Taxas futuras de longo prazo sobem após piora da inflação nos EUA
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs com prazos mais longos fecharam a quinta-feira em alta no Brasil, acompanhando os rendimentos dos Treasuries após dados de inflação piores que o esperado nos EUA reforçarem as apostas de menos cortes de juros pelo Federal Reserve, a despeito de o PIB norte-americano ter desacelerado no primeiro trimestre.
Já as taxas curtas terminaram a sessão em leve baixa.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,315%, ante 10,343% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,59%, ante 10,619% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,93%, ante 10,925%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,225%, ante 11,192%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,64%, ante 11,577%.
Os investidores começaram o dia à espera da divulgação, pelo Departamento do Comércio, da primeira prévia do Produto Interno Bruto dos EUA para o primeiro trimestre e do índice PCE que acompanha o relatório do PIB, em busca de pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve na política monetária.
Quando os números saíram, às 9h30 (horário de Brasília), os yields dos Treasuries despencaram em um primeiro momento, com a informação de que o PIB cresceu a uma taxa anualizada de 1,6% no primeiro trimestre -- abaixo dos 2,4% de crescimento projetados por economistas consultados pela Reuters.
No minuto seguinte, no entanto, os yields saltaram para o território positivo e passaram a renovar máximas na sessão, com a curva norte-americana refletindo os números ruins de inflação do relatório do PIB. O núcleo do PCE subiu 3,7% no primeiro trimestre, acima da expectativa de alta de 3,4%.
No Brasil, a curva de juros seguiu o mesmo movimento: a taxa para janeiro de 2029, por exemplo, acelerou os ganhos em sintonia com os Treasuries e atingiu o pico de 11,535% (alta de 15 pontos-base ante o ajuste da sessão anterior) às 10h13, já após os números do PCE.
“Estava todo mundo esperando o dado de atividade, porque com um PIB mais fraco há algum tipo de espaço para se começar a discutir de novo dois cortes de juros (pelo Fed) este ano. Mas quando saiu o dado de preços, ele assustou bastante, porque veio acima“, resumiu a analista Laís Costa, da Empiricus Research.
Segundo ela, a leitura foi de que o Fed deve optar por olhar principalmente para a inflação, o que reforça as apostas de apenas um corte de juros nos EUA este ano. Além disso, o resultado amplia o interesse para a divulgação do índice PCE mensal na sexta-feira, dado de preferência do Fed para suas decisões de política monetária.
No Brasil, as taxas futuras, após baterem máximas durante a manhã desta quinta-feira com os números norte-americanos, desaceleraram ao longo da tarde, mas ainda assim encerraram com ganhos -- em especial entre os contratos com prazos mais longos.
Na ponta curta as taxas se reaproximaram da estabilidade e encerraram com leves baixas, sustentando as apostas de que o Banco Central do Brasil tende a cortar a taxa básica Selic em apenas 25 pontos-base no encontro de política monetária de maio. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
Perto do fechamento, a precificação da curva a termo estava em 95% de probabilidade de corte de 25 pontos-base em maio e 5% para corte de 50 pontos-base. Em comunicações anteriores, antes da piora do cenário, o BC havia estabelecido um forward guidance de corte de 50 pontos-base no próximo encontro.
A forte influência do exterior sobre os ativos no Brasil deixou em segundo plano nesta quinta-feira o noticiário interno. O ministério da Fazenda deu detalhes sobre a proposta de regulamentação da reforma tributária, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a definição do relator da matéria deve ocorrer ainda esta semana.
Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 5 pontos-base, a 4,704%.
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