Sem negócios com trigo no Brasil, foco volta-se a safras de verão e mercado internacional
O mercado brasileiro de trigo não tem nada de diferente acontecendo. Isso é o que diz o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento.
O trigo para moagem segue pouco negociado, com os moinhos bem abastecidos, portanto sem interesse de compra, e com os produtores “esperando por alguma coisa”. Conforme Bento, “não há muito o que esperar de tendência de altas, mas o produtor está na defensiva”.
Enquanto isso, os vendedores de trigo feed colocam suas últimas cargas no mercado internacional a preços mais baixos. A janela para exportação do cereal está se fechando com a entrada da safra de soja.
Conforme o analista, enquanto os agentes do mercado interno não demonstram interesse pelo trigo nacional, é importante ficar atento a algumas movimentações que vêm ocorrendo no quadro externo.
“Uma delas é a manutenção dos preços agressivos do trigo russo”, disse. O cereal com 12,5% de proteína é negociado US$ 209/tonelada no FOB do Mar Negro.
“Outro destaque fica por conta do bloqueio da fronteira entre a Polônia e a Ucrânia, feito pelos produtores do primeiro país. Sem a usual saída pelo Mar Negro, o cereal do país invadido busca alternativas de escoamento. O principal deles tem sido via Europa. O efeito disso é que o trigo ucraniano chega aos compradores europeus por um preço muito baixo”, explicou. A indicação FOB do produto da Ucrânia é de US$ 197,50/tonelada (o mais barato do mundo).
“Para fechar, é interessante destacar uma leve alta do preço do trigo argentino, de US$ 210 para US$ 215/tonelada. Esse é um comportamento a ser monitorado de perto, pois, influenciará diretamente os preços brasileiros. O câmbio mais firme também corroborou para uma elevação das paridades com o país vizinho”, conforme Bento, aos preços atuais, para competir com trigo argentino no CIF de Curitiba, produtores paranaenses poderiam vender por volta de R$ 1.250 a tonelada no FOB. Gaúchos, a R$ 1.234/tonelada no interior.
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