Altas no café: Oportunidades para indústria internacional do solúvel, mas pressão no mercado interno
O mercado do café continua precificando com base nas preocupações com a oferta global do produto. Diante das inúmeras incertezas que rondam o setor, todos os elos da cadeia no Brasil estão se adequando à realidade de preços batendo recorde, que trazem boas margens para o produtor, mas a indústria ainda aguarda para saber os reais impactos no médio prazo.
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Em um levantamento realizado com a base de dados do Notícias Agrícolas, mostram que no período de um ano as cotações do robusta no terminal de Londres avançaram de US$ 2370 para US$ 4170 a tonelada (alta de 75.95%), o que favoreceu o salto do indicador Cepea para o conilon de R$ 610,32 para R$ 1.113,17 no período (+82.39). Você pode conferir o histórico dos preços aqui.
O Brasil também é o maior produtor e exportador de café solúvel e vê o cenário mudar diante do avanço das exportações do conilon e nos preços que se mantêm firmes. Os números atuais podem, no médio prazo, trazer impactos para a indústria do café solúvel, com destaque para o mercado interno que deve sentir as mudanças de forma mais agressiva.
Segundo Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), o setor monitora o atual cenário, sobretudo porque a indústria exporta ao menos 80% de toda sua produção e tem os preços pautados pelo mercado externo.
"Os preços do Brasil ainda são competitivos por isso está exportando tanto conilon para fora. Então, se o preço sobe aqui dentro, mas sobe internacionalmente o impacto para o solúvel é muito pequeno porque 80% vai para o mercado externo. Já os 20% que ficam, destinados ao mercado interno, esses sim os preços acabam tendo que ser repassados para a cadeia seguinte", afirma.
Conforme explicou Aguinaldo, o impacto será sim observado pelo consumidor, mas não de forma tão rápida, já que o mercado de solúvel leva mais tempo para processar as mudanças nos preços. "Efetivamente lá fora para o tipo de comercialização que o Brasil faz, que é de fornecer matéria-prima para as marcas, o país continua competitivo, os impactos não são tão grandes, você pode até ter uma diminuição de margem, mas o câmbio está favorecendo", complementa.
MERCADO INTERNO: CONSUMO SEGUE AVANÇANDO NO BRASIL
Os dados mais recentes da ABICS mostram que o brasileiro está consumindo mais café solúvel. No primeiro trimestre de 2024, o Brasil consumiu 5.235 toneladas, o que representa alta de 5,3% em comparação com o mesmo período no ano passado.
Desde 2016 o consumo deste tipo de café avança no país, o que mostra que as ações do setor vêm atingindo o efeito esperado, mas de acordo com Lima, ainda há espaço para mais avanços no longo prazo.
"Do total do café consumido no país, apenas 5% é na forma de solúvel, enquanto que no mundo o consumo de café são 28% em forma de solúvel. Isso demonstra que temos grande espaço para crescer, mas não concorrendo com o café torrado", afirma o porta-voz, destacando ainda, que se trata de mais uma forma de se tomar café, principalmente pela facilidade do uso do solúvel em receitas e drinks, por exemplo.
A expectativa do setor é que em 2024 o consumo de solúvel avance ao menos 4%. "A gente sabe que há maior interesse dos consumidores até pelo esforço das empresas em disponibilizar vários produtos nos supermercados. Isso facilita a observação do consumidor, causa curiosidade e o estímulo quebrando aquele preconceito que de tudo solúvel é tudo igual", finaliza.
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+ Consumo de café solúvel cresce 5,3% no trimestre, para 5.235 toneladas
EXPORTAÇÃO DE CONILON
Desde que o Vietnã começou a reportar os problemas e a participar menos do mercado, o Brasil assumiu boa parte da demanda internacional por café conilon. Há mais de um ano, o volume de exportação chama atenção e recordes atrás de recordes são registrados de acordo com dados oficiais do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O país exportou 1,872 milhões de sacas de canéfora (robusta e conilon) entre janeiro e março de 2024. O volume representa alta de 591,9% em relação ao mesmo período de 2023.
“Dada a produção relevante de conilon na safra 2023/24, que pode se repetir no ciclo 2024/25, o Brasil tem conseguido atender à demanda internacional, suprindo dificuldades causadas pelos problemas climáticos naIndonésia e no Vietnã”, analisa Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
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