Ibovespa fecha em queda após corte menor da Selic e repercussão de balanços
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, em meio ao noticiário corporativo movimentado, com Banco do Brasil caindo mais de 4% após divulgar resultado do primeiro trimestre, enquanto Rede D'Or foi destaque positivo após acordo com o Bradesco para uma nova rede hospitalar.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1%, a 128.188,34 pontos. O volume financeiro somou 25,67 bilhões de reais.
Investidores também reagiram à decisão do Banco Central na véspera de reduzir o ritmo de corte da taxa básica de juros, promovendo um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, para 10,50% ao ano, em decisão dividida, além de abandonar sua indicação sobre o futuro dos juros básicos.
A decisão foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os diretores Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução de 0,50 ponto.
"Isto pode reforçar o debate que já existe no mercado sobre uma possível mudança no perfil do Bacen após o fim do mandato de Roberto Campos Neto", destacaram economistas da Galapagos Capital, ponderando, contudo, que veem os votos dos diretores guiados "estritamente por avaliações técnicas".
"Logo a decisão de política monetária continuará sendo definida com base na evolução dos cenários local e internacional", afirmaram em relatório a clientes.
O movimento do Comitê de Política Monetária (Copom), principalmente o fato de os dissidentes serem todos os diretores nomeados no governo Lula, adicionou prêmio ao longo de toda a curva de DI, o que pressionou as ações, principalmente aquelas de empresas sensíveis a juros.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL ON perdeu 4,37%, a despeito da alta de 8,8% no lucro líquido recorrente do banco no primeiro trimestre, para 9,3 bilhões de reais. Executivos do BB disseram que notaram agravamento no risco da carteira de crédito de pequenas e médias empresas e de grandes companhias, mas ressaltaram que a situação está sob controle.
- ITAÚ UNIBANCO PN recuou 3% e BRADESCO PN encerrou negociada em baixa de 2,54%.
- 3R PETROLEUM ON fechou em baixa de 6,67%, tendo de pano de fundo balanço do primeiro trimestre com prejuízo líquido de 229,886 milhões de reais, revertendo resultado positivo um ano antes, pressionado pelo resultado financeiro, que ficou negativo em 765,401 milhões de reais.
- LOJAS RENNER ON caiu 6,47%, apesar do salto no lucro líquido do primeiro trimestre, para 139,3 milhões de reais, em período marcado por expansão de vendas e margens.
- ULTRAPAR ON recuou 6,34%, mesmo após reportar lucro líquido de 455 milhões de reais para o primeiro trimestre do ano, avanço de 66% ano a ano, impulsionado por maior Ebitda e menor despesa financeira líquida. No quarto trimestre, porém, a companhia tinha reportado lucro líquido de 1,1 bilhão de reais.
- COGNA ON caiu 5,65%, após divulgar que encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido ajustado de 50,5 milhões de reais, queda de 57,1% ano a ano, em performance pressionada por aumento de despesas corporativas e itens não recorrentes. Incluindo efeitos relacionados a aquisições, a companhia de educação apurou um prejuízo de 8,512 milhões de reais.
- AREZZO ON perdeu 4,29%, em meio à análise do balanço do primeiro trimestre, com lucro líquido de 71,6 milhões de reais. Em teleconferência sobre o resultado, a companhia citou dificuldade de vendas em maio diante de calor e desastre no Rio Grande do Sul. GRUPO SOMA ON, que está em processo de fusão com a Arezzo, cedeu 3,94%, após balanço.
- ELETROBRAS ON terminou com queda de 3,74%, após mostrar lucro líquido de 331 milhões de reais no primeiro trimestre, queda de 19% na comparação anual. A companhia disse que está buscando de diversas formas garantir o recebimento de seus créditos junto à Amazonas Energia, distribuidora que foi privatizada em 2018, mas que ainda traz prejuízos à ex-estatal e acumula uma inadimplência de 10 bilhões de reais.
- REDE D'OR ON avançou 2,54%, após anúncio de acordo com a Atlântica, controlada indireta do Bradesco, para a criação e atuação conjunta em uma nova rede hospitalar, a Atlântica D'Or. A Rede D'Or terá 50,01% e a Atlântica, 49,99%.
- VALE ON subiu 0,81%, mesmo com o declínio dos preços do minério de ferro na China. A Justiça Federal indeferiu na véspera pedido da União para que Samarco e suas sócias (Vale e BHP) fossem obrigadas a pagar 79,6 bilhões de reais, em 15 dias, em cumprimento provisório de sentença referente a uma ação movida pelo rompimento de barragem em Mariana (MG) em 2015.
- PETROBRAS PN valorizou-se 0,97%, apoiada pelo sinal positivo dos preços do petróleo no exterior. O CEO da estatal, Jean Paul Prates, disse na véspera que a Petrobras avalia eventualmente comprar a participação da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem, caso não haja um interessado.
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