Dólar recua com esperanças de cortes de juros nos EUA e salto do minério de ferro
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta quinta-feira, em meio a esperanças renovadas sobre cortes de juros nos Estados Unidos após dados abaixo do esperado da inflação nos Estados Unidos da véspera e refletindo ainda disparada nos preços do minério de ferro.
Às 10h24 (de Brasília), o dólar à vista caía 0,35%, a 5,1190 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,30%, a 5,124 reais.
Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, disse à Reuters que, devido à sessão de agenda esvaziada nesta quinta-feira, os negócios refletiam a alta acentuada do minério de ferro, em meio a esperanças de estímulos ao mercado imobiliário na China.
O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,56%, a 881 iuanes (122,09 dólares) a tonelada.
Ao mesmo tempo, investidores seguiam repercutindo dados de inflação norte-americanos da véspera, que mostraram alta abaixo do esperado do índice de preços ao consumidor.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro, informou o Departamento do Trabalho na quarta-feira. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.
"Voltaram as esperanças de que os Estados Unidos enfim trariam cortes de juros ainda este ano", disse Izac.
O mercado voltou a apostar em dois cortes de juros de 0,25 ponto percentual pelo Federal Reserve este ano, com os operadores vendo uma chance de 72,6% de que o primeiro seja realizado em setembro, de acordo com a ferramenta CME FedWatch.
Num geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de "carry trade", em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
Em relação à política monetária doméstica, os últimos dias têm sido de alívio, ainda que parcial, de temores em relação a possível mudança de perfil no Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, depois de uma decisão muito dividida na semana passada pela redução do ritmo de cortes da Selic. Todos os diretores indicados pelo governo votaram contra o corte aprovado de 0,25 ponto, pedindo a manutenção do ritmo anterior de 0,50.
Desde então, a ata do Copom e comentários de diretores nos últimos dias colocaram panos quentes nos temores do mercado, com os membros do colegiado indicados pelo atual governo reforçando o compromisso com o controle da inflação e justificando seu voto num corte de juros mais acentuado com o temor de desrespeitar a orientação futura do BC.
Em seu encontro anterior a autarquia havia indicado que reduziria a Selic em meio ponto percentual em maio.
Em relação à Petrobras, depois de uma sessão de muita volatilidade na véspera, em meio a temores de interferência política após troca de comando na estatal, investidores voltavam suas expectativas para comentários do governo sobre a mudança.
"O mercado financeiro observa com cautela a situação da Petrobras... e espera que o governo sinalize compromisso com a autonomia e a profissionalização da gestão da estatal, dissipando as preocupações com interferências políticas", disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1368 reais na venda, em leve alta de 0,13%.
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