Revelações da Super Safra: Perspectivas e desafios para o setor sucroenergético, por Rosana Baraldi
A safra 2023-24 foi excelente, sendo considerada uma "super safra". Dados referentes à moagem de cana até janeiro totalizaram 652,643 milhões de toneladas, conforme levantamentos do Pecege Consultoria e Projetos. Certamente, teremos um "extra" de milhões de toneladas até o final oficial da safra, que ocorre em março.
Traremos alguns destaques do que ocorreu na safra 2023-24. O primeiro ponto foi a produtividade, que se destacou como determinante para esse resultado excelente. Registrando um recorde de moagem no Centro-Sul, algo nunca visto! Com essa excelente produtividade, outros fatores acompanharam, com destaque relevante para o preço do açúcar, que obteve grande destaque no mercado internacional. Assim, com o recorde na produção de cana-de-açúcar, também atingimos um recorde na produção açucareira. Até o momento, mais de 42 milhões de toneladas de açúcar foram produzidas no Centro-Sul, um número bastante expressivo que supera nosso recorde anterior da safra 2020-21, quando atingiu 38 milhões de toneladas de açúcar. Nesta safra, superamos amplamente esses resultados, verdadeiramente uma safra doce.
Traçando uma linha temporal, deparamo-nos com uma narrativa histórica fascinante. Ao observarmos a safra 2021-22, partimos de um índice de produtividade TCH (toneladas de cana por hectare) de 67,8 t/ha, um número considerado modesto, explicado à época por ocorrências de seca, geada e incêndios. Progredindo em nossa cronologia, na safra 2022-23, concluímos com um índice de 73,3 t/ha, indicando uma notável recuperação. Nessa safra, cerca de 105% dessa retomada da eficiência produtiva é atribuída aos fenômenos climáticos e às práticas agronômicas. Os 5% adicionais nessa equação percentual são devidos à idade média do canavial. Em outras palavras, devido a um período excepcionalmente seco, o plantio do canavial foi comprometido, resultando em um envelhecimento da média de idade das plantas quando nos referimos à safra 2023-24. Na safra 2023-24, projeta-se um índice de produtividade próximo a 87 t/ha. Num período de duas safras, testemunhamos uma ascensão de 67 para 87 t/ha, resultando em um incremento de 20 toneladas por hectare, representando um aumento percentual de quase 30%.
Quando olhamos para essa safra, clima e tratos responderam por 85% desse delta, ou seja, esta safra, 2023-24, devemos lembrar que uma parcela da contribuição não é clima e não são tratos, mas sim a idade média do canavial que reduzimos. Ou seja, podemos considerar esse benefício da safra o volume de cana que advém de uma maior parcela de cana plantada que foi colhida, exatamente pelos benefícios que tivemos na safra passada.
Uma revelação de destaque emerge: os primeiros meses de 2023 foram marcados por uma notável turbulência em termos de precipitação. Entre janeiro e março, o plantio da cana-de-açúcar de um ano e meio não pôde ser realizado devido à intensidade das chuvas. Portanto, desde o início, somos levados a considerar a safra 2024-25 com uma vantagem a menos em relação à sua antecessora, a safra 2023-24: a idade média do canavial. Dos 652 milhões de toneladas moídas na safra, que foi uma agradável surpresa, deve-se ao fato de termos enfrentado um início de safra sob um clima específico e terminado com outro cenário climático. Inicialmente, fomos confrontados com um grande volume de chuva, o que dificultou a intensificação das operações mecanizadas, especialmente o plantio. Além disso, em abril, continuou chovendo.
Em resumo, iniciamos a safra de forma indireta, impactados pelas condições climáticas adversas. Contudo, o que merece destaque é a inversão observada no final da safra: em novembro e dezembro, a precipitação ficou abaixo da média histórica, marcando uma clara diferença em relação a dezembro de 2022. Resultando então, nos meses de novembro e dezembro de 2023, em uma baixa precipitação de chuva, aceleramos o volume de cana colhida. Portanto, o clima que prejudicou no início da safra para acelerar a colheita acabou beneficiando no final da safra. Este fenômeno pode ser resumido em dois pontos: a aceleração da moagem no final de dezembro teve um impacto significativo sobre o volume de cana bisada discutido pelo setor, reduzindo-o consideravelmente devido à aceleração da colheita. Outro aspecto a considerar para 2024-25 é que, até o momento, observa-se um volume de chuva acumulado relativamente menor em comparação com o verão anterior. Além disso, iniciamos a safra com uma idade média do canavial já relativamente estável, não tão jovem como foi o caso da safra 2023-24.
Estamos nos aproximando do início da safra 2024-25, com previsão para o início da moagem em março. As perspectivas para esta safra estão sendo discutidas, prevendo-se um desempenho satisfatório, porém sem alcançar novos recordes. Antevê-se que ela possa ser classificada, em termos de moagem, como a segunda colocada em um ranking, ficando atrás da safra 2023-24.
E para dar início em grande estilo, contamos com o ilustre evento do Pecege Consultoria e Projetos, que nos brindará com a Expedição Custo Cana, marcada para o dia 29 de fevereiro. Este evento será uma oportunidade ímpar para discutir as perspectivas para a safra 2024-25 e analisar os custos de produção da safra 2023-24, tudo isso acompanhado por um abrangente panorama de mercado e perspectivas para a próxima safra. Não perca essa chance única de se inteirar sobre os desafios e oportunidades do setor! Inscrições através do site: https://www.custoscana.com.br/
Rosana Baraldi é analista do Compara Usinas do Pecege Consultoria e Projetos
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