Soja intensifica perdas em Chicago nesta 4ª feira e fecha o dia com quase 2% de baixa, acompanhando farelo
As baixas se intensificaram entre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago no início na tarde desta quarta-feira (21) e terminou o dia com perdas na casa dos 20 pontos entre as posições mais negociadas. Assim, o março perdeu os US$ 11,60 e fechou com US$ 11,58, enquanto o maio foi a US$ 11,63. O mercado devolveu as altas da sessão anterior e aprofundou as baixas ainda mais, acompanhando perdas de quase 2% do farelo também na CBOT. A primeira posição perdeu 1,7% para US$ 336,00 por tonelada curta.
Segundo explicou o time da Agrinvest Commodities, parte desta pressão veio "da derrocada do farelo de soja e da queda dos prçeos da soja na China". Ainda de acordo com a consultoria, a demanda enfraquecida pelo derivado na nação asiática por parte do setor da suinocultura local, onde as margens estão negativas e chegam a US$ 21,00 negativos por animal gordo abatido.
"Embora os estoques de ração estejam baixos, o comprador segue buscando produtos substitutos mais baratos em relação ao farelo de soja. Foi reportado nesta semana a compra de farelo de colza, com volume muito parecido ao do farelo de soja, o que mostra que os suinocultores estariam buscando fazer um blend para baratear seus custos", detalha a Agrinvest.
Eduardo Vanin, analista de mercado da consultoria, explica também que a cobertura da China com soja, para março, está baixa ainda. "Mas, isso porque ainda se espera quase 12 milhões como total, o que eu não acredito", diz. "Assumindo que desses 12 milhões o Brasil representa 10 milhões e a China com 78%, então o Brasil precisaria embarcar 12,5 milhões de toneladas em março". E ele ainda complementa dizendo que há relatos de "tradings devolvendo espaço em terminais portuários devido ao prejuízo na originação".
E a quarta-feira foi negativa para todo o mercado de grãos e complexo soja na Bolsa de Chicago. Os futuros do milho cederam quase 2% no encerramento da sessão, além de baixas de 0,8% no óleo e de 0,6% no trigo.
Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, ao menos neste momento, não haveria motivação para mais baixas ainda para os preços da soja na Bolsa de Chicago. "Nestes níveis baixos ele acaba intimidando ainda mais o produtor na decisão de plantar. Se o consumidor global tem interesse em continuar recebendo grãos baratos como está acontecendo agora, ele tem que começar a apostar do lado de cima, ou ele acaba forçando uma queda na área a ser plantada nos EUA que depois reflete em um avanço grande das cotações", explica.
Sobre a demanda, Brandalizze afirma que é possível perceber que os chineses estão mais presentes no mercado brasileiro, pressionando os prêmios por aqui. "Sinal de que eles estão querendo grão. Hoje, a realidade da soja no porto é abaixo dos US$ 11,00, soja barata e isso está trazendo a volta dos compradores, nos próximos dias vamos ver os negócios fluindo", detalha o consultor. "Em Chicago, está perto do limite da baixa".
O consumo de soja pela China, ainda segundo Vlamir Brandalizze, deve passar dos 120 milhões de toneladas, ainda mais sem garantias de como será a nova safra do Hemisfério Norte, que passa por um longo e severo inverno, podendo sentir os efeitos de um novo La Niña.
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