a safra 24/25 por conta dos altos estoques iniciais e a estimativa de maior rendimento, a maior área plantada só aumentou essa expectativa.

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O aumento da área reduz o suporte aos preços que o mercado climático americano pode trazer. Com a nova estimativa de área, um aumento marginal dos rendimentos frente a safra passada (178 bu/ac vs 181 atualmente esperado pelo USDA, que seria um rendimento recorde) ainda pode levar a estoques finais mais folgados.

“Apesar da deterioração recente das condições de safra, o percentual das condições “boas e excelentes” segue acima da média dos últimos 5 anos e bem acima dos níveis do ano passado (67% vs 51% em 23/24)”, observa o analista.

Esse cenário ainda mais confortável levou a um movimento histórico de baixa em Chicago. “Desde 2006, o contrato de dezembro nunca havia fechado em baixa no dia do relatório de área nos quatro anos em que os fundos estavam baixistas, e dois desses anos apresentaram estoques e área de milho maiores do que o esperado”, destaca.

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Aumento no milho em detrimento da soja

“O plantio de soja nos EUA ficou abaixo da estimativa média do mercado pelo décimo ano consecutivo, embora os 34,8M ha estivessem dentro do intervalo das expectativas”, diz.

A soja de novembro subiu brevemente com os dados de sexta-feira, mas atingiu uma nova mínima anual de US$ 11,00 por bushel pouco antes do fechamento.

Houve também outros quatro anos, desde 2006, em que os fundos estavam vendidos na soja no final de junho, com somente uma queda nos anos anteriores - em 2018, durante a guerra comercial.

“Olhando para o balanço da soja americana, a redução na área plantada traz pouca mudança para o cenário de estoques finais mais confortáveis na temporada 24/25, dado que a área plantada ainda é maior do que a da safra passada e as condições de safra seguem melhores do que as do ano passado e da média dos últimos 5 anos”, pondera.

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Concluindo, em um movimento "não tão surpreendente", o relatório de área do USDA mostrou que os agricultores dos EUA aumentarão sua área de milho frente a estimativa de Março. Depois de um relatório altista de perspectiva de plantio em março, o relatório de área cultivada de junho se inclinou mais para o lado baixista, já que a área total cresceu acima da estimativa do mercado. Com isso, os preços seguiram em tendência de queda mesmo com os fundos em posições vendidas recordes – um movimento não tão comum nos últimos anos.

Do lado milho, a maior área frente o esperado reduz o suporte aos preços que o mercado climático americano pode trazer. Com a nova estimativa de área, um aumento marginal dos rendimentos frente a safra passada ainda pode levar a estoques finais mais folgados. Olhando para o balanço da soja americana, a redução na área plantada traz pouca mudança para o cenário de estoques finais mais confortáveis na temporada 24/25.

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Fonte:
Hedgepoint Global Markets

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