Plantio de soja no Brasil tem espaço para crescer até 36,6 milhões de hectares, ocupando apenas pastagens de alta aptidão agrícola, mostra estudo da Serasa Experian
Estudo de Aptidão Agrícola feito de forma inédita pela Serasa Experian, primeira e maior Datatech do Brasil, mostrou que, dentro de quatro dos biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa – existe um potencial de expansão para o plantio de soja de até 36,6 milhões de hectares (Mha) apenas sobre pastagens aptas para a soja e em linha com as exigências crescentes dos mercados consumidores por produtos livres de desmatamento.
Segundo o diretor de novos negócios agro da Serasa Experian, Joel Risso, “se as projeções do Ministério da Agricultura estiverem corretas, nos próximos 10 anos veremos um aumento de cerca de 12 Mha no plantio de soja no Brasil. Esse montante representa o consumo de apenas 1/3 de toda a disponibilidade de pastagens com alta aptidão para o cultivo de soja no Brasil, que é mais de 36Mha. Essa é uma boa notícia, porque, apesar dessa disponibilidade de pastagens aptas não ser a mesma para todos os estados e regiões brasileiras, o levantamento indica que existem mais pastagens aptas que o necessário para suprir essa demanda seguindo os protocolos ambientais mais rígidos, como é o caso das recentes exigências do mercado comprador Europeu, que não deverá mais estar aberto à soja brasileira proveniente de áreas desmatadas”.
Joel também explica que, “além da disponibilidade de pastagens aptas, olhar para o grau de degradação das áreas ajuda a definir a necessidade de investimentos para que esse processo de conversão ocorra. E, ao juntarmos isso com a probabilidade de inadimplência de cada de cada produtor, a informação se torna ainda mais estratégica para quem vai financiar esse processo. Queremos apoiar estrategicamente os bancos e todo o mercado financeiro a criar as melhores condições para permitir com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito e possam expandir suas áreas, viabilizando certa previsão da demanda por investimentos, necessário à conversão das áreas, preparo e correção do solo, plantio até a colheita”.
A análise também foi realizada considerando apenas os CARs declarados, removendo àqueles com status “cancelado” e segmentada por bioma, dividindo as áreas pastagens aptas por nível de degradação por conta de perda de biomassa no tempo[1]: ausente, intermediária e severa, conforme dados disponibilizados pelo LAPGIG/UFG. O bioma Pampa se destaca pela maior proporção de pastagens aptas com ausência de degradação, com 52% (1,6 Mha) dos 3,1 Mha totais, já a Mata Atlântica tem a maior proporção de pastagens com degradação severa, cerca de 40% (1,6 Mha) de um total de 4,0 Mha de pastagens propícias ao plantio de soja. Ainda assim, em termos absolutos, o Cerrado é o bioma com maior número de hectares degradados de forma severa, com 6,1 Mha de pastagens aptas para a soja nesta condição. Confira os dados completos na tabela a seguir:
Em relação às Unidades Federativas (UF) o Pará, é o estado que dispõe da maior área de pastagens aptas ao plantio de soja e sem degradação (1,7 Mha) e o Mato Grosso do Sul é o que que possui a maior disponibilidade de pastos, com cerca de 6 Mha propícios à sojicultura. No entanto, é também nesse Estado em que se encontra a parcela mais expressiva de área degradada, proporcionalmente ao todo. Veja um TOP10 sobre as UFs no mapa abaixo:
Crédito Rural: investimentos para expansão podem movimentar cerca de R$ 60 bilhões em até 10 anos e, anualmente, outros R$ 50 bilhões para o custeio
No estudo “Projeções do AGRONEGÓCIO Brasil 2022/23 a 2032/33 - Projeções de Longo Prazo” o Ministério da Agricultura estima que a demanda por novas áreas de soja alcance cerca de 12 Mha de hectares em até 10 anos.
Para garantir essa expansão, de acordo com os especialistas da Serasa Experian, será demandado um investimento de cerca de R$ 60 bilhões, sendo grande parte desse volume proveniente de linhas de crédito. Isso porque o valor médio necessário para converter 1 hectare de pastagem para o plantio de soja é de aproximadamente R$ 5 mil, podendo ser inferior em áreas menos degradadas ou até passar de R$ 6 mil em áreas mais severamente degradadas”, comenta Joel Risso.
Ainda em relação aos 12 Mha de hectares mencionados, cerca de outros R$ 50 bilhões serão demandados anualmente para o custeio, sendo parte desse recurso proveniente de linhas de crédito bancário.
Além disso, com a expertise da Serasa Experian, também foi possível descobrir mais sobre a oportunidade de crédito ao explorar o perfil de possíveis demandantes. De acordo com dados do Agro Score, solução desenvolvida pela companhia, foi identificado que 24,6 dos 36,6 Mha de pastagens aptas para a soja pertencem a produtores com risco aceitável de crédito ou que possuem probabilidade de inadimplência inferior a 3%.
Para o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, é estratégico para o mercado conseguir relacionar imagens de satélite, que mostram a capacidade de expansão das culturas brasileiras, com dados de crédito e perfis financeiros dos demandantes. “Temos a expertise suficiente para munir credores, instituições e os demais players sobre onde está o território a ser ocupado, quanto necessita de investimento e para quem ou como é possível emprestar essas linhas de crédito. Um pacote de informações completo e assertivo capaz de impulsionar a cadeia do agronegócio como um todo e, sendo assim, a economia brasileira”.
Metodologia
O Estudo de Aptidão Agrícola da Serasa Experian foi idealizado por nossos especialistas com base em dados edafoclimáticos e segue metodologia semelhante àquela utilizada no Zoneamento Agrícola de Risco Climático, desenvolvido pela EMBRAPA (ZARC), somada às séries históricas de mapas agrícolas produzidos pela empresa, por meio de imagens de satélite. O território analisado diz respeito a quatro dos biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa – além de levar em consideração apenas pastagens acima de cinco hectares e somente imóveis rurais da base de dados do CAR com proprietários Pessoa Física. Os dados de pastagem degradadas são provenientes das iniciativas de classificação e qualificação de pastagens do LAPIG/UFG. As informações associadas à probabilidade de inadimplência foram geradas por metodologia proprietária da Serasa Experian e os custos médios de conversão de pastagem por nível de degradação foram levantados por meio de pesquisa interna.
[1] A abordagem utilizada pelo LAPIG busca identificar, predominantemente, a degradação classificada como agrícola e se baseia essencialmente na análise de séries temporais de índices de vegetação, extraídos de imagens de satélite, além de buscar identificar áreas cuja capacidade de suporte é prejudicada pela redução temporal da capacidade de área em produzir biomassa verde.
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